'The Dropout': como Elizabeth Holmes enganou o mundo com fraude bilionária
Aos 30 anos, Elizabeth Holmes estava no topo do mundo. Empresária da área de biotecnologia, ela era um dos nomes revolucionários do Vale do Silício. Já chegou a ser comparada a Steve Jobs, foi capa da revista Forbes e sua empresa tinha um patrimônio bilionário. Hoje, Elizabeth é considerada culpada por quatro crimes de fraude, e sua história é a base para uma nova série do Star+, "The Dropout", protagonizada por Amanda Seyfried.
Mas por que sua história é tão fascinante?
Aos 19 anos, em 2003, Elizabeth Holmes abandonou o curso de engenharia química que fazia na Universidade de Stanford para se dedicar à start-up que havia criado, a Theranos. A empresa era um laboratório de exames de sangue, que prometia uma técnica revolucionária de coleta de material e entrega de resultados. Em 2015, ela já estava na lista de 100 pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista Forbes.
Nascida em Washington, nos Estados Unidos, Elizabeth é filha de outro empresário, Christian Rasmus Holmes IV. Seu pai foi vice-presidente da Enron — uma empresa que também foi à falência, graças a um escândalo de fraude fiscal — e depois começou a trabalhar para agências governamentais.
A família, aliás, tem uma veia no empreendedorismo: um dos ascendentes de Elizabeth é Charles Louis Fleischmann, fundador da Fleischmann. Sim, aquela do fermento.
Por que a Theranos era revolucionária?
Elizabeth contava que se inspirou no próprio avô para ingressar no mundo da medicina, e logo descobriu que tinha medo de agulhas. Isso teria sido a sua inspiração para criar a Theranos.
Quando ainda estava na universidade, ela patenteou uma tecnologia que faria o monitoramento do corpo e administração de remédios. Tratava-se de um aparelho que a pessoa usaria e que iria monitorar o sangue e ajustar as doses necessárias de medicamentos.
A ideia era que o aparelho poderia fazer testes e entregar qualquer tipo de resultado retirando uma quantidade mínima de sangue do corpo do paciente. Segundo Holmes, o aparelho seria capaz de detectar de tudo: de câncer a alto colesterol.
Elizabeth conseguiu investidores grandes para sua companhia, na condição de que não precisaria revelar o que há por trás de sua tecnologia e que manteria controle total da empresa. Essa obsessão que Holmes tinha por segredo, inclusive, era algo que gerava comparações com Steve Jobs.
À medida que a empresa crescia, Holmes ganhou atenção da mídia e se tornou uma figura cada vez mais enigmática. Ela desejava que seus funcionários trabalhassem duro como ela e até mesmo se vestia e se portava como Jobs, para manter as comparações.
Em poucos anos, ela acumulou uma fortuna e já foi considerada a mulher mais jovem do mundo a construir seu próprio império bilionário.
Como a fraude foi descoberta?
Em 2015, algumas investigações começaram a alertar Holmes sobre a imprecisão dos testes. Cientistas relataram resultados incorretos e preocupação com a tecnologia utilizada pela Theranos.
Em agosto daquele mesmo ano, a agência federal FDA (sigla em inglês para administração de drogas e alimentos, em tradução livre) começou a investigar a empresa. Logo, os agentes descobriram que existiam muitas imprecisões nos testes realizados em pacientes.
A coisa ganhou repercussão quando o repórter John Carreyrou, do Wall Street Journal, expôs as falhas técnicas da Theranos em uma série de reportagens. Os resultados dos testes não condiziam com a verdade.
Carreyrou descobriu que a tecnologia que a Theranos dizia usar não fornecia resultados corretos, e que a empresa estava realizando os testes em máquinas usadas por companhias tradicionais.
Apesar de tentar se defender, Holmes foi investigada e, pouco tempo depois da reportagem, o valor de seu patrimônio foi drasticamente reduzido.
Ela foi acusada de fraude e, em 2018, a empresa foi dissolvida. Holmes e seu principal parceiro, Ramesh "Sunny" Balwani, indiciados e processados por lesarem investidores e pacientes.
A empresária passou por julgamento iniciado em julho de 2021. Em janeiro deste ano, foi considerada culpada por quatro crimes de fraude e conspiração.
Agora, ela enfrenta a possibilidade de ficar 20 anos na prisão, podendo recorrer, e ainda precisa pagar uma multa e indenizar vítimas. Por enquanto, ela permanece livre, já que a sentença será dada somente em setembro.
Enquanto isso, a dramatização sobre sua história já chegou ao streaming. "The Dropout" é inspirada em um podcast homônimo da ABC News, e terá oito episódios no total. Além de Seyfried, o elenco conta com Naveen Andrews como Sunny Balwani, Laurie Metcalf, Sam Waterston e William H. Macy, e os episódios inéditos chegam ao Star+ sempre às quartas-feiras.
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