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Vencedora do Oscar, diretora de CODA conta 'histórias simples subversivas'

Siân Heder, diretora de "No Ritmo do Coração" - Joe Maher/Getty Images
Siân Heder, diretora de 'No Ritmo do Coração' Imagem: Joe Maher/Getty Images

De Splash, no Rio

28/03/2022 11h41

Além de ganhar a categoria de Melhor Filme no Oscar 2022, "No Ritmo do Coração" ainda proporcionou a quebra de um jejum na premiação de Melhor Roteiro Adaptado. A diretora e roteirista Siân Heder levou a estatueta para casa e se tornou a primeira mulher a consegui-lo depois de 16 anos. "CODA", título em inglês do drama, conta a história da única menina ouvinte em uma família surda.

Em recente conversa com Splash, ela revelou seu segredo: contar história de pessoas simples que estão à margem da sociedade. "Gosto de falar sobre pessoas que estão à margem da sociedade e não são retratadas como heroínas. São histórias que criam conexões", disse.

O segredo é contar histórias simples que sejam subversivas, porque estamos olhando para personagens que não enxergamos normalmente.

Heder concorria com os roteiristas Jane Campion ("Ataque dos Cães"), Ryûsuke Hamaguchi ("Drive My Car"), Jon Spaihts ("Duna") e Maggie Gyllenhaal ("A Filha Perdida"). A última mulher a conquistar o prêmio havia sido em 1996 quando Diana Ossana fez "O Segredo de Brokeback Mountain".

"No Ritmo do Coração" se tornou sua obra mais famosa, mas ela já havia feito trabalhos consideráveis anteriormente, como a série de TV "Men of a Certain Age" (2009 - 11) e o filme "Tallulah" (2016), com Elliot Page.. Formada pela Carnegie Mellon School of Drama, a roteirista norte-americana também escreveu alguns episódios da famosa "Orange Is the New Black".

"CODA"

O título original do filme, "CODA", é uma sigla para "filhos de pais surdos" (children of deaf adults, no original). Ele acompanha Ruby (Emilia Jones), a única pessoa ouvinte em sua família surda. Ela decide ingressar na faculdade de Berklee para estudar canto e passa a ter conflitos com os pais, o maior diferencial do longa.

Com poucos atores surdos famosos, Heder teve de escalar nomes pouco conhecidos. Para ela, isso foi fundamental, pois a honestidade das emoções expressas pelos personagens foi o segredo para o sucesso, gerando emoção nos espectadores.

"Penso sobre muito sobre o humor. Eu escrevi aquelas piadas, e talvez elas já fossem boas. Mas quando Troy (Kutsor - primeiro ator surdo a ganhar o Oscar de Melhor Ator) as tomou, elas ficaram melhores. O mesmo acontece com outras emoções", contou em entrevista.

O filme independente foi lançado no Festival de Sundance do ano passado. Ele ganhou o prêmio principal do festival e foi adquirido pela Apple por US$ 25 milhões, cerca de R$ 125 milhões. É uma releitura do longa francês "A Família Bélier", de 2014.