Por que ainda amamos tanto 'De Repente 30', 18 anos depois?
Jennifer Garner e Mark Ruffalo são atores com currículos recheados de grandes papéis. Ele, o nosso Bruce Banner (o Hulk, do Universo Cinematográfico Marvel). Ela, estrela da série "Alias" e quatro vezes indicada ao Emmy.
Mesmo assim, é um outro filme que fizeram juntos que parece nunca parar de persegui-los. E, quase 18 anos depois, "De Repente 30" ainda desperta fortes emoções nos apaixonados pela história de Jenna Rink e Matt Flamhaff.
Mas por que amamos tanto este filme?
Lançado em 2004, o longa escrito por Josh Goldsmith e Cathy Yuspa (de "O Que as Mulheres Querem") conta a história de uma adolescente que, aos 13 anos, só sonha em chegar logo aos 30 para ser uma adulta confiante, dona de si e bem-sucedida.
Quem nunca?
Acontece que o seu desejo se torna realidade, e ela acorda na manhã seguinte em seu grande apartamento de adulta em Nova York, tendo a vida que sonhava ter. Um namorado bonito, uma casa bonita e bem decorada, uma carreira de sucesso em uma cultuada revista de moda.
O problema é que a Jenna de 13 anos não gosta nem um pouco da pessoa em quem a Jenna de 30 se transformou.
A história é costurada por um romance, já que o melhor amigo de infância de Jenna nutria sentimentos por ela desde aquela época, mas ambos acabaram se afastando na vida adulta justamente pelas transformações pelas quais ela passou.
Neste sentido, a evolução da personagem no filme acontece à medida em que ela vai se reconectando com a garota que era no passado. Ela lamenta ser uma adulta que não tem muitos amigos, que não conversa com os pais e que tem um relacionamento amoroso que considera superficial.
No fim das contas, Jenna até conseguiu se tornar a adulta que queria, mas isso não a transforma necessariamente em uma pessoa melhor.
Em entrevistas, Garner e Ruffalo — que voltam a atuar juntos no filme "O Projeto Adam", que chega hoje à Netflix — não escondem o carinho que ambos também mantêm por "De Repente 30". Os dois até reproduziram uma imagem de seus personagens do filme, e a atriz já chegou a comentar que estaria disposta a fazer uma continuação.
Já pensou em um "De Repente 50"?
Nostalgia e reflexões
Ainda que a comédia romântica seja um gênero usualmente visto como superficial e sem grandes questionamentos, as melhores delas vão pelo caminho oposto e conseguem, através da leveza e de uma narrativa dinâmica, debater assuntos densos e que conversam diretamente com o público.
No caso de "De Repente 30", o filme lida com muitos dos grandes medos e traumas de garotas adolescentes — das meninas malvadas do colégio ao estranho início da puberdade. A Jenna adolescente só quer passar por essa fase rapidamente e chegar em seu auge.
Mas ela aprende que ser uma mulher adulta não a transforma automaticamente em uma pessoa que sabe de tudo.
E o segredo do sucesso do filme está justamente aí: quando Jenna reflete sobre não ser a mulher que sua versão adolescente gostaria de ser, provoca o público automaticamente a fazer a mesma indagação.
Por isso, mesmo quase duas décadas depois do lançamento, o romance continua falando diretamente com adultos (os millennials) que se identificam tanto com Jenna.
Ao acordar aos 30 anos com a mentalidade de uma garota de 13, Jenna comete alguns equívocos quanto ao que entende-se por "pré-requisitos para uma mulher adulta".
Coincidentemente, ou não, a geração de jovens e adultos com que o longa dialoga é uma que vive este mesmo dilema, sendo até acusada pela geração que a sucede de "não crescer" e se apegar à adolescência em demasia
No entanto, refletir sobre a história de Jenna em "De Repente 30" vai além disso.
Tudo o que ela desejava ter aos 13 anos, sua versão de 30 alcança. Mas, ao longo do filme, ela vai descobrindo que aquilo não é exatamente o que ela queria de verdade, e é aí que entendemos a verdadeira mensagem da história: Jenna sonhou tanto com a vida perfeita que acabou se esquecendo de construir uma vida de que realmente gostasse.
Por isso, muitas pessoas veem o filme com este mesmo olhar, e aproveitam para avaliar se as suas vidas adultas são o que suas versões adolescentes gostariam ou esperavam que fosse.
Esta espécie de autoavaliação, feita de forma leve mas contundente, é um dos motivos que fazem de "De Repente 30" um filme tão atual, mesmo 18 anos depois de seu lançamento. O longa, além de passar pelo cruel teste do tempo, resiste às novas gerações e continua tendo uma reflexão genuína e que provoca o público.
Agora, com a dupla de volta em "O Projeto Adam", dá para matar a saudade e imaginar como Jenna e Matt estariam na atualidade. Será que a vida de casal feliz permaneceu?
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