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'No Ritmo do Coração' ganha o Oscar de melhor filme de 2022

28/03/2022 00h38

O filme "No Ritmo do Coração" surpreendeu a todos na noite de hoje e conquistou o Oscar de Melhor Filme de 2022. A obra tinha como principal adversário "Ataques dos Cães".

Lançado no Festival de Sundance de 2021, "No Ritmo do Coração" é um filme independente, que ganhou o prêmio principal do festival no início do ano passado, sendo adquirido pela Apple pelo valor de US$ 25 milhões (aproximadamente R$ 125 milhões). Trata-se de uma refilmagem do francês "A Família Bélier", de 2014. A diferença é que a versão americana é estrelada por atores surdos.

O filme acompanha uma família de quatro, dos quais apenas a filha mais nova é ouvinte. Aluna do ensino médio, Ruby (Emilia Jones) é cantora, mas precisa dividir o tempo entre os estudos e ajudar os pais e o irmão, surdos, com a pesca. Hábil artista, Ruby entra para o coral da escola, mas tem certas dificuldades para se expressar por não se sentir confortável no centro das atenções.

Ironicamente, ela é a mais talentosa da turma.

O título original do filme é CODA, que em inglês é uma sigla para "filhos de pais surdos" (children of deaf adults, no original). Mas há um duplo sentido, já que "Coda" é como é chamada a parte final de uma música, e no filme tudo se conecta por causa do dom da filha para o lado musical.

Além do Oscar de melhor filme, "CODA" também levou o prêmio de melhor ator coadjuvante, com um momento emocionante de Troy Kotsur no palco, e o prêmio de melhor roteiro adaptado. Em entrevista concedida a Splash, a diretora e roteirista contou que o seu objetivo era trazer atores surdos para contarem esta história, já que considerava este um fator crucial para a trama chegar a novos públicos.

"O filme francês é maravilhoso, mas foi uma oportunidade perdida de trazer mais autenticidade para os personagens e explorá-los de forma tridimensional, como uma família de verdade", contou Heder a Splash, em setembro do ano passado.

"Eu sou ouvinte, esta não é a minha comunidade. Eu sentia que não deveria contar essa história a não ser que me cercasse de colaboradores surdos, por trás e à frente das câmeras. Isso me trouxe mais liberdade enquanto diretora. Eu sentia uma responsabilidade imensa de acertar, porque estava representando uma cultura que raramente é vista nas telas."