Katiuscia Canoro desabafa: 'Ganho menos que homem mesmo com papel maior'
Katiuscia Canoro é só alegria. A atriz e comediante é uma das estrelas de "Vai Dar Nada", primeiro filme brasileiro da Paramount+ que chega na plataforma hoje.
Na trama, ela dá vida a Suzi, policial que comanda um desmanche de carros roubados para conseguir levar a vida que quer.
Em papo com Splash, porém, o assunto é mais sério. Katiuscia fala abertamente sobre a importância de artistas se posicionarem politicamente e a dificuldade que mulheres enfrentam para brilhar no humor.
Os homens não acham mulher engraçada. Eu ganho menos que um comediante homem, mesmo que meu papel seja maior. É triste.
desabafa Katiuscia
Força feminina
Mesmo fora da lei, Katiuscia defende as motivações e meios de Suzi em um Brasil de contradições. "Ela é uma anarquista. Usa o sistema para fazer a vida dela como ela acredita", pontua.
Na trama, apesar de estar no comando dos esquemas, Suzi ainda sofre nas mãos do marido Fernando, um golpista infiel que quase coloca tudo a perder. "Ser mulher é difícil demais", avalia a atriz.
"A mulher é criada para ficar quieta, falar baixo, sentar de perna fechada. Não foi criada para contestar nada. Foi criada para servir e criar pessoas que vão servir a esse sistema", reflete.
No humor, as comediantes também precisam lutar e muito pelo seu espaço. "Faço parte de uma geração que ajudou a abrir o lugar para a mulher. A gente não pode parar. Espero que eu possa influenciar outras mulheres a serem livres para falar, acabarem com a vergonha", diz.
'Você tem que ser assim, usar esse tipo de roupa, se encher de botox, grudar um cílio'. A indústria te vende isso. Eu luto contra essa normatividade. Não vou botar botox. Vou fazer 44 anos, estou cheia de rugas. Não vou botar silicone!
Lugar político
Em ano de eleição, Katiuscia vê com urgência a necessidade do posicionamento político dos artistas. Em suas redes sociais, desde o início da pandemia, ela já compartilhou vídeos ironizado e criticando o atual governo.
"O artista agora nunca foi tão mal visto. Colocaram a gente como um bando de vagabundo que não faz nada. Se eu posso usar minha voz para denunciar alguma coisa, preciso fazer isso. É minha obrigação", defende.
A gente está num retrocesso muito grande, tenho esperança que esse ano as coisas mudem, que a gente consiga tirar esse desgoverno
Em meio a um cenário de intolerância e ódio espalhado por todos os lados, Katiuscia espera que o humor seja mais do que uma válvula de escape: uma forma de contestar e refletir os tempos. Nada de piadas problemáticas ou preconceituosas.
"Eu vou fazer piada com quem mata e não com quem morre. Isso não é brincadeira. Humor é para fazer pensar. Essa é a nossa obrigação como humorista. Quem faz piada racista, misógina não é nem humorista, não entendeu o seu papel", conclui.
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