De filme da Xuxa a indicado ao Oscar: os filmes acusados de pedofilia
Cinco anos após lançar o filme "Como se Tornar o Pior Aluno da Escola", Danilo Gentili se viu sendo atacado por perfis bolsonaristas nas redes sociais. Deputados, influenciadores e outras pessoas criticaram uma cena com o ator Fabio Porchat que envolvia uma piada com pedofilia.
Em entrevista a Splash, Gentili, autor do livro que deu origem ao longa de 2017, disse ter "orgulho" em ter conseguido "desagradar" e citou a palavra "falso moralismo".
A obra não é a única que já causou polêmica com o tema da relação entre maiores e menores de idade. Na história do cinema, diversos outros filmes tiveram acusações parecidas, inclusive em lançamentos mais recentes.
"Licorice Pizza" (2021)
Recém-lançada no Brasil, a mais nova produção do renomado cineasta Paul Thomas Anderson foi acusada por diversos tiktokers nos Estados Unidos de glamourizar a pedofilia. Na trama, acompanhamos a paixão de um jovem menino de 15 anos por uma menina de 25 anos (que também diz ter 28). Eles vivem uma trajetória de idas e vindas, mas sempre com um romance entre o casal.
Entre os influenciadores dos Estados Unidos, alguns fizeram campanha para que as pessoas não assistissem o filme, indicado a três categorias no Oscar 2022. Além da diferença de idade, as críticas falam que a pedofilia é tratada como comédia e que o diretor trabalha a relação como sexual em certos momentos. Paul Thomas Anderson não comentou as acusações.
"Lindinhas" (2020)
Outro caso que ficou bem reconhecido com o tema recentemente foi esse filme francês da diretora Maïmouna Doucouré, lançado pela Netflix. Vencedor do Festival de Sundance em 2020, o longa começou a virar alvo de ataques após a divulgação de um pôster com pequenas meninas de roupas curtas. O assunto chegou a ficar entre os mais comentados no Twitter na época da divulgação, com muitos pedindo até mesmo o banimento no streaming.
Na história, uma menina de 11 anos, de origem senegalesa, vai para a França com familiares e acaba participando de um grupo de dança sensual. A situação não é aprovada pela família, conservadora e religiosa.
Apesar da polêmica, a diretora Doucouré, que chegou a receber ameaças de morte, disse que o filme é, na verdade, uma crítica à sexualização infantil.
"Terror Sem Limites" (2010)
Conhecido também pelo título original de "A Serbian Film", essa obra do sérvio Srdjan Spasojevic ficou marcada por muitos como um dos filmes mais "perturbadores de todos os tempos". Isso porque há cenas explícitas de estupro, incesto, necrofilia e pedofilia.
Quando chegou por aqui, em 2011, diversos grupos protestaram contra o lançamento. Assim, o Ministério Público de Minas Gerais tinha recomendado a proibição de exibição por apologia à pedofilia. O Ministério da Justiça, então, chegou a suspender a apresentação no país. Ele foi liberado por uma semana com classificação indicativa para 18 anos, mas depois acabou censurado novamente. A permissão para exibição só veio mesmo em 2012.
"A Caça" (2012)
Lançado em 2012 pelo dinamarquês Thomas Vinterberg, o longa teve acusações de pedofilia apenas pela sinopse. Na história, vemos a vida de um homem ruir por completo após a acusação de abuso sexual com uma menina de cinco anos na creche em que ele começou a trabalhar.
Apesar das considerações antes de assistir, muitos elogiam o tratamento ao tema dado pelo filme. Isso porque é apresentado logo no começa que o protagonista não praticou nenhum ato pedófilo. Assim, todo o julgamento da sociedade após a acusação se torna o grande ponto-chave do enredo.
"Amor Estranho Amor" (1982)
O polêmico filme estrelado por Xuxa Meneghel retratava uma prostituta, vivida pela apresentadora, que se envolvia com um menino de 12 anos. Em entrevista ao UOL, em 2020, a Rainha dos Baixinhos defendeu o longa. "Quem não viu, veja o filme. É um filme muito legal. Aquilo lá é uma ficção, não é a minha biografia e no mundo que a gente está vivendo, as pessoas querem me atingir falando sobre o filme. E não me atinge, porque aquilo lá é uma ficção", disse na ocasião.
"Lolita" (1962)
Toda vez que a palavra pedofilia aparece referente a produções culturais, o nome Lolita vem na cabeça. A personagem, que apareceu no livro de mesmo nome do russo Vladimir Nabokov, sempre foi cercada de polêmicas. Alguns acham que se trata de uma crítica da sexualização e romantização feminina. Outros dizem que é uma obra assumidamente pedófila. Grupos religiosos tentaram impedir a adaptação, inclusive.
De toda forma, o filme de Stanley Kubrick da década de 1960 deixa a trama ainda mais nebulosa, o que levantou ainda mais questionamentos. A trama fala de um professor que muda para os Estados Unidos e se casa, mas acaba se apaixonando pela filha da mulher, de apenas 12 anos, que tem o nome, justamente, de Lolita.
A história, seja do livro ou do filme, gera discussões acaloradas até hoje em dia, inclusive no meio acadêmico.
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