Ana Cañas reclama de nude apagado: "Nada explícito, não tinha mamilo"
Prestes a subir aos palcos com show que canta Belchior, Ana Cañas virou assunto nas redes sociais por outro motivo. Na última quarta-feira, ela teve uma foto na qual aparece nua excluída pelo Instagram por não seguir as diretrizes da rede social. Em conversa com Splash, ela explica que o clique permaneceu no ar por apenas oito minutos, mas gerou uma repercussão enorme.
Foi babado. Nunca aconteceu uma repercussão dessa antes.
"Não tinha nada explícito. Não tinha mamilo, que é algo vetado pelo Instagram. Por isso, fiquei bastante confusa. Eu já postei fotos mais ousadas que essa, que não foram derrubadas. Então, não sei se foi um movimento de pessoas me denunciando ou alguma ferramenta da própria rede social", diz.
"Eu fico pensando: 'cara, não é possível eu postar uma foto assim?' É uma foto que fiz para um date, que mandei para o crush. 'Olha, estou te esperando aqui pelada e de sandália'. É uma coisa que a gente faz as vezes quando está gostando de alguém", continua.
Mas por que a nudez feminina ainda é um tabu tão grande?
Para Ana Cañas, que já teve outras fotos derrubadas e foi punida com limitação de seu alcance pelo Instagram em 2019, é um assunto complexo, por isso, alguns debates que envolvem desde feminismo à filosofia precisam ser ressaltados. O primeiro deles é referente à diferença entre erotização e cultura pornográfica.
"O buraco do erotismo é mais embaixo do que a cultura pornográfica. Quando a gente fala de erotismo, citando a Audre Lorde - uma escrita preta feminista maravilhosa -, ele é o lugar do existencial, do subjetivo. Então, uma imagem que é mais erótica e menos pornográfica pode mexer com estruturas internas de pessoas e em um lugar profundo", diz.
Outro ponto que ela reforça é: nudez não é empoderamento. "Vi que saiu muitas matérias falando 'Ana Cañas se empodera'. Esse é um equívoco muito grande. O empoderamento pressupõe o coletivo e alterações nas posições de decisão e poder, não o individual. Uma foto sua nua não te empodera, mas faz algo muito importante para as mulheres, que é a questão da autoestima... A Britney Spears, por exemplo, usa essa ferramenta da autoimagem. É um processo de cura para ela", explica.
Ao falar de censura aos corpos femininos, ela questiona se em ano eleitoral, as redes sociais vão derrubar as fake news também. "Elas ajudaram a eleger um presidente que a gente nem sabe se ele conseguiria sem as fake news. Em um ano eleitoral, será que o combate às notícias falsas vai ser tão severo quanto aos corpos femininos? E é uma censura muito mais necessária e fundamentada no coletivo e social", reflete.
Em contrapartida a essa censura à nudez feminina, ela pondera que as fotos com menos roupa são as que mais geram visibilidade nas redes sociais. Ela ainda questiona se isso é fruto dos algoritmos das redes ou do interesse das pessoas por sexo. Para a artista, esse interesse pode acabar gerando uma hiperssexualização dos corpos femininos.
Ana Cañas canta Belchior
Apesar de ter virado assunto por uma nude em rede social, a semana é especial para Ana Canãs porque ela estreia nova etapa do show "Ana Cañas Canta Belchior" amanhã (10), às 20h, no Teatro Bradesco, em São Paulo. Depois, segue para cidades como Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte. Acompanhada por banda, a artista apresenta as músicas do disco que homenageia o artista falecido em 2017.
Belchior e eu só não se pegou (sic) porque não deu tempo (risos). Eu sou apaixonada para além do poeta e do gênio que ele é, sabe? É um encontro de almas.
"Já posso dizer que é um encontro verdadeiro. Choro na passagem de som, a poesia dele me toca num lugar muito profundo... Aprendi cantando nos bares há 20 anos - e já cantei por um prato de comida - que você só pode emocionar alguém se você se emocionar. Ela é uma corrente", diz ela, que tem a aprovação dos filhos do homenageado no atual projeto.
O álbum "Ana Cañas Canta Belchior" nasceu de uma live que a artista fez no início da pandemia. O show virtual agradou os saudosos fãs de Belchior, que fizeram um financiamento coletivo para que ela pudesse gravar o disco. Antes disso, ela não tinha pensado em gravá-lo.
Um dos clipes do projeto, "Sujeito de Sorte", contou com a participação de Elza Soares, algo marcante para Ana. "Ela faz o abre e canta: 'Ano passado, eu morri, mas esse ano eu não morro'. Quando ela me mandou o vídeo, eu fiquei aos prantos. Elza é a encarnação de um nível de superação que não conheço em outras pessoas", lembra.
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