Paolla Oliveira, Huck: famosos criticam censura do TSE a artistas no Lolla
Colaboração para Splash, em Maceió
27/03/2022 16h43
Depois de vários parlamentares criticarem a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de impedir manifestação política no Lollapalooza Brasil 2022, foi a vez dos famosos se manifestarem e apontarem censura na decisão do órgão.
Nas redes sociais, a atriz Paolla Oliveira afirmou que "é proibido proibir" e pediu "fora, Bolsonaro".
"Num festival de música, quem decide se vaia ou aplaude a opinião de um artista no palco é a plateia e não o TSE. Ou ligaram a máquina do tempo, resgataram o AI-5 e nos levaram para 1968?", publicou o apresentador Luciano Huck, que evocou a censura imposta no período da ditadura militar (1964-1985).
Leandra Leal também falou em censura e postou: "Cala a boca já morreu. Contra a censura pela liberdade de expressão. Lolla, livre".
O ator Bruno Gagliasso se referiu a Jair Bolsonaro como "miliciano" e disse que a investida do PL contra os artistas no Lollapalooza para criar uma cortina de fumaça e abafar o escândalo no MEC (Ministério da Educação), após o ministro Milton Ribero beneficiar pastores sem ligação com o governo no repasse de verbas para prefeituras.
"Não é muito estranha a preocupação do partido do miliciano com o Lollapalooza justo quando estoura esse escândalo de corrupção dos pastores no MEC?", tuitou.
A cantora Anitta criticou a decisão do TSE após se apresentar com Miley Cyrus no festival. "Não existe isso de proibir um artista de expressar publicamente a infelicidade dele perante o governo que está rolando neste exato momento. Entendo a questão de fazer campanha política para candidato. Acho que realmente cada um vota em quem quer, porém proibir a gente de expressar nossa insatisfação com o governo atual é censura", e continuou: "A gente não quer voltar para estaca zero, não. Pelo amor de Deus, tá? E vou lutar com todas as minhas armas. 'Ah, vai botar multa de não sei quantos'. Ah, então a gente paga, queridos. Briga aí meus amigos que quiserem se manifestar, eu pago a multa de vocês".
O youtuber Felipe Neto também encorajou os artistas a se manifestarem contra a "perseguição do governo" e se predispôs a ajudar a pagar eventual multa.
"Muitos não podem lidar com perseguição do governo. Caso sejam perseguidos por se posicionarem, nosso movimento Cala Boca Ja Morreu se dispõe a ajudá-los com a defesa. Se alguém for condenado e precisar, eu ajudo a pagar essa multa ilegal. Enfrentem!
No Lolla, as manifestações também aconteceram.
Ao subir no palco da Fresno, Lulu Santos soltou um "cala a boca já morreu" e declarou que a censura nunca mais pode existir.
A Fresno também usou o palco para falar contra o presidente, colocando um "Fora Bolsonaro" no telão.
Entenda
O TSE acatou hoje um pedido do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, que alegou a existência de propaganda eleitoral antecipada em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após a cantora Pabllo Vittar erguer uma bandeira com o rosto do petista e gritar "fora, Bolsonaro" no primeiro dia do festival, que aconteceu na sexta-feira (25).
No mesmo dia, a britânica Marina protestou contra o presidente brasileiro e o mandatário russo, Vladimir Putin. Ontem, no segundo dia do Lolla, novos protestos contra Bolsonaro foram ouvidos na plateia durante o show do cantor Silva.
Para juristas, a decisão do TSE de censurar os artistas é errada — o órgão eleitoral também estipulou multa de R$ 50 mil para a organização em caso de descumprimento.