Glória Maria quer viajar para Marte em sua reportagem de despedida
A jornalista Glória Maria, 72 anos, contou o tipo de matéria especial que está pensando em fazer ainda em sua carreira.
"Tô querendo ir para Marte numa dessas maquinas aí. Seria um grande presente da Globo, tomara que tenha algum poderoso ouvindo a gente", brincou a jornalista no "Roda Viva" (TV Cultura) de hoje.
"Se tiver alguém ouvindo, deixa eu ir, seria minha grande matéria final. Seria um grande presente da Globo depois desses anos todos", brincou.
O assunto surgiu durante a sabatina quando Glória foi perguntada sobre ter sofrido censura. Ela respondeu de forma enfática:
"Censurada eu nunca fui porque nunca dei tempo pra censura. Nunca ninguém me falou 'Isso você não pode'. Tem umas coisas que eles acham falta de juízo , coisas perigosas", contou, se referindo ao desejo de ir à Marte.
No programa, a jornalista falou ainda sobre racismo.
Tumor no cérebro
Em 2019, Glória passou por uma cirurgia de emergência para retirar um tumor no cérebro. Ela contou que a situação não a deixou com medo.
"Não tive medo, eu não pensei na possibilidade do fim, nem por um segundo. Eu sei que eu estava viva, com o diagnóstico de um tumor no cérebro. Se eu não tivesse descoberto, ele me mataria em 15 dias. Ele criou um edema em volta e esse edema inflamou e me fez ter uma convulsão - que não deixou sequelas. Eu tinha 30 ou 40% de sobreviver e 20 de sobreviver sem sequelas, mas não tive medo porque a vida é isso", contou a jornalista.
A vida é feita de nuvens rosas e cinzas e eu aprendi ao longo da minha a conviver com as duas. (...) Não consigo viver pensando no pior, mas também não penso no melhor, pense no que é a vida e a vida é assim, pra ser vivida e as vezes ela é bonita".
Ela contou ainda um fato curioso da situação: o cantor Roberto Carlos foi a primeira pessoa que a ligou após a cirurgia.
"Quando eu tirei meu tumor, depois de dois dias na CTI, incomunicável, eu estava saindo de maca, tocou o telefone. Era o Roberto Carlos. Ele foi a primeira pessoa que eu falei e ele só dizia: 'Glorinha, estou orando por você. Você vai sair dessa, não se preocupe, não vai ser um problema. Você vai sair'. E eu não sabia o que falar, eu não conseguia falar".
Quando chegou no quarto, ele me ligou de novo perguntando o que eu precisava e eu disse que não precisava de mais nada porque ele tinha me dado o que eu precisava: amor e carinho.
"Quando você tem isso, não precisa de mais nada, porque você não cria só laços profissionais, você cria laços de vida que vão muito além do que qualquer pessoa pode imaginar", finalizou.
Modo de encarar a vida
"Sempre sou pessimista, se não, não estaria viva depois de ter tido um tumor no cérebro esquisito, mas ao mesmo tempo, sou realista", falou, reforçando que a humanidade, ao mesmo tempo em que faz muitos avanços, ainda não consegue avançar em questões como a cura do câncer.
Quanto mais a gente caminha, mais a gente fica esquisito. Estamos à beira de uma guerra nuclear. Como a gente pode ser totalmente otimista? A gente tem que ser, mas sabendo pra onde olhar. (...) Eu aprendi a ser real. Adoraria ser uma Poliana, mas a vida, o mundo, a história não me permitem ser assim".
Guerra
Glória contou ainda sobre ter participado de uma cobertura de guerra e revelou que não faria isso novamente.
"Foi um desafio, eu pedi para ir. Só iam homens, o tempo inteiro desde que a guerra começou. Eu estava muita dividida. Eu queria ir, mas estava com medo e uma coisa que eu tenho exercitado ao longo da vida é que o medo não pode me paralisar. Aí todo dia, eu ia na sala do editor e pedia para ir. Ai ele disse 'Chega de me encher o saco' e falou para ir. Eu tremei na base, mas não podia recuar", contou.
Hoje só não vou por causa desse problema de saúde, se não tivesse passado por isso, eu iria. Estou mais frágil, não teria muita resistência pra fugir de um tiro, uma bala, um canhão. A sabedoria de viver é você não estacionar e eu nunca estacionei o que me deixa viva, o que me dá prazer é a mudança".
Fatos marcantes e jeito especial
Glória classificou o seu jornalismo como diferente devido a abordagem.
"O que me interessa, sempre me interessou, é gente, cultura, histórias. Minhas matérias são feitas a base do sentimento, do ser humano. Quero conhecer almas, me preocupo com emoções".
Ela lembrou, por exemplo, da vez em que fumou maconha em uma reportagem.
"Ele (o chefe da tribo rastafari) achou que eu não ia aguentar porque ele foi malandro, queria me ver dura. Só que eu não ia cair. Quando ele me deu, ele apertou, bateu, pois eu puxei duas vezes e aguentei", brincou.
A jornalista relembrou ainda a vez que em andou na Ferrari de Ronaldo e teve "problemas" porque o carro quebrou por baixo devido as ruas da Barra. "Eu infernizei a vida dele", brincou Glória.
Ela justificou sua vocação e desenvoltura. "Eu comecei com o crescimento da TV. Eu não tive que aprender. Comecei sem que o repórter aparecesse, eu não tinha nenhuma referência. Então, eu fui criando o meu jeito, como outros foram também. Nós, que fomos do núcleo inicial, cada um teve a liberdade de criar o seu próprio estilo", explicou.
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