Prisão injusta: a história real por trás de 'For Life', top 10 da Netflix
A segunda temporada da série "For Life" está entre as 10 mais vistas da Netflix no Brasil e continua a contar a história de Aaron Wallace, dono de uma casa noturna que é preso injustamente no início dos anos 1990 e consegue se tornar advogado dentro da prisão para se livrar das grades.
Produzido pelo rapper 50 Cent, o seriado remonta a história real de Isaac Wright Jr., que não só conseguiu se livrar das condenações, mas também ajudou outros presos a conquistarem sua liberdade.
Preso injustamente
Diferente da série, Isaac não era dono de uma boate e sim produtor musical. Sua carreira começou a deslanchar ainda na década de 1980 e os negócios iam bem até pouco antes de sua prisão. Em 1991, Isaac foi acusado de 18 crimes, incluindo ser um dos chefões do tráfico de cocaína no estado de Nova Jersey. Os promotores alegaram que ele estaria ganhando até US$ 30 mil dólares na época com a venda das drogas.
Isaac foi condenado por todas as acusações e cumpriria prisão perpétua. Ele só poderia obter liberdade condicional após 30 anos de prisão. No tribunal, fez sua própria defesa, dispensando advogados. "Não pagaria a ninguém para ir para prisão", conta em entrevista à "Esquire".
Defendendo a si mesmo
Na série, o protagonista utiliza seu tempo dentro da cadeia para estudar Direito e se debruçar sobre seu próprio caso. Na vida real, porém, Isaac não se tornou advogado dentro da prisão. Na cadeia, Isaac atuava como assistente jurídico, ajudando pelo menos 20 outros presos a serem libertados ou terem suas sentenças reduzidas. Ele redigia resumos que entregava aos advogados baratos que os presos conseguiam contratar, servindo como a cabeça por trás de suas defesas.
Somente depois de ganhar a liberdade, em 1998, Isaac se dedicou ao estudo formal de Direito. Ele estudou em duas universidades americanas até 2004, mas só obteve a licença para exercer a profissão em 2017, após uma longa investigação da Ordem de Advogados de Nova Jersey.
Como ele saiu da cadeia?
Em 1996, o promotor-chefe do caso de Isaac, Nicholas Bissell Jr., se viu no meio de uma investigação sobre sua conduta suspeita. Ele havia tentado incriminar falsamente um juiz que tinha como desafeto, além de ser acusado de plantar drogas e realizar fraude fiscal.
Um dos detetives envolvidos na prisão de Isaac testemunhou contra Nicholas, revelando o verdadeiro complô que envolvia a condenação do produtor musical. A apreensão de cocaína era ilegal e o próprio juiz do caso estava envolvido no esquema.
Nicholas Bissell Jr. foi condenado por 30 acusações, incluindo abuso de poder, perjúrio e obstrução de Justiça, mas cometeu suicídio para não enfrentar os anos encarcerado. Com a ajuda de um advogado, familiares e amigos, Isaac conseguiu pagar a fiança de R$ 250 mil e foi libertado em 1998.
Fatos e ficção
Na série, a inocência do protagonista é clara, uma vez que as drogas apreendidas realmente não pertenciam a ele. A vida real, contudo, é um pouco mais confusa. Em entrevistas, Isaac sempre negou ter sido um chefão do tráfico, principal crime pelo qual foi condenado, mas notícias da época de sua libertação apontam que ele pode mesmo ter atuado como traficante de drogas. No entanto, não teve um julgamento justo por todos os esquemas que ocorreram.
Hoje, Isaac Wright Jr. continua atuando como advogado e evitando que casos como o seu se repitam. "Se a causa for importante o suficiente, farei isso de graça, especialmente quando se trata de ajudar aqueles que não podem se ajudar", concluiu, em entrevista à "Esquire".
Mesmo com o sucesso na Netflix, a série foi cancelada após as duas temporadas, o que significa que os fãs não continuarão a acompanhar os passos do protagonista fora da cadeia.
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