Paloma Bernadi critica gestão ambiental: 'Nosso país está sangrando'
Atenta às mudanças climáticas, a atriz Paloma Bernardi, de 36 anos, leva aos palcos a peça "Terremotos". A produção, que está em cartaz em São Paulo, narra as consequências de um colapso ambiental na rotina de três irmãs. Na vida real, o tema também tem relevância para a artista, que se diz preocupada com os rumos da atual gestão ambiental do governo de Jair Bolsonaro (PL).
A gente está vivendo uma situação complicada. As bandeiras estão sendo levantadas e apontando para questões que precisam ser trabalhadas com atenção. O nosso país está sangrando. Se a gente não tomar conta, isso tudo vai acabar
De olho no futuro próximo, a artista espera mudanças com as eleições deste ano. Em entrevista a Splash, ela revela o desejo de um olhar mais coletivo e igualitário na política, além de esperar que o poder saia das mãos de poucos grupos.
"Do jeito que está, eu não aprovo. Sempre digo que, dentro do caos, vem um momento de esperança, mas a gente precisa tomar atitudes agora. Que a gente possa ser consciente, ter um olhar coletivo para alcançar todos os setores: cultura, economia, saúde, ciência. Para que as máscaras possam cair, para que a corrupção e a ganância possam cair por Terra", reflete.
Em cartaz até junho, de quinta-feira a domingo, gratuitamente, no Teatro SESI, "Terremotos" traz 30 atores em cena. Na história apocalíptica, escrita pelo dramaturgo Mike Bartlett, Paloma interpreta uma mulher grávida em crise sobre o destino de seu bebê em um mundo caótico e hostil. Para o papel, ela precisou analisar filmes como "Não Olhe Para Cima".
"A minha personagem está gravida e tem depressão pré-parto com medo de colocar uma criança no mundo diante de um caos, diante de um planeta que está se autodestruindo. É um texto que foi escrito há 12 anos, mas parece que foi escrito ontem, a gente fala sobre caos ambiental, guerra, política, sociedade, economia e humanidade", explica.
Estou feliz por voltar aos palcos após esse momento pandêmico, que ainda estamos vivendo, mas buscando maneiras seguras da arte voltar à tona, reexistir, mesmo com tantos problemas como a falta de investimento. É um ato de resistência.
Arte como reflexão
Além da peça, Paloma se prepara para lançar dois filmes nas telonas em 2022. As duas produções trazem questões sociais e tabus, como a TPM, imposições da sociedade sobre a mulher e relacionamentos abusivos e tóxicos.
A comédia "Monique e a TPM" aborda o universo feminino. Paloma interpreta uma enfermeira que se esconde diante do que a sociedade deseja e não consegue reconhecimento por causa do machismo. "Ela se transforma e encontra uma mulher que precisa desabrochar por meio de características e das emoções da TPM, como sensualidade, gula e raiva", explica.
Já o longa "Ninguém é de Ninguém" aborda relacionamentos abusivos com a espiritualidade como pano de fundo. "Às vezes a gente vive um relacionamento tóxico, não só afetivo, mas também profissional e não percebe... Muitas vezes você é submissa e pisoteada e não percebe, você acha que a pessoa tem o poder hierárquico de algo, de menosprezar, mas não. Estamos aqui para ser quem somos, para ser reconhecidos pelos nossos trabalhos", pensa.
"Nem falo só do feminismo e machismo, mas questão racial e preconceito contra minorias, é um leque de assuntos que precisam ser trabalhados. Por ter um reconhecimento nacional, me sinto responsável de refletir sobre esses assuntos através da arte. Que as pessoas possam ter o cinema, o teatro e a TV como um lugar de reflexão, não só de entretenimento", completa.
'Me sinto realizada'
Na novela "Salve Jorge" (2012), da TV Globo, ela já havia tratado de outro tema social: o tráfico sexual. Para Paloma, a trama foi um divisor de água na sua carreira, pois interpretou uma personagem fora do estereótipo de mocinha. A novela de Glória Perez foi o seu primeiro trabalho como adulta, precisando explorar um lado mais sensual.
"Quando a Gloria Perez me confiou a Rosângela, eu vivi pela primeira vez uma personagem que trazia sensualidade. Falava sobre tráfico humano, prostituição e tinha uma pitada de vilania. Então, ali, eu percebi que podia ir além e que as pessoas estavam reconhecendo isso. Abriu um leque de oportunidades. Devo isso à Gloria. Não vejo a hora de voltar a trabalhar com ela", conta.
Na TV desde os 11, quando participou de "Colégio Brasil" (1996), no SBT, Paloma se diz realizada pelos papéis que já interpretou.
Lá atrás eu me visualizava como estou hoje, me visualizava na Globo, no cinema, no teatro, contando histórias de personagens diferentes
Maternidade
Aos 36, Paloma revela ainda que tem o desejo de ser mãe, mas não sabe quando. Por isso, decidiu congelar os próprios óvulos para expandir seu tempo biológico.
"Ser mãe faz parte dos meus planos, mas congelei os meus óvulos. Diferente da mulher lá de trás, que estava focada apenas em casar, ser dona de casa e mãe, hoje a mulher está quebrando paradigmas e a estrutura patriarcal que foi instalada. Hoje, sou uma mulher independente e tenho sonhos profissionais", finaliza.
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