'How I Met Your Father' homenageia série original em sátira sem graça
"How I Met Your Mother" foi lançado em 2005 e preencheu o espaço vazio que "Friends" deixou ao acabar, em 2004. Ao longo de nove temporadas, acompanhamos a trajetória de Ted Mosby (Josh Radnor) à procura da futura mãe de seus filhos. Com o protagonista, conhecemos também o casal carismático Lily Aldrin (Alyson Hannigan) e Marshall Eriksen (Jason Segel), o playboy mulherengo Barney Stinson (Neil Patrick Harris) e a apaixonante Robin Scherbatsky (Cobie Smulders).
No entanto, ao ser encerrada, em 2014, a série não agradou a boa parte dos fãs, que reclamou de uma temporada final corrida e um episódio final incoerente.
Oito anos se passaram, e a produção ganhou uma chance de se redimir. Chega ao Star+ no próximo dia 9 de março a série "How I Met Your Father", que, inclusive, já foi renovada para a segunda temporada. Estrelada por Hilary Duff, a produção agora acompanha, a partir da perspectiva feminina, a jornada da jovem Sophie para encontrar o amor de sua vida, o futuro pai de seu filho.
Já se passaram quase 20 anos desde o lançamento de "How I Met Your Mother", por isso, transportar uma história daquela época para os moldes de hoje em dia não era uma tarefa fácil. Afinal, assim como "Friends", o grupo de amigos principal era extremamente homogêneo: pessoas brancas, heterossexuais, dentro do que era considerado padrão de beleza. Ao retratar a vida em 2022, não seria possível — nem mesmo aceitável — que não fosse introduzida diversidade à trama.
Assim, mesmo com uma mulher branca e loira como protagonista, "How I Met Your Father" tenta fugir do que nos acostumamos a assistir, com uma gama de coadjuvantes um pouco mais diversificada, composta por pessoas não brancas, não heterossexuais e com menos (bem menos) posicionamentos machistas. O fato de agora acompanharmos uma mulher em busca do par perfeito, é claro, torna mais fácil não cair em discursos questionáveis, como era comum na série original — principalmente com as atitudes de Barney, que tinha como esporte favorito objetificar mulheres. Agora, quem vive o personagem com uma vida sexual mais ativa é Francia Raísa, que dá a vida a Valentina, a melhor amiga de Sophie.
Para os fãs saudosos de "How I Met Your Mother", a nova série deixa algumas referências ao longo dos episódios, como o apartamento de Marshal e Ted agora ser alugado por Jesse (Chris Lowell) e Sid (Suraj Sharma), dois dos novos personagens que, de maneira simplória, seriam a nova versão de Robin e Marshal. Além desses pequenos acenos aos fãs, é possível também lembrar da série original em "How I Met Your Father" quando assistimos a Sophie mais velha (interpretada por Kim Catrall, a Samantha Jones de "Sex and the City") contando a história de como conheceu o pai do filho, assim como escutávamos Bob Saget narrar às crianças suas peripécias para chegar até a mãe delas.
O problema de "How I Met Your Father" mora justamente nessas referências à série original, pois o sentimento de nostalgia e a tentativa quase que desesperada da produção de alcançar o sucesso de "How I Met Your Mother" não deixa com que o novo título caminhe sozinho. Ele até tenta mostrar que usa a história de Ted Mosby apenas como inspiração, mas não faz sentido quando quase tudo da narrativa parece tentar imitar de alguma maneira, mas mudando alguns pontos cruciais para não deixar tão explícito. É o famoso "copia, mas não faz igual".
A impressão que passa ao espectador é a de que, introduzindo novos personagens, uma nova perspectiva e diversidade, você já consegue toda uma nova série, tão interessante e cativante quanto a original. Mas não é o que acontece, pois "How I Met Your Father" se perde em sua homenagem à série de 2004 de tal maneira que se assemelha a uma sátira sem graça, pois nem mesmo o humor da produção acerta. Ela tenta não ser moralista ao mesmo tempo em que foge dos problemas anteriores, ficando em um meio-termo sem sal.
"How I Met Your Father" tenta reviver a ideia de comédia de situação em que acompanhamos um grupo de amigos, mas mostra que talvez o formato não faça mais sentido em 2022. Para realmente fazer diferença para o público, é preciso originalidade e carisma — o que faltou muito na produção.
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