Fã que entregou bandeira de Lula a Pabllo critica decisão do TSE: 'Censura'
Quando Saymon Souza ganhou um ingresso de uma amiga para ir ao Lollapalooza, ele apenas ficou em êxtase com a possibilidade de ver ao vivo Pabllo Vittar. Depois, veio a ideia de trazer uma bandeira com o rosto do ex-presidente Lula, já que o fã —assim como a cantora— é do Maranhão e diz ter muita gratidão pelos governos do PT. O que ele não esperava era a consequência após o gesto dele de entregar a bandeira nas mãos da artista.
"A simbologia de ela estar ali no primeiro show dela no Lollapalooza, no momento que estamos vivendo segurando essa bandeira com o rosto dele, eu sabia que isso não ia ser qualquer coisa. Sabia que isso ia ter uma repercussão. Mas nunca imaginei que seria do jeito que foi, que pegaria até o partido do Bolsonaro e teria essa decisão do TSE", diz Saymon em entrevista a Splash.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acatou parcialmente a um pedido do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, de proibir manifestações políticas de artistas no Lollapalooza, o que configuraria propaganda eleitoral antecipada, já que as eleições acontecem em outubro deste ano. Juristas avaliam a decisão como incorreta. O fã que entregou a bandeira a Pabllo considera censura.
"É uma decisão absurda, eu chamo de censura. Porque muitos apoiadores do Bolsonaro andam com bandeirinha, com cartaz, fazem manifestações antidemocráticas pedindo a volta da ditadura, pedindo o fechamento do STF. É muita hipocrisia. Quando eu soube que o TSE acatou foi o que mais me chocou, porque vindo do Bolsonaro isso não me surpreende, mas o TSE acatar isso sim."
Saymon Souza tem 23 anos e é produtor audiovisual. Ele é nascido no Maranhão, mas hoje mora em Santos (SP). "Eu sou do Maranhão e a Pabllo é do Maranhão. Muita gente que é do Norte e do Nordeste tem críticas, mas tem uma enorme gratidão pelos governos do PT, principalmente o governo Lula."
A decisão de levar a bandeira (que na verdade é uma toalha) com o rosto de Lula para o festival foi justamente para conscientizar o público presente, muitos jovens entre 16 e 18 anos, da importância de cada voto. Uma campanha que também têm sido encabeçada por diversos artistas.
"Nesse momento que a gente está vivendo é muito importante se posicionar. Estamos com uma taxa alta de jovens que não estão tirando o título [de eleitor], e a única maneira que a gente tem de sair da trévoa e do momento sombrio que estamos vivendo no Brasil é através do voto", conclui.
"Lulapalooza"
A fotógrafa Camila Rocha foi outra fã de Pabllo Vittar que levou uma bandeira de Lula —idêntica à de Saymon— para o primeiro show da drag queen na versão brasileira do festival. Apoiadora do ex-presidente e atual candidato ao cargo pelo PT, ela também quis se posicionar em ano de eleição.
"Eu comprei a toalha justamente pra propósitos políticos. Ir ao parque, a praia, usar de canga. Comprei na shopee por R$ 20", esclarece.
Uma foto compartilhada com a bandeira nas redes sociais da fotógrafa viralizou entre seus amigos e seguidores. Muitos entenderam que Pabllo Vittar teria pego a bandeira das mãos de Camila. A fã explicou o mal entendido, mas também se indignou com a decisão do TSE.
"Eu não tenho conhecimento Jurídico nem nada, mas essa decisão do TSE pra mim é ilegal e censura, né? Ridículo. Tanta coisa para o presidente se preocupar e vai barrar manifestação política legítima."
Camila, que veio ao Lollapalooza na sexta-feira (25) e no sábado (26), diz ter visto outras pessoas com a mesma bandeira de Lula circulando. Um sinal de que o público não deve se calar, mesmo diante da decisão do TSE de silenciar os artistas. Para Saymon, dono da bandeira que foi parar nas mãos de Pabllo, a decisão servirá como estímulo.
"Agora que essa censura se instaurou de fato as pessoas não vão se calar e vai tomar uma proporção muito maior a partir de um gesto que eu fiz sem nem pensar que ia tomar essa proporção."
Decisão liminar do TSE veta manifestação política no Lolla
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entendeu que as manifestações de Pabllo Vittar e Marina durante os shows no Lollapalooza, na sexta-feira (25), se enquadram como propaganda eleitoral e vetou novos atos políticos no festival.
A decisão liminar do ministro Raul Araújo determinou multa de R$ 50 mil para a organização do festival caso outros artistas se manifestem politicamente no evento.
Os dois primeiros dias do Lollapalooza foram marcados por protestos políticos feitos por artistas.
O rapper paulista Edgar fez duras críticas a Jair Bolsonaro, enquanto a banda Detonautas chegou a exibir uma foto do presidente no telão durante um discurso político. Em determinado momento, o público presente começou a gritar "ei, Bolsonaro, vai tomar no c*".
Quando foi a vez de Pabllo Vittar, que nunca escondeu seu posicionamento político, ela gritou "Fora, Bolsonaro", seguido de um espacate.
Antes de deixar o palco, a artista maranhense desceu até a plateia e ergueu uma bandeira com a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que lhe foi entregue pelo fã Saymon Souza.
"Foda-s* Putin e foda-s* Bolsonaro", gritou a artista durante a performance da música "Man's World".
Na sequência, o público endossou as críticas ao presidente brasileiro gritando "ei, Bolsonaro, vai tomar no c*".
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