Gilberto Gil lamenta prisão na ditadura em série: 'Constrangimento'
Gilberto Gil completa 80 anos no próximo domingo, mas o artista baiano já ganha uma homenagem hoje com o lançamento da série "Em Casa Com os Gil", disponível no Amazon Prime Video. A produção mostra a família Gil confinada durante a pandemia em um sítio de Araras, na região serrana do Rio, para realizar os ensaios da turnê que eles vão vai fazer na Europa no final deste mês e em julho.
Além de cada integrante escolher uma música para o repertório do show, Gil, os filhos, os netos e a bisneta abrem as portas da intimidade da família, relembram histórias do artista baiano e debatem assuntos presentes na sociedade, como racismo, ditadura militar, negacionismo científico e diversidade. Os diálogos dão naturalmente um tom político à produção dirigida por Andrucha Waddington.
Gil lembrou do terror que viveu ao ser preso pela ditadura militar, em 1968, em virtude da repressão do AI-5. Era o início do processo que levaria o artista ao exílio em Londres, na Inglaterra, no ano seguinte. Na Europa, ele conviveu com nomes como Caetano Veloso e Chico Buarque.
"Em 1968, fui preso no meu apartamento. Que constrangimento", lamentou o cantor, que à época tinha 26 anos e duas filhas pequenas, Nara e Marília, frutos do casamento com a primeira esposa, Belina de Aguiar.
Outro momento da política recente do nosso país lembrado na série foi o período em que Gil se tornou ministro da Cultura do governo Lula entre 2003 e 2008. A filha Maria — fruto do relacionamento com a segunda esposa, Sandra Gadelha —, lembrou que ele foi desacreditado por outros políticos da capital federal.
"Tinha um bolão de que ele não ia durar 6 meses", lembrou a filha em conversa com o pai e Preta Gil. Ela era quem acompanhava o então ministro em Brasília durante o período em que ele esteve ligado ao governo federal.
Nos diálogos da série, o músico e seus familiares tratam ainda de diversidade étnica e racismo estrutural. A origem da família é tema de "Origens: A Música no DNA da família Gil", especial produzido por MOV, a produtora de vídeos do UOL, em parceria com ECOA, a plataforma do UOL por um mundo melhor, e o Núcleo de Diversidade
Na série, Nara Gil recorda caso de racismo sofrido ao ser abordada por um segurança no Leblon, Zona Sul da cidade do Rio, prestes a entrar em seu carro com o filho, João Gil. "Um segurança me perguntou: 'o moleque está lhe incomodando?' Respondi: 'Moleque? É o meu filho'", disse, angustiada.
João, na sequência, relata que nota o racismo diariamente. "Se eu sentar no ônibus até hoje, o banco do meu lado vai ser o último a ser ocupado", afirmou.
"Tretas" em família
Todo reality, claro, tem suas tretas. Apesar de não ser o foco da produção, "Em Casa Com os Gil" também mostra discussões da família, mas muito naturais e sem grandes exaltações. Gil, por exemplo, discute sobre futebol com Bem, e discorda quando os filhos defendem a ideia de cortar sobrenomes para os nomes dos filhos não ficarem extensos.
Além das pequenas tretas, situações engraçadas também acontecem ao longo dos cinco episódios. O neto Bento, filho de Bem, conta a história de quando JP, marido de Bela Gil, levou um sushi vegano. "Era sushi de quiabo", disse, causando risos. O jovem de 18 anos, aliás, chama atenção ao questionar os familiares em diferentes momentos.
Bela, que cozinha feijoada com ingredientes saudáveis para a família inteira, também vive um momento engraçado. Sentados à mesa, ela ouve a irmã Preta comentar que um banheiro da casa estava entupido e, sem titubear, assume: "Fui eu". Para a influenciadora, essa exposição não foi um problema.
"Foi bem tranquilo. A gente, de certa forma, estava trabalhando e aproveitando essa oportunidade de estar juntos, é uma coisa rara. Pouquíssimas vezes a gente conseguiu reunir a família inteira por bastante tempo. Então, foi um presente. Tinha câmera escondida em milhões de lugares, mas foi bem natural e simples", diz Bela em conversa com Splash.
"A gente fez muito mais coisa do que está na série. Teve de tudo. Sinto informar: o que vocês estão vendo é a pontinha do ice berg", brinca, na sequência.
Segunda temporada está confirmada
Diferente da primeira temporada, a segunda temporada da produção vai acompanhar, de fato, a família durante a turnê pela Europa. Ainda não há previsão de lançamento, mas Bem já acredita que haverá mais conflitos durante as gravações na estrada.
"Vai ser desafiador em relação ao convívio. Todo mundo junto em uma casa já é complicado, mas na estrada gera um complicador ainda maior: você não tem descanso. Gera uma estafa física e emocional. Isso pode prejudicar de alguma forma a relação. Mas o convívio na casa, de fato, acabou sendo muito tranquilo na maior parte do tempo. A série transmite isso", diz Bem em bate-papo com Splash.
"A gente ouve das pessoas: 'queria fazer parte da família, impressionante como vocês são harmoniosos'. Isso é positivo para gente e para quem assiste. Tanto é que a gente está partindo para a estrada. Se desse ruim a experiencia em Araras, a gente teria cancelado a viagem e ficaria por aqui mesmo (risos). Na verdade, que bom que a gente se fortaleceu para poder encarar a estrada", completa.
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