Guta Stresser detalha tratamento com remédio disponível no SUS e canabidiol
De Splash, em São Paulo
21/06/2022 11h27Atualizada em 21/06/2022 11h38
Guta Stresser, 49, revelou recentemente que receber o diagnóstico de esclerose múltipla foi "aterrorizante".
A atriz, conhecida por viver a Bebel em "A Grande Família" (TV Globo), descobriu a doença crônica sem cura, progressiva e autoimune que tem como características inflamação e perdas neuronais, há cerca de 1 ano e está fazendo o tratamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
O imunomodulador Fumarato de Dimetila, remédio caro e de difícil acesso usado por Guta, custaria cerca de R$ 6 mil na rede privada.
"Estou super fechada com a farmácia do SUS. Esse mecanismo de acesso a medicamentos funciona muito bem [...] Quando se fala de esclerose múltipla, é preciso lembrar que existem vários tipos da doença e vários tipos de medicamento para tratá-la, e nem toda pessoa se adapta ao mesmo remédio. No começo, por exemplo, tive uma reação e fiquei com a pele muito vermelha, sentindo calor. Minha médica falou para insistir e, com o tempo, fui me adaptando", contou em entrevista ao O Globo.
Além do imunomodelador, Guta também tem usado o óleo de canabidiol em seu tratamento. A substância é encontrada da planta Cannabis.
"O canadibiol entra mais como um amigo. Acredito muito na potência da Cannabis na redução de determinados problemas. Ouço muitos relatos de pessoas que sentem o mesmo com o uso do canadibiol", relata a artista.
Descoberta da doença
A atriz descobriu que estava com lesões no cérebro no início de 2021 após passar por uma ressonância magnética. De início, compartilhou o diagnóstico apenas com a família e o companheiro, o músico André Paixão. Ela diz que teve medo de perder trabalhos pelo estigma da doença.
Guta percebeu que "algo estava errado" pouco antes de participar da "Dança dos Famosos" em 2020. Ela sofreu uma queda em casa "como se de repente perdesse a força das próprias pernas", relata.
A atriz passou a ter dificuldade com coordenação motora e a esquecer palavras básicas, além de sentir tonturas e sofrer com um zumbido no ouvido. Inicialmente, achou que era labirintite, mas os exames mostraram que o diagnóstico era outro.
"Há horas em que o corpo parece enferrujar e o músculo endurece. Então precisamos estar em movimento. Isso mexe com uma questão estrutural, já que preciso, sim, fazer ginástica, fisioterapia e uma autoanálise diária. Práticas que precisam ser feitas com o lado direito e esquerdo do corpo, alternadamente, são boas, porque exercitam também o cérebro", conta a atriz.
Voltei a ler com mais afinco. Não paro mais um livro na metade, para treinar o foco. Para mim, realmente as dores e todos os sintomas aumentam no verão, quando está quente. Com a Ana (Beatriz Nogueira), fui aprendendo muita coisa. Ela tem muito conhecimento sobre a doença e me acolheu muito e me fez tranquila quanto à questão profissional. Ana me dizia, nesse período: 'Você não vê que estou sempre trabalhando, menina?'
Ajuda de Ana Beatriz Nogueira
A primeira pessoa fora do núcleo familiar com quem Guta compartilhou o diagnóstico foi a atriz Ana Beatriz Nogueira, que tem o mesmo tipo da doença, em forma remitente-recorrente, desde 2009. As duas atuaram juntas em "Malhação: vidas brasileiras", em 2018.
Ainda existe muito desconhecimento e preconceito com a doença. E foi muito importante me abrir com a Ana. Na hora em que contei, ela me fez rir tanto no telefone... Foi maravilhoso! Ela pediu para eu ver a sigla da minha doença e confirmou que tínhamos o mesmo tipo. E aí falou: 'Lembra que eu andava lá nos bastidores de 'Malhação' com uma bolsa térmica cheia de refrigerante geladinho? Então, é porque o calor, para gente, é um negócio horrível'. Guta Stresser à Veja
A atriz disse ainda que ficou emocionada com a "onda de afeto" recebida de amigos e fãs.
"Quando leio tudo, começo sempre a me debulhar em lágrimas e preciso dar uma desligada. No momento em que passo por um processo de tristeza, que é esse diagnóstico assustador, fico emocionada com a 'contra onda' de afeto e carinho, algo que não tem preço".
Festa pelos 50 anos
Depois do receio em revelar a doença, ela acredita que falar abertamente sobre a esclerose ajuda a minimizar os estigmas.
Passa um medo pela cabeça, do tipo: poxa, será que as pessoas vão parar de me chamar para trabalhar porque vão pensar 'Ih, a Guta está com esclerose múltipla'. Esse é um medo. Meu trabalho é meu próprio corpo. Preciso decorar um texto ou então levantar um copo, ou dar dez passos sem cair (risos). Fiquei, sim, com medo de as pessoas entrarem num preconceito e não me darem mais a oportunidade de trabalhar. Ser atriz é o meu sustento.
"Tive muito medo em abrir a doença. Mas hoje penso que o que não me mata me fortalece. Agora me sinto mais forte, de certa maneira. São muitas pessoas que também têm esclerose múltipla e vieram trocar informações. Vejo que há toda uma rede que se formou ao meu lado", conta.
Guta completa 50 anos em setembro e diz que tem que "comemorar muito" o aniversário.
"Fazer 50 anos assusta pelo lado natural da nossa finitude. Aliás, por acreditar na ciência, é que tenho a certeza dessa finitude. Sei que o relógio está correndo e que uma hora a vela apaga. Mas, vou te falar, estou muito melhor agora do que já estive antes, com relação à questão da idade. Realmente, me sinto melhor. Tem um lado da tranquilidade, sabe? Quero menos euforia".