Como Evan Rachel Wood usa história com Marilyn Manson para ajudar mulheres
De atriz mirim a uma das vozes mais ativas de Hollywood contra abuso e agressão sexual, Evan Rachel Wood tem uma longa trajetória em frente às câmeras. Filha de dois atores, ela cresceu nos bastidores das filmagens antes de ganhar projeção global quando estrelou o drama adolescente "Aos Treze" (2003), com 15 anos.
Hoje aos 34 anos e estrela da série "Westworld", da HBO, Wood é muito lembrada pelas denúncias de agressão que fez contra o cantor Marilyn Manson, com quem teve um relacionamento entre 2007 e 2010. Agora, ela se prepara para contar a sua jornada de sobrevivência na série documental "Phoenix Rising", que estreia na HBO e na HBO Max, em dois episódios, nos dias 14 e 15 de março.
Mas como foi o relacionamento entre Wood e Manson?
Os dois se conheceram em 2005, em uma festa no hotel de luxo Chateau Marmont, em Los Angeles. Ela aos 19, ele aos 36 e, na época, casado com Dita Von Teese. O relacionamento entre Mason e Wood foi oficializado em 2007.
A relação não foi bem vista pelo público. Em entrevistas concedidas na época e posteriormente, Evan contou que estava em busca de "perigo" e encontrou alguém que ofereceu "liberdade de expressão".
Pouco tempo depois, ela começou a aparecer nos trabalhos musicais de Manson e estrelou o videoclipe de "Heart-Shapped Glasses". Naquele mesmo ano, o cantor concedeu uma entrevista dizendo que ela foi a inspiração para a música.
Mais tarde, ela o acusaria de tê-la estuprado em frente às câmeras durante as filmagens.
"Quando eu a vi usando aquele par de óculos em formato de coração, a primeira coisa que disse a ela foi: 'Se você partir meu coração, eu quebro os seus óculos'. E eu disse isso da forma mais violenta possível, mas também romântica", justificou o cantor em entrevista.
Se, anos mais tarde (mais precisamente, em 2016), Evan viria a público para contar em uma extensa entrevista sobre os abusos físicos e psicológicos que sofreu (incluindo ficar presa e ter sua vida ameaçada), na época ela defendia Mason e afirmava que a relação era saudável. Ela descrevia o então namorado como "amável" e "louco", o que era, segundo ela, o maior dos elogios.
Os rumores sobre agressão e abuso começaram em 2008, quando os dois romperam o relacionamento e surgiram boatos de que Marilyn havia expulsado o irmão de Evan de sua mansão. Ela chegou a defendê-lo e dizer que as acusações eram falsas.
No ano seguinte, o próprio cantor revelaria o que, posteriormente, seria entendido como abuso emocional. Ele contou para a revista Spin que ligou para ela 158 vezes após o término e que chegou a cometer atos de violência contra si mesmo.
Eu queria que ela visse a dor que me causava. Queria que ela entendesse, fisicamente, o que havia feito.
Marilyn Manson
O "vai e volta" terminou em 2010, quando os dois ficaram noivos, mas romperam de vez cerca de oito meses depois. Nesse período, Evan atuou nas séries "Mildred Pierce" e "True Blood", da HBO, mas ficou por muito tempo reclusa da grande mídia.
Quando Evan resolveu falar?
Em 2016, a atriz de "Across the Universe" estampou a capa da edição de novembro da revista Rolling Stone e contou que havia sido estuprada duas vezes. Ela denunciou uma série de abusos em um relacionamento e disse que já havia sido agredida em outras ocasiões.
Durante muito tempo, Evan não revelou quem eram os abusadores que denunciava, e explicou que o processo era "emocional e financeiramente desgastante".
Mesmo assim, ela começou a usar sua voz para ajudar outras sobreviventes de abuso sexual. Em 2018, ela deu um depoimento diante do congresso, a favor de uma lei que garantiria direitos para sobreviventes de violência a nível federal nos Estados Unidos — ou seja, para todos os territórios.
No depoimento, a atriz deu mais detalhes sobre o que havia vivido. Ela revelou:
"Começou lentamente, mas foi aumentando ao longo do tempo, incluindo ameaças contra a minha vida, gaslighting, agressões e ser acordada por um homem que dizia me amar enquanto estuprava o que acreditava ser meu corpo desacordado."
Ela continua: "E o pior de tudo: rituais doentios em que eu era amordaçada e presa, torturada física e mentalmente até que meu abusador estivesse convencido do meu amor."
Enquanto eu era agredida e ouvia coisas indizíveis, eu sentia que poderia morrer. Não apenas porque ele dizia que poderia me matar, mas porque eu sentia que já estava com muito medo para correr.
Evan Rachel Wood
Foi a partir disso que Evan se transformou numa voz expoente pelos direitos de sobreviventes de abuso doméstico.
Em 2019, ela criou o "Phoenix Act", um projeto de lei para acabar com os ciclos de violência doméstica ao criar novas legislações em todos os territórios estadunidenses. Naquele mesmo ano, o projeto tornou-se lei no estado da Califórnia, e o objetivo, agora, é fazê-lo valer em todo o país.
Foi só em fevereiro do ano passado que Evan acusou publicamente Marilyn Manson de ter sido seu abusador. Foi a primeira vez que ela confirmou a identidade da pessoa que vinha acusando havia anos de tê-la agredido. Depois de sua acusação formal, outras mulheres vieram a público e denunciaram que sofreram abusos e agressões também cometidos por Manson.
Hoje, Manson nega as acusações e move uma ação judicial contra a atriz pelas denúncias, que afirma serem falsas.
Já a atriz, que em breve viverá Madonna em um filme estrelado por Daniel Radcliffe sobre o músico Weird Al (como visto na imagem acima), se prepara para contar a história de como transformou sua jornada no projeto de lei Phoenix Act no documentário da HBO.
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