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'O Bebê': série transforma maternidade em terror com bebê demoníaco

Michelle de Swarte é protagonista da minissérie "The Baby", e precisa lidar com um bebê manipulador que causa mortes ao seu redor - Rekah Garton/HBO Max
Michelle de Swarte é protagonista da minissérie 'The Baby', e precisa lidar com um bebê manipulador que causa mortes ao seu redor Imagem: Rekah Garton/HBO Max

Laysa Zanetti

De Splash, em São Paulo

15/05/2022 04h00

Maternidade é praticamente história de terror para mulheres que não desejam ter filhos, mas o horror é levado para o lado literal na nova série limitada da HBO. Em "O Bebê", uma mulher tem sua vida transformada quando encontra uma criança fofa, mas manipuladora, que deixa para trás um rastro de sangue, mortes e tragédias.

Com oito episódios no total (o quarto chega à HBO e à HBO Max hoje à noite), a série é uma comédia com toques sombrios, que é produzida em parceria com o canal britânico Sky.

Na história, Michelle de Swarte interpreta Natasha, uma mulher de 38 anos que perde a paciência com suas melhores amigas que decidiram ter filhos e, consequentemente, outras prioridades em suas vidas. Quando um bebê cai no colo dela (literalmente), a vida de Natasha se transforma em um conto surreal de terror.

Isso porque o bebê, apesar de fofo, carrega consigo um mistério, que vai sendo revelado aos poucos. O que no início parece apenas uma aversão de Natasha à ideia de uma criança, transforma-se em um terror de verdade quando todas as tentativas dela de entregá-lo a alguma autoridade resultam em acidentes que acabam em morte.

Criada por Siân Robins-Grace ("Sex Education") e Lucy Gaymer (supervisora musical de "Fleabag"), "The Baby" está tão interessada no horror propriamente dito quanto no horror metafórico da maternidade. A trama se destaca justamente por trazer algo inédito para a premissa de que ter um filho, sobretudo para mulheres jovens ou independentes, pode ser um inferno.

Para Michelle, é isso que torna sua personagem interessante. "É um olhar inovador sobre como alguém encara a maternidade", contou ao site Bleeding Cool. "Como uma mulher é vista pela sociedade versus como ela se sente com a grande responsabilidade de ter um ser humano sob sua responsabilidade."

Um bebê "demoníaco" é o centro da história da nova série da HBO  - HBO Max/Rekah Garton - HBO Max/Rekah Garton
Um bebê "demoníaco" é o centro da história da nova série da HBO
Imagem: HBO Max/Rekah Garton

Mesmo com todas as nuances no tratamento de uma relação afetiva tão delicada, a série vai além do expositivo nos assuntos sérios e complexos. Ao invés de ser uma longa explicação de como a relação entre mães e filhos pode ser cruel e dolorosa, "The Baby" mostra isso através do humor com toques sombrios.

A câmera transforma a presença do bebê em cada uma das cenas em algo incômodo, ainda que ele se comporte, a princípio, de forma inocente e ingênua. No sentido físico e material, ele é um bebê como qualquer outro, que chora, observa e ri. Que mal ele poderia fazer se ainda não anda, não fala e não aparenta ser muito diferente de qualquer outro bebê de colo?

É aí que a direção e a fotografia brincam e se destacam. É dos olhares fixos e na imprevisibilidade das mortes e tragédias que ficam em seu rastro que a série tira o seu humor. Para alguns, ele pode até ser esquisito, mas cumpre com louvor sua função de tirar o espectador de uma zona de conforto.