Deolane reavalia relação com MC Kevin: 'Vejo como dependência emocional'
No mês que vem, completa-se 1 ano da morte de MC Kevin. O funkeiro morreu após cair do 5º andar da varanda em um hotel na Barra de Tijuca.
De lá para cá, sua viúva, Deolane Bezerra, está sob os holofotes da mídia mais do que nunca. Após a morte do marido, a "Doutora", como é conhecida, reavaliou a relação que os dois tinham.
"Eu temia pela vida dele, porque ele era inconsequente. Então não sabia como terminar. Cheguei a perguntar se ele confundia o amor que sentia por mim com amor de mãe. Porque eu o protegia, resolvia seus problemas", contou em entrevista à "Marie Claire".
Eu tinha um amor muito grande pelo ser humano Kevin. Só que era um garoto que estava crescendo, vivendo aquele mundo artístico no qual as mulheres realmente se jogavam em cima dos famosos. No dia em que ele foi parar na UTI porque enfiou o carro no portão da minha casa depois de uma briga, sua mãe pediu que ele me deixasse em paz. Meus amigos delegados me diziam: "O que você está fazendo?". Hoje enxergo isso como uma dependência emocional. Deolane Bezerra em entrevista a Marie Claire.
Ela relembrou o dia da morte de Kevin. Deolane estava no mesmo hotel, mas dormia em outro quarto e foi acordada com a notícia de que ele havia caído.
"Na primeira parada cardíaca, ele levou 10 minutos para voltar. Rezei para Deus para ele ficar bem, dizia que ficaria com ele de qualquer jeito para o resto da minha vida. Fiz milhões de promessas. Aí o médico me chamou, disse que ele teve três paradas cardíacas e não resistiu. Meu mundo desabou. Não tinha força na perna, fui esmorecendo. Me via numa cena de novela. Até hoje, tem dias em que acordo e abro o Instagram para ver se é verdade".
Ela contou que começou a fazer terapia após a morte do artista. Deolane revelou que chegou a "falar para Deus" que deveria ter morrido no lugar de Kevin por ser 10 anos mais velha.
Então, um dia estava tomando banho e Deus falou: "Filha, você vai ter que conversar comigo, chegou a hora. Você se lembra quando me pediu para tirar você desse relacionamento, que não aguentava mais? Ou era você ou era ele! E agora você está aqui. Valorize sua vida". Foi quando comecei a aceitar a morte dele.
Infância difícil
Deolane contou que não teve convivência com o pai, que morreu no mês retrasado. "Meu pai era vagabundo, cachorro, traía, batia na minha mãe. Consegui perdoá-lo uma semana antes de ele morrer, dentro da igreja. Mas não tenho lembranças dele, só pelas histórias que minha mãe conta".
O novo relacionamento da mãe, com o padrasto, também foi conturbado.
Lembro das brigas, ele era ciumento. Nunca vi minha mãe apanhar, mas ela quebrava a casa inteira. Nunca quebrei nada numa briga, odeio. No meu segundo casamento, quando o pai da minha filha gritava, eu dizia: "Cala a boca, meus filhos não têm que escutar". Preferi me separar para eles não presenciarem brigas. Isso gera traumas que você só enxerga depois de certa idade.
Em 1996, Deolane veio com a mãe e as irmãs para São Paulo após uma nova briga.
"Viemos para a casa do meu tio no Grajaú [extremo sul de São Paulo]. Eu tinha 9 anos. A gente dormia na cozinha e minha mãe, no chão. Depois de alguns empregos, ela montou um bar lá. Aí um cara chegou, viu a mulher dele com outro e disparou um monte de tiros enquanto a gente trabalhava. Com medo, ela vendeu a lanchonete e fomos morar no centro de São Paulo, perto da Rua 25 de Março, que foi onde tudo mudou. Montamos uma banca que vendia brinquedos, eu ia ao Paraguai buscar muamba, entramos na faculdade de direito".
Carreira
Deolane conta que o senso de justiça surgiu da infância. Ela relaciona o interesse pela área criminal pelo fato de vir da periferia. "Não queria ser advogada para ficar engomadinha dentro de escritório, sem ir para a ação".
Ela confirmou advogar para alguns membros de facções, mas apenas em "determinados casos".
Não sou advogada de um todo, que é ilegal. Se você hoje for advogado criminalista e não advogar para quem é de facção criminosa, você não advoga para ninguém. São eles que têm dinheiro.
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