Terapia robótica de Rodrigo Mussi custaria até R$ 60 mil anuais fora do SUS
Como parte do processo de reabilitação após o acidente que sofreu em março, o ex-BBB Rodrigo Mussi realizará um tratamento de terapia robótica, totalmente custeado pelo SUS, na Rede Lucy Montoro, em São Paulo.
Ainda com baixa oferta ao redor do Brasil e podendo custar até quase R$ 60 mil anualmente em uma clínica particular, o uso de robôs para reabilitação acelera a recuperação dos pacientes e possibilita um retorno melhor e mais rápido às atividades do dia a dia.
Para entender maiores detalhes sobre como o tratamento funciona, Splash procurou Linamara Rizzo Battistella, professora titular de fisiatria da Faculdade de Medicina da USP, além de Tomas e Antonio Makiyama, diretores da Vivax Corp, única empresa brasileira a produzir robôs para reabilitação.
Multidisciplinar
Existem vários tipos de robôs que reproduzem movimentos dos membros superiores e inferiores do corpo como parte do tratamento para vítimas de um AVC ou de um acidente no trânsito, como é o caso de Rodrigo. Os movimentos podem acontecer por meio de jogos virtuais imersivos, assim como no tratamento do ex-BBB.
"O exercício robótico é multidisciplinar. Através da realidade virtual, conseguimos melhorar o nível de consciência e comunicação dos pacientes", explica Linamara sobre a terapia robótica.
No caso de Rodrigo, segundo informações da própria família do ex-brother, as lesões no cérebro causaram perda de memória e confusão, quadros que poderiam ser amenizados pela terapia robótica.
"Quando falamos em robôs, falamos em automação. O exoesqueleto robótico dá apoio e segurança ao paciente e reduz o gasto de energia do terapeuta. Ajuda na melhora da lesão e do condicionamento físico. Quando adiciono tudo isso a uma realidade virtual, ganho um estímulo visual adicional. Uma paisagem imersiva. Essa coisa mais lúdica transforma o exercício em algo prazeroso", completa a doutora.
Mais vantagens
No Brasil, a Vivax é a única empresa a produzir robôs para reabilitação, voltados principalmente para vítimas de AVC. Fundada pelos irmãos Tomas e Antonio Makiyama, ela é responsável por nove robôs utilizados na Rede Lucy Montoro. Tomas também é diretor da Integrarevida, única clínica do país a oferecer o tratamento robótico fora do SUS.
"Os robôs conseguem realizar 14 vezes o número de movimentos da terapia convencional. Trabalhando 8 horas por dia, 5 dias por semana, atendem quase 27 pacientes em um ano. A recuperação demora 1/4 do tempo normal", pontua Antonio.
Fora do SUS, uma sessão de terapia robótica de pouco mais de uma hora pode custar R$ 300. Tomas e Antonio não conhecem a fundo o caso de Rodrigo, mas estimam que seria recomendado de 3 a 4 sessões semanais. Isso daria um valor de até R$ 1.200 por semana, R$ 4.800 por mês e quase R$ 60 mil em um ano. Antes de oferecer o tratamento no Brasil no ano passado, os irmãos contam que era comum ouvir sobre pacientes que iam realizar a terapia nos EUA, Suíça ou Canadá.
"Uma reabilitação robótica num caso como o dele poderia até ter sessões diárias. O tempo de tratamento poderia cair de 2 anos para de 6 meses até 1 ano", pondera Tomas.
Idealizadora da Rede Lucy Montoro, a Dra. Linamara sonha com a expansão do acesso à terapia robótica por todo o Brasil. "Encurtamos muito o tempo de recuperação. Pacientes de várias partes do Brasil vêm nos procurar. Não é só um tratamento melhor, mas o tempo é muito menor", pontua.
"O número de vítimas do trânsito é equivalente a uma guerra permanente em São Paulo. A gente precisa que essa rapidez e cuidado cheguem a todos", conclui.
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