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Evandro Mesquita responde se guardou disco da Blitz censurado na ditadura

De Splash, em São Paulo

25/05/2022 10h51

O disco "As Aventuras da Blitz" (1982) tinha uma peculiaridade. Os fãs do grupo receberam o vinil com as duas primeiras faixas riscadas. Mas não era um defeito aleatório. As faixas foram riscadas propositalmente depois de serem censuradas pelo DCDP - Divisão de Censura de Diversões Públicas - que fazia esse controle durante a ditadura.

Em entrevista a Zeca Camargo no Splash Entrevista desta semana — você assiste ao vídeo na íntegra aí em cima —, Evandro Mesquita falou sobre como a banda lidou com o episódio.

Qualquer apresentador fala isso num programa de TV num domingo à tarde. [...] A gente achou que ia passar batido, que os censores não iriam ouvir nosso disco.

As músicas proibidas eram as duas últimas músicas do disco: "Cruel Cruel Esquizofrenético Blues" e "Ela Quer Morar Comigo na La". O motivo? A frase "ela diz que eu ando bundando" e o uso da palavra "peru".

"De certa forma ficamos orgulhosos. Porque isso aconteceu com Chico, Caetano", explicou o cantor.

O disco da Blitz e seus riscos nas últimas faixas - Reprodução - Reprodução
O disco da Blitz e seus riscos nas últimas faixas
Imagem: Reprodução

Com a proibição das duas músicas, a gravadora não teria tempo hábil para produzir uma nova master e fazer novas cópias para seguir o cronograma do lançamento. Segundo Evandro, riscar as 30 mil unidades do disco seria uma maneira ainda mais efusiva de demonstrar a agressão que estavam recebendo.

Zeca então levanta uma curiosidade de todos: será que a Blitz guardou uma dessas cópias sem os riscos?

Mas a resposta de Evandro Mesquita é negativa. Infelizmente todas elas foram danificadas mesmo.

O cantor e ator ainda explica que na época, em uma conversa com executivos de uma fabricante de vitrolas, houve um aumento na venda de agulhas para os aparelhos, já que as pessoas as danificavam ao tentar ouvir o que estava escondido ali. Mais tarde, as faixas foram lançadas em um compacto.