Jessi analisa final do 'BBB': 'Dois homens negros na final, nenhum ganhou'

A final do "BBB 22" (TV Globo) não foi nenhuma surpresa para o público que acompanhou o programa desde o início. A vigésima segunda edição do reality global foi a segunda na história do programa a contar com uma mulher trans entre as competidoras, e a primeira a ter dois finalistas negros disputando o prêmio de R$ 1,5 milhão: Douglas Silva e Paulo André.

Nos últimos dez anos, apenas duas participantes negras venceram o reality: Gleici Damasceno e Thelminha. Na 22ª edição, Jessi, a última mulher negra a ficar na casa, foi a 14ª eliminada, após disputar a preferência popular com Arthur. Douglas e Eliezer. A professora convidou o público a ter um olhar mais atento na diversidade no programa.

Em bate-papo com o Splash, Jessi comentou o resultado final do "Big Brother Brasil" e reiterou o que já havia dito no "Dia 101" sobre a vitória de Arthur. Além disso, ela reforçou que o público precisa olhar mais para a diversidade dentro do programa e não somente para um participante em particular, uma vez que 'existiam outras trajetórias incríveis' lá dentro.

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"Como eu disse anteriormente, acredito que não há uma forma certa de jogar. Cada um tinha a sua própria visão de jogo e batalhou para continuar no programa, eles se esforçaram e se mantiveram firmes. Mas, de acordo com o que eu acredito, existiam outras trajetórias incríveis no programa, como a de mulheres que foram fortes e resistentes", comentou.

Também há o fato de que mesmo tendo dois homens negros na final, nenhum deles ganhou, então acho importante que o público olhe para esses cenários e dinâmicas de jogo. Jessi

Sobre o grupo das comadres, formado por ela, Natália, Lina e Naiara Azevedo, Jessi pontuou que as quatro possuem temperamentos diferentes, mas ainda assim conseguiram se encontrar dentro do jogo e viraram amigas. Em diversos momentos, no entanto, Natália brigou com Jessi e Lina após a saída de Naiara Azevedo, o que acabou por criar uma 'torta de climão' entre as ex-sisters, mas tudo acabou sendo resolvido lá dentro.

A formação desse grupo foi muito inusitada porque nós éramos quatro pessoas de personalidades distintas que acabaram se unindo pela configuração do jogo. Jessi

A professora, então, continuou sua análise: "Talvez, se no início da relação nós tivéssemos conversado com mais clareza, expressando o que estava pensando e sentindo, acredito que teríamos compreendido melhor os limites de cada uma e talvez alguns 'desencontros' não teriam acontecido, mas no final das contas foi uma relação muito positiva. A gente se gostava, se ajudava e estávamos ali uma pela outra", explicou.

Jessi, Nat e Lina se mantiveram unidas até a saída da bióloga. A amizade das três reforçou algo que o público não está acostumado a ver em reality shows: três mulheres negras no top 10 de um dos programas mais vistos do país. Essa representatividade também teve efeito aqui fora e foi de extrema importância na opinião de Jessi.

Foi muito importante que nós três estivéssemos ali e juntas, pela representatividade e para abrir esses espaços, bem como para dialogarmos sobre questões que fazem parte do dia a dia das nossas existências e que, com certeza, o público se identifica. Mesmo com nossas personalidades totalmente distintas, éramos capazes de ressaltar nossa força. Isso é muito importante para quem assiste, pois é uma maneira de mostrar que, independente de todas as suas características de mulher preta e da carga que trazemos, não significa que você não possa estar em um programa daquele nível. Jessi

Fora da casa, o trio já se encontrou diversas vezes e, ao que tudo indica, o contato vai permanecer: "Cada uma de nós, com nossas personalidades diferentes e características físicas, mostramos que as mulheres pretas, independentemente de como se apresentem, são capazes e podem estar em qualquer lugar", disse.

Em muitos momentos do jogo, Jessi foi pressionada a seguir os passos dos "meninos da Disney". A professora foi confrontada diversas vezes e lhe foi pedido que seguisse com uma combinação de votos que poderiam salvar um ou outro participante. Desde o início, Jessi se manteve firme em sua posição de não querer escolher quem votaria baseado na opinião dos outros. Sobre esse assunto, a ex-sister comentou que se aliar a eles não faria tanta diferença, devido a configuração do jogo.

"Provavelmente, se eu tivesse combinado voto com os meninos no início, isso de alguma forma me protegeria, mas nessa reta final não faria tanta diferença, devido a configuração que o jogo foi tomando. Por isso, acredito que não existe um jeito certo de jogar, cada um usa uma estratégia. Eu segui o meu coração, o que acredito e minha determinação em votar em quem eu queria. Sinto que isso me ajudou, inclusive, a ficar mais tempo no programa, mostrando, também, minha autenticidade."

Sobre sua trajetória no "Big Brother Brasil", Jessi comentou estar feliz e satisfeita com tudo o que viveu e que a mulher que entrou no programa em janeiro, não é a mesma que saiu há algumas semanas.

Eu avalio a minha trajetória de maneira muito positiva. Houve um momento no início do jogo que eu achei que um dos meus maiores desafios seria conseguir expor o que pensava, mas a partir da quinta semana, eu virei a chave e foi aí que consegui compreender e sustentar os conflitos que apareciam, remediando situações e equilibrando emoções. Acredito que isso foi fundamental para fazer eu chegar tão longe e ser vista como jogadora. Jessi

Veja agora: 'Realities - O Brasil na TV'

A gente já conversou com os ex-BBBs arrependidos, com os que causaram polêmica e agora, em "Realities - O Brasil na TV", documentário em três episódios produzido por Splash e MOV.doc, contamos os primórdios e os bastidores dos reality shows no Brasil.