Primeira Bruaca, Ângela Leal lembra recepção da época: 'Virou piranha'
A atriz Ângela Leal interpretou Maria Bruaca na primeira versão de "Pantanal". Aos 74 anos, a mãe de Leandra Leal recorda como a personagem agora vivida por Isabel Teixeira foi enxergada pelo público em 1990, e comemora o fato de ela ser abraçada pela audiência atual.
"Muitas coisas mudaram desde então, começando pelo fato de que a internet nem existia direito", comparou, em entrevista para a coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo. "Naquela época, a mulher de 43 anos era considerada velha. A Bruaca é fruto de um período em que o preconceito estrutural estava instaurado."
Mesmo que a personagem já tenha sido um grande destaque na novela original, Ângela destaca que ela era motivo de zombaria e que, hoje, a situação é outra.
"O substantivo Bruaca virou uma chacota, um adjetivo como a bichinha, a galinha, a piranha, aquelas coisas que o preconceito estrutural permitia. E, para mim, é uma grnade felicidade perceber que depois de 32 anos a sociedade evolui em vários pontos desse assunto."
Hoje afastada da televisão e dedicada ao teatro da família, no centro do Rio de Janeiro, a atriz pontua que Maria Bruaca foi (e ainda é) crucial para o debate sobre liberdade feminina.
"Tenho certeza de que a Bruaca daquela época contribuiu, e muito, para a luta do feminino. Para o machismo, para a homarada, a Bruaca virou piranha quando deu a volta por cima. Já as mulheres levavam um choque elétrico. Imagine o mal-estar que era "uma Bruaca" com o marido assistindo à novela juntos, naquela época? Eu recebi muitas cartas de mulheres que queriam falar disso, mulheres que estava se juntando para discutir esses temas. Grande parte das mulheres de então era Bruaca. Hoje, elas ainda existem, mas menos. E a briga é mais clara. Tanto que o público a apoia majoritariamente."
Elogios a Isabel Teixeira
Com a repercussão positiva, Ângela também é só elogios para Isabel Teixeira.
"Sou muito agradecida ao Benedito por ter me dado a possibilidade de interpretar esse papel emblemático. Claro que pesa muito a interpretação. A Isabel está excelente também. Tem um charme, uma malemolência. A minha era um pouco mais dura, mais grave."
Fora de Controle
"O Benedito disse que a Bruaca era o único personagem da novela que tinha fugido das mãos dele", contou durante a entrevista, sobre todas as transformações pelas quais Bruaca vai passando ao longo da trama.
"Quando ele me chamou para fazer, a Bruaca era definida como uma mulher submissa que descobriria a traição e ficaria muito louca. Mas não estava claro como, nem qual caminho ela iria seguir. E deu uma reviravolta muito incrível. Virou chalaneira, depois vai para a tapera de Juma. Tudo isso tornou a personagem emblemática."
Por tudo isso, Ângela deixa claro o quanto a personagem é importante para ela:
"Sinto um orgulho muito grande por ter feito essa Bruaca. Ela preenche essa minha vontade de, como atriz, trabalhar para o bem da sociedade."
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