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Porchat sobre filme de Gentili: 'Não faz apologia e mostra mundo perverso'

Fabio Porchat comentou sobre suspensão da disponibilização do filme em entrevista ao Jornal Nacional - Reprodução/TV Globo
Fabio Porchat comentou sobre suspensão da disponibilização do filme em entrevista ao Jornal Nacional Imagem: Reprodução/TV Globo

De Splash, em São Paulo

15/03/2022 22h11

Fábio Porchat revelou espanto após o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinar a suspensão da disponibilização, exibição e oferta do filme "Como se tornar o pior aluno da escola", produção de 2017 de Danilo Gentili que voltou a ser associada à pedofilia por perfis bolsonaristas.

O ator interpreta o personagem Cristiano, vilão que está envolvido na cena criticada por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) nos últimos dias. Ele falou sobre o assunto em vídeo exibido no "Jornal Nacional" (TV Globo).

Eu interpreto um vilão. É um personagem mau, que faz coisas horríveis. Um vilão pode ser racista, nazista, machista, pedófilo, matar ou torturar pessoas. Quando isso aparece em um filme, não quer dizer que estamos fazendo apologia.
Fábio Porchat

"Não é um incentivo ao que o vilão está praticando, mas sim um mundo perverso sendo revelado ao público. Existem momentos em que é duro assistir. Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante é", completou.

O apresentador William Bonner destacou na sequência que, segundo juristas ouvidos pelo telejornal, a ordem do ministério fere a Constituição Federal.

"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença", diz o inciso 9 do artigo 5º.

O documento divulgado hoje determina que Netflix, Telecine, Globoplay, YouTube, Apple e Amazon suspendam a exibição e oferta do filme, "tendo em vista a necessária proteção à criança e ao adolescente consumerista".

Caso as plataformas não cumpram a determinação em cinco dias, será aplicada multa diária no valor de R$ 50 mil.

Entenda o caso

Os nomes dos humoristas Danilo Gentili e Fabio Porchat ficaram entre os assuntos mais comentados do Twitter no último domingo (13) devido às acusações de incentivo à pedofilia pelo filme "Como se Tornar o Pior Aluno da Escola". Por esse motivo, a plataforma de streaming Netflix também foi alvo de críticas.

Quando lançado, o longa-metragem mirim já havia sido alvo de polêmica por uma cena de cunho sexual que envolve Porchat.

Na ocasião, Adriana Munhoz, mãe do ator Bruno Munhoz, com 13 anos na época, não escondeu sua preocupação com as cenas mais pesadas do filme, uma delas, justamente, com conotação sexual.

"Qual me chocou mais? A cena do Porchat, eu não tinha visto pronta, sabia mais ou menos como seria, mas depois de ver pronta foi mais tranquilo. Era uma cena que preocupava sim", admitiu a mãe de Bruno, em entrevista ao UOL.

Em "Como se Tornar o Pior Aluno da Escola", Fabio Porchat interpreta Cristiano, um homem com desvios sexuais e dono do caderno que o ex-colega (papel de Danilo Gentili) roubou na escola para escrever o guia de "pior aluno", encontrado pelos protagonistas Pedro (Daniel Pimentel) e Bernardo (Bruno Munhoz).

Agora, o longa voltou a ser assunto nas redes sociais, dentro de um contexto político, com perfis bolsonaristas e de políticos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) criticando a produção.

Em meio ao burburinho gerado, houve quem apontasse a hipocrisia desses mesmos críticos de agora, que antes aplaudiam Gentili, na época em que ele era apoiador do então candidato.