'Crescidinhos' é a melhor opção de reality para você que cansou do 'BBB 22'
Parece uma ideia incomum —e é mesmo. No primeiro episódio de "Crescidinhos" disponível na Netflix, um menino de 2 anos e 9 meses recebe da mãe a tarefa de ir ao mercado para comprar flores, curry doce e bolinhos de peixe. Ele faz o caminho com uma bandeirinha nas mãos, para pedir passagem aos carros quando precisar atravessar a rua, e executa a caminhada de pouco mais de um quilômetro em cerca de 23 minutos.
O objetivo do episódio é simples: descobrir se ele realmente vai cumprir com sucesso todas as tarefas que lhe foram atribuídas.
A reação inicial de um espectador desavisado pode ser o susto. O que faria um pai ou uma mãe respirar tranquilo deixando uma criança tão pequena sair sozinha (ou, justiça seja feita, sob a supervisão de operadores de câmera) por ruas movimentadas?
Mas, no Japão, o formato é um sucesso: o programa tem episódios curtos, que variam entre 7 e 20 minutos, e está no ar há mais de 30 anos, inspirado em um livro lançado em 1977.
E, se considerarmos os 20 episódios disponíveis na plataforma de streaming, eles provocam todo tipo de reação, tanto nas crianças quanto no público.
Tudo, menos tédio.
Afinal, no caminho entre suas casas e o destino final de suas tarefas, as crianças fazem de tudo: correm quando não deveriam, se esquecem do que iriam comprar, se encantam com produtos que não estavam na lista, ganham gusoleimas de vendedores carinhosos, caem no choro, se distraem com cachorros fofos e, eventualmente, voltam para seus pais e suas mães orgulhosas e com as mãozinhas ocupadas com sacolas de compras.
Mas não é perigoso?
Apesar do estranhamento inicial, há de se considerar que, em nenhum momento, as crianças correm risco. Em entrevista ao site Slate, o professor de planejamento de transportes da Universidade de Tóquio Hironori Kato explicou:
"No Japão, muitas crianças vão para escolas da vizinhança a pé e sozinhas, isso é comum. As ruas e as estradas são desenhadas para que crianças possam andar de maneira segura."
Segundo ele, algumas leis e estruturas também tornam o ato mais seguro. Os motoristas aprendem a dar prioridade sempre aos pedestres, os limites de velocidade são baixos e os bairros são desenhados em pequenos blocos, o que mantém os motoristas em velocidade reduzida.
Os cuidados
Além disso, há todo um cuidado da produção, e os caminhos feitos pelas crianças são checados pelos pais e pela produção para perigos em potencial. A vizinhança é avisada das filmagens e pessoas da equipe são posicionadas escondidas ao longo do caminho que será feito, para também acompanharem as crianças.
O que torna o programa tão fofo?
O formato dos episódios é cativante, e aproveita muito bem o humor e a emoção das situações e do que as crianças fazem: do mais engraçado ao mais emocionante, os episódios transitam entre as emoções com muita suavidade e muita fofura!
A narração divertida também amplia a graça que vem da espontaneidade dos pequenos. É muito difícil não se encantar com o cuidado que as crianças demonstram com as tarefas. Muitas vezes, elas surpreendem até mesmo seus pais ao voltarem com muitas histórias para contar —melhores, inclusive, que as do 'BBB 22'.
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