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Por que usinas nucleares causam medo? Série 'Chernobyl' ajuda a explicar

Cena da série Chernobyl; atração está em alta na HBO Max Divulgação/HBO

De Splash, em São Paulo

05/03/2022 04h00

Uma das séries mais vistas e elogiadas de 2019, "Chernobyl", da HBO, está voltando aos assuntos mais comentados com a guerra na Ucrânia e o ataque à usina nuclear de Zaporizhzhya.

O ataque fez o mundo temer uma nova explosão, semelhante à do reator 4 da Usina de Chernobyl em 1986 —mas que poderia ser 10 vezes maior em escala.

Vencedora de dez prêmios Emmy, a minissérie ajudou o mundo a compreender a escala e a dimensão das consequências de uma explosão nuclear.

A série, baseada em relatos em primeira pessoa de sobreviventes do desastre, acompanha desde a explosão aos desdobramentos políticos e governamentais da tragédia.

Em cinco excelentes episódios, o criador e roteirista Craig Mazin, junto ao diretor Johan Renck, acompanha as vidas de homens e mulheres que tentaram conter o desastre —bombeiros, voluntários e moradores das regiões atingidas.

A série também acompanha os esforços governamentais para controlar a narrativa.

Três personagens tomam o centro da narrativa: o cientista Valery Legasov (Jared Harris), a física Ulana Khomyuk (Emily Watson) e o vice-presidente do Conselho de Ministros Boris Shcherbina (Stellan Skarsgård).

Paralelamente, algumas famílias, marcadas pela tragédia, são retratadas na dramatização, deixando escancarados os terríveis efeitos colaterais da radiação. O bombeiro Vasily (Adam Nagaitis) é um dos primeiros a chegar ao local do acidente, e sua história é amplamente retratada.

Série 'Chernobyl' é baseada em relatos em primeira pessoa de sobreviventes do desastre Imagem: Divulgação/HBO

Sua esposa, Lyudmilla (Jessie Buckley), também é exposta a altos níveis de radiação. Grávida, ela enfrenta barreiras para reencontrar o marido.

A trama é amarrada por consequências e causas políticas.

Durante as investigações, Legasov, Ulana e Vasily esbarram em autoridades da União Soviética.

Essas autoridades, figuras poderosas da URSS, desejavam justamente esconder a negligência por trás do acidente e controlar a narrativa sobre o número de mortes causadas pela explosão ou por consequente exposição à radiação.

À luz dos ataques nas proximidades de Zaporizhzhia, as consequências físicas e psicológicas sofridas por aqueles que foram expostos à radiação em 86 acabaram voltando ao imaginário coletivo, tendo em vista justamente o medo que tomou conta do mundo de que algo semelhante pudesse acontecer novamente.

Aliás, vale lembrar: os números de mortes causadas diretamente pelo acidente variam. Oficialmente, o governo soviético reconheceu que o número de mortes diretas era apenas 31.

Estudos mais recentes contestam, e apontam para milhares de mortes diretas ou como consequência do acidente nuclear.

É justamente a grande extensão das consequências de uma exposição a altos níveis de radiação que causa medo e incerteza.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou políticos ocidentais de considerarem uma guerra nuclear, e afirmou:

"Todo o mundo sabe que uma terceira guerra mundial só pode ser nuclear, mas eu gostaria de chamar a atenção está na cabeça dos políticos ocidentais a ideia de uma guerra nuclear, não na cabeça dos russos."

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