Repórter que protestou contra Putin pode ser condenada a 15 anos de prisão
A repórter russa Marina Ovsyannikova, de 44 anos, que ganhou notoriedade internacional ao protestar ao vivo contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, devido à guerra travada entre seu país e a Ucrânia, pode pegar até 15 anos de prisão por espalhar informações "falsas" em relação ao confronto armado entre as duas nações.
Pelo protesto, a jornalista foi condenada a pagar 30 mil rublos (R$ 1,3 mil na atual cotação) por ter realizado uma "manifestação não autorizada".
No entanto, segundo informações da CBS News, Marina enfrenta "sérios riscos" de ser sentenciada à prisão, devido ao fato de a Rússia ter aprovado recentemente uma lei que proíbe a população de falar sobre a guerra — conforme a legislação russa, os habitantes sequer podem usar os termos "guerra" ou "invasão" para se referirem ao conflito armado. Após a deflagração do confronto, milhares de pessoas já foram presas por manterem uma postura anti-guerra.
Desde o início da guerra no mês passado, quando Moscou deu início as investidas para chegar à Kiev, o Kremlin tem usado as emissoras de TV russas para justificar o conflito a uma tentativa de libertar os ucranianos dos "neonazistas".
Conforme a CBS, boa parte das agências de notícias que atuam de forma independente na Rússia foram fechadas e seus jornalistas "forçados" a parar de trabalhar — muitos deles, inclusive, chegaram a fugir para outros países.
Marina Ovsyannikova, que é filha de um ucraniano, chamou a atenção ao invadir um telejornal do canal estatal Channel One Russia, visto diariamente por milhões de telespectadores. Na ocasião, ela segurava um cartaz que dizia: "Pare a guerra. Não acredite em propaganda. Eles estão mentindo para você aqui".
Posteriormente, ela passou 24 horas desaparecida e, ao surgir novamente, pediu demissão da emissora.
Agora, ela está sendo acusada de ser uma espiã atuando a favor do Reino Unido e, em entrevista à Reuters, ela admitiu que teme por sua segurança, mas espera que seu protesto não seja em vão e que os russos abram seus olhos para a propaganda do Kremlin.
"Eu acredito no que eu fiz, mas agora entendo a escala dos problemas que eu vou ter que lidar e, claro, estou extremamente preocupada com a minha segurança. Eu não me sinto como uma heroína... você sabe, eu quero realmente sentir que esse sacrifício não foi em vão, e que as pessoas abram seus olhos", declarou.
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