Como Depp jogou R$ 2,7 bilhões pelo ralo com carros, guitarras e vinhos
Johnny Depp acumulou US$ 650 milhões (mais de R$ 3 bilhões) ao longo da carreira e viu a maior parte do dinheiro indo embora. Isso começou bem antes do acordo de US$ 7 milhões (R$ 35 milhões) para oficializar o fim do casamento com Amber Heard, no início de 2017, e não se deve apenas à longa e milionária batalha judicial contra a ex-mulher, e sim por má administração financeira e um estilo de vida extravagante, cheio de gastos exorbitantes com viagens, vinhos, guitarras, carros — e até sofá das Kardashians.
Um dos maiores nomes do cinema, com três indicações ao Oscar, Depp liderou o ranking dos atores mais bem pagos de Hollywood em 2011. Segundo a Forbes, ele ocupou o topo da lista, com ganhos de US$ 75 milhões anuais (R$ 380 milhões). A posição se deu graças ao papel de Chapeleiro Maluco, na versão 3D de "Alice no País das Maravilhas". Atualmente, porém, a realidade é outra, já que os trabalhos minguaram: o ator lançou o último filme em 2021 e alega que vive um boicote em Hollywood.
Desde o segundo e terceiro 'Piratas do Caribe', eu fiz US$ 650 milhões - e esse parece um número absurdo. Quando eu demiti [os agentes de negócios, em 2016], eu recebi a informação de que não só tinha perdido os US$ 650 milhões, mas que estava com US$ 100 milhões no buraco, porque não pagaram minhas taxas para o governo por 17 anos. disse Depp, durante o julgamento
Considerando seus bens, como 45 carros, 14 imóveis, coleção de arte e até uma ilha, a fortuna atual do astro é calculada em US$ 100 milhões — o equivalente a pouco mais de R$ 500 milhões. E os desdobramentos do tumultuado divórcio entre Depp e Amber Heard podem injetar uma boa grana nas contas do ator: caso ganhe o processo de difamação que move contra a ex-mulher, julgamento que está em curso, ele levará US$ 50 milhões, aproximadamente R$ 250 milhões.
Vida ultraextravagante
Apesar da quantidade de zeros na conta bancária de Depp, não é difícil entender como tanta grana foi para o espaço. Além da má administração de seus bens pelo The Management Group — como alegado pelo ator —, ele sempre ostentou gastos em níveis gigantescos.
Michael Kump, advogado do TMG, diz que Depp vive um "estilo de vida ultraextravagante, que muitas vezes custava mais de US$ 2 milhões por mês (R$ 10 milhões), para manter o que ele simplesmente não podia pagar". Ele afirma, ainda, que o ator já gastou milhões para empregar um exército de advogados para "salvá-lo de inúmeras crises legais".
Depp abriu um processo de mais de US$ 25 milhões, cerca de R$ 125 milhões, contra o TMG por negligência, violação de dever fiduciário e fraude que, além de ser dirigido por seu ex-gerente de negócios de longa data, Joel Mandel, também contava com a presença de seu irmão Robert no comando. Em 2019, eles chegaram a um acordo e o caso foi arquivado.
O processo cita, entre outras coisas, que Christi, irmã de Depp, com o apoio do TMG, recebeu US$ 7 milhões e seu assistente, Nathan Holmes, US$ 750 mil, sem o consentimento do ator. Em entrevista à Rolling Stone, ele disse que sua maior ira é direcionada a Joel, responsável direto por sua conta e parceiro de longa data.
Foram pagos ao IRS (Internal Revenue Service - serviço de receita do Governo Federal dos Estados Unidos) mais de US$ 5,6 milhões em multas por atraso. O processo também contou com cobranças adicionais de conflito de interesses, dizendo que o TMG investiu o dinheiro de Depp para seus próprios fins e o devolveu sem lucro. O TMG nega todas as irregularidades.
Mandando o amigo pro espaço... enquanto bebe bons vinhos
O TMG processa Depp por violar seu contrato verbal, alegando que ele deve US$ 4,2 milhões em empréstimos não pagos. O processo sugere, ainda, que o ator tem um transtorno compulsivo de gastos mensais com vinhos e outras excentricidades. À Rolling Stone, em 2018, Depp tirou sarro e disse que o TMG errou: "É um insulto dizer que gastei US$ 30 mil em vinho, porque era muito mais que isso".
O ator também contou que pagou US$ 5 milhões para atirar as cinzas do amigo Hunter S. Thompson em um canhão "na porr* do céu", em 2005, e não US$ 3 milhões, como dito pelo TMG.
De acordo com o TMG, US$ 7 mil da fortuna de Depp foram usados para comprar o sofá do set de "Keeping Up With the Kardashians", de presente para sua filha, Lily-Rose. Valor ínfimo perto dos US$ 75 milhões da sua fortuna destinados a comprar 14 residências.
