Versão filme de terror do clássico, 'Titanic 666' é naufrágio do bom senso

Não é de hoje que filmes e séries se apropriam de histórias reais para desenvolver roteiros fantasiosos e fictícios. Foi o que aconteceu com "Titanic". Dirigido por James Cameron e lançado em 1997, o drama revive a tragédia do famoso navio, que afundou após colidir com um iceberg em 1912, a partir da história de Jack (Leonardo DiCaprio) e Rose (Kate Winslet).

Mais de duas décadas depois, o diretor Nick Lyon achou que seria uma boa ideia contar novamente essa narrativa, mas dessa vez, como um filme de terror. Assim surgiu "Titanic 666", lançado pela plataforma Tubi.

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Por se tratar de um notório acidente, que aconteceu há mais de 100 anos, seria até mesmo possível que algo de bom surgisse, mas infelizmente não foi o caso. Aqui não há uma tentativa de analisar de maneira intelectualizada ou a partir da ideia de que filmes de terror não possam ser considerados cinema de verdade. Isso é bobagem. Toda e qualquer produção sim estar enquadrada como a sétima arte, mas é preciso fazer sentido dentro da sua própria lógica e ter qualidade em sua proposta. Exatamente onde "Titanic 666" falha miseravelmente.

O filme se inicia com cenas teoricamente acontecendo em 1912 — à época do naufrágio verdadeiro — e, quando a donzela em perigo consegue se salvar e não morrer afogada, a imagem do seu amado aparece de maneira fantasmagórica e a puxa para baixo. O que imaginamos então? Há uma espécie de maldição envolvendo aquela água. Zumbis tomam conta daquele lugar. Ou algo do gênero.

A história continua e o que o roteiro mostra é que a primeira cena não tem ligação alguma com o resto do longa. Nenhuma mesmo.

Em 2022, um navio chamado Titanic III fará a mesma rota que Titanic só para "honrar" aqueles que morreram, uma ideia péssima por si só. Além disso, serão vendidos artefatos que foram encontrados durante excursões em alto mar. A bisneta de uma das pessoas que morreu acredita que isso é um absurdo, entra escondida no navio e faz um ritual para trazer os espíritos dos mortos de volta para matar todos os presentes. É isso.

Com uma motivação fraca e um roteiro ruim, seria interessante termos efeitos especiais bons e sustos que valessem a pena. Mas nem isso é entregue. Os fantasmas são tão mal feitos que os filtros de Instagram são capazes de assustar mais. Eles são lentos, desfocados, genéricos e não assustariam nem mesmo uma criança pequena.

Para piorar, os personagens são desinteressantes, os diálogos são sem fundamento e não entregam nem mesmo uma cena engraçada ou memorável. A única frase digna de meme é dita por uma das funcionárias que controla o navio que diz: "Não consigo controlar os controles". E só. Mais nada.

Por incrível que pareça, há algo de positivo no filme, e são os atores. Eles se esforçam para tentar entregar o máximo de cada um, mas é impossível fazer isso quando simplesmente não há roteiro. Eles são os verdadeiros músicos do Titanic que ainda estão tocando enquanto o barco está afundando.

"Titanic 666" é o típico filme que não funciona em nenhuma esfera: não assusta, não diverte e nem entretém. Sua produção beira o inexplicável e afunda a boa vontade e paciência do espectador.