'Se Bolsonaro tiver que falar sério de um assunto ele tá fodid*', diz Uchôa
Ex-repórter da TV Globo, Marcos Uchôa criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL), e afirmou que o político faz uso de discursos falaciosos com ataques à imprensa e à política porque não tem capacidade de debater sobre assuntos sérios, como aqueles relacionados à economia, por exemplo.
Durante participação no podcast "Flow", Uchôa ressaltou que o ataque à política tradicional não é um fenômeno brasileiro, mas mundial. Ele citou como exemplo o caso do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, que, assim como o mandatário brasileiro, também é adepto da antipolítica, além de se autointitular "diferente de tudo".
Para Uchôa, Jair Bolsonaro "faz uso" dessa mesma "técnica", que também é bastante utilizada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan e pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.
No caso específico do político brasileiro, Bolsonaro recorre às fake news de forma proposital, de forma estudada, porque "falar merd* é conveniente" e porque se ele precisar "falar de assunto sério, está fodid*".
"Essa coisa da fake news não é sem querer, essa falsa imagem dele [de ser] popular, com farofa na calça, isso tudo é estudado, não é sem querer. Ficar atacando imprensa, não é sem querer. É o mesmo modelo. Agora, a quem interessa isso?", iniciou.
"Ele fala merd* porque falar merd* é conveniente. Se ele tiver que falar de economia ele está fudid*. Se ele tiver que falar sério de um assunto ele está fudid*. Então ele cria esses casos exatamente para evitar a conversa a sério, porque a conversa a sério não dá para ele", completou, ressaltando que "o Brasil andou para trás" sob a atual gestão.
Por fim, Marcos Uchôa pontuou que, embora Jair Bolsonaro se proclame como da antipolítica, o mandatário passou 27 anos como deputado federal e fez da política um negócio de família com três filhos em cargos públicos.
Durante a campanha eleitoral de 2018, Jair Bolsonaro fez duros ataques ao "Centrão" e à "velha política", mas, após se eleger, se aliou com os políticos que criticou durante o pleito. Recentemente, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub acusou o presidente de ter cedido ao "Centrão" e apontou que o mandatário seguiu rota contrária àquela prometida na campanha.
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