Depp teria comprado cerca de 70 guitarras, 200 peças de arte, incluindo Basquiats e Warhols, 45 veículos de luxo e chegou a gastar US$ 200 mil por mês em viagens aéreas particulares, muitas delas para sua ilha particular nas Bahamas, que custou média de R$ 25 milhões, na cotação atual. Fora os passeios no iate, de US$ 18 milhões, em que recebeu ilustres convidados, como Brad Pitt e Angelina Jolie.
De acordo com o processo, Depp manteve um engenheiro de som na folha de pagamento para que ele pudesse alimentar suas falas por meio de um fone de ouvido durante as filmagens. Situação confirmada por ele. Além disso, ele gasta US$ 3,6 milhões por ano com 40 pessoas que compõem seu estafe, que trabalha 24 horas, sete dias por semana. O ator ainda foi processado por ex-guarda-costas que alegaram não terem recebido salários.
Vila francesa, fazenda e mais imóveis
Entre os imóveis, destaca-se uma vila francesa do século 19, perto de Saint-Tropez, comprada pelo artista em 2001. A estrutura conta com uma casa principal, seis chalés para visitas, um espaço destinado a um restaurante e um ateliê. Depp fez reformas milionárias e redecorou o espaço para deixar o lugar a seu gosto: instalou duas piscinas, uma quadra de basquete, pista de skate, uma adega, uma academia e uma igreja foi transformada em chalé para visitantes. Ela foi colocada à venda em 2015 e 2016, por US$ 25 milhões e US$ 63 milhões. Em 2021, ela voltou ao mercado por US$ 55,5 milhões, mas ainda não foi vendida.
Para ajudar a gastar mais ainda sua fortuna, suas cinco casas de Hollywood Hills custaram cerca de US$ 19 milhões. Para não faltar nada, ele ainda queria construir túneis subterrâneos para conectar todas elas, segundo a Us Weekly.
Com um dos seus primeiros grandes salários, ele comprou uma pequena fazenda de cavalos nos arredores de Lexington, no estado americano de Kentucky, para sua mãe Betty Sue. Logo após a compra, uma das irmãs de Depp e seu marido se mudaram e foram contratados para administrar a propriedade, o que engordou a folha de pagamento.
Apoio familiar para torrar a fortuna
De acordo com Depp, em conversa com a Rolling Stone, após anos mantendo-o no escuro, Mandel, o ex-agente, o comunicou que os gastos de sua família estavam fora de controle. Depp, então, pediu que ele enviasse um arquivo impresso com todas as despesas. Enquanto se maquiava para as gravações de "Piratas do Caribe", ele foi surpreendido: "São mais de 200 páginas", disse o assistente.
"[Minha irmã] estava comprando bolsas para minha mãe, que estava acamada", lembra Depp. "Joias, fod*-s* isso, aquilo, tudo." Em 2013, Depp foi informado de que a mãe, Betty Sue, tinha câncer terminal. Ele a levou para Los Angeles e alugou para ela uma casa de US$ 30 mil por mês.
Betty melhorou com o tratamento, e Depp informou que o contrato de aluguel deveria ser encerrado, de forma que a mãe pudesse voltar para Kentucky. Mas a casa continuou custando US$ 30 mil por mês porque, segundo Depp, Mandel esqueceu de cancelar o contrato. O TMG diz que renegociou o aluguel da casa conforme as instruções, o que exigia aviso prévio de quatro meses ao proprietário. Betty morreu em 2016.
Sem papéis em Hollywood
Depp, que deu vida a Jack Sparrow, deixou o famoso pirata dos cinemas sem um final. Segundo Jack Whigham, agente do artista, a forma abusiva como ele aparece nas ações movidas pela ex-mulher foi responsável pela sua saída de "Piratas do Caribe". Na última semana, seu agente revelou que Depp ganharia US$ 22,5 milhões — cerca de R$ 111 milhões, pelo sexto filme da franquia.
"Depois do artigo, foi impossível conseguir um filme de estúdio para ele", contou Whigham ao júri no tribunal da Virgínia. Agente de Depp desde 2016, ele disse que o acordo havia sido fechado com a Disney para que o ator voltasse a interpretar Jack Sparrow. No entanto, o estúdio decidiu "seguir por uma direção diferente" após as acusações de violência doméstica levadas a público por Amber Heard.
Em 2020, ele chegou a ganhar US$ 16 milhões pelo terceiro filme da franquia "Animais Fantásticos" — mesmo sem aparecer na obra, após ter sido demitido devido às acusações da ex-mulher.
Embora a escassez de filmes seja grande, Depp deverá voltar ao cinema em "Jeanne du Barry", quando interpretará o Rei Luís 15. Existe a expectativa de que a obra seja lançada em Cannes.
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