Vida de Datena na política é marcada por idas e vindas e anúncios pela TV
Ele diz que agora vai. José Luiz Datena anunciou que deixa a apresentação do "Brasil Urgente" na Band no próximo dia 29 para ser candidato a senador pelo estado de São Paulo. A data é um cuidado legal, afinal apresentadores de rádio e TV devem deixar seus programas até o final de junho ou ficam inelegíveis, mas não significa necessariamente uma decisão definitiva.
Datena flerta muito e há muito tempo com a política. Muito tempo, mesmo. Sua primeira filiação foi em 1992, quando ingressou no PT em Ribeirão Preto (SP). Ele já namorou com vários partidos e lideranças políticas, mas ensaia "casar" em 2022 com a candidatura ao Senado pelo PSC (Partido Social Cristão), alinhado ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao candidato dele em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Acontece que até o altar ainda há um caminho.
Em 2018, Datena deixou a apresentação dos dois programas que comandava então, o mesmo "Brasil Urgente" de hoje e o dominical "Agora É com Datena" nas mãos do filho Joel Datena, mas voltou em menos de um mês.
A atração de final de semana chegou a mudar de nome — passou a ser "Agora é Domingo" com a saída do titular —, mas isso não impediu o retorno precoce.
Quatro anos atrás, ele se tornou intencionalmente inelegível. Foi no dia 9 de julho. Ele já havia indicado à campanha do então candidato a governador João Doria (PSDB) que pularia fora da chapa, mas para sair de vez do radar dos políticos apenas se ele não pudesse mesmo mais se candidatar.
E foi assim que, de surpresa, Datena surgiu apresentando o "Brasil Urgente", entrando no ar após o limite legal e se tornando inelegível para o pleito daquele ano. "Não era a hora de participar dessa política do jeito que ela está aí", disse, então.
Nos dias anteriores, a desistência do apresentador era tida como provável, mas certeza mesmo só foi dada quando ele tomou a irreversível decisão de entrar no ar no "Brasil Urgente". A boa relação de Datena com a Band e o fato de ter seus filhos como substitutos preferenciais joga a favor do apresentador, que pode levar a decisão ainda mais tarde que outros comunicadores que cogitem a política.
Por outro lado, na seara eleitoral, ele mantém as opções em aberto caso não apresente programas no rádio nem na TV. Os demais pré-requisitos ele preenche, uma vez que se filiou a um partido político antes do prazo máximo (no início de abril, seis meses antes da eleição) e tem domicílio eleitoral regular no estado de São Paulo.
Agora vai mesmo?
Segundo apurou o jornalista Fefito, colunista de Splash, a torcida na Band é que o jornalista não chegue a sair do ar, que ele desista de concorrer na data esperada para uma nova decisão, a próxima quarta-feira, dia 29.
A coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, noticia que há uma alternativa também cogitada nos bastidores, de que Datena possa apenas tirar férias de 30 dias nesse primeiro momento, mantendo o vínculo com a Band e deixando em aberto a possibilidade de retornar ao programa. As convenções partidárias, onde as candidaturas se tornam definitivas, estão previstas para ocorrer entre 20 de julho e 3 de agosto.
Na entrevista à Folha, Datena admite que a edição de quarta do "Brasil Urgente" não será "seu último programa", mas classifica como torcida infundada as especulações de que ainda considere não se candidatar. "Certamente tem um pessoal torcendo para que isso aconteça. Mas melhor pararem de torcer", disse.
Seja como for, o fato é que o escolhido da Band para o "Brasil Urgente" é mais uma vez um filho do apresentador, o advogado Vicente Datena. A partir de quinta-feira (30), é ele quem deve estar à frente do programa da emissora paulista.
Em um sinal de alguma incerteza sobre o arranjo, o colunista Fefito noticia que José Luiz Datena cogita trocar o filho-substituto, escalando mais uma vez Joel Datena para a missão. O fato de Joel ter mais bagagem como apresentador conta a favor, mas a opção desagrada a Band, uma vez que ele vem alcançando bons resultados à frente de atrações matinais do canal.
'A contragosto para caramba'
Além das idas e vindas, a relação do apresentador com a política coleciona algumas situações constrangedoras. Uma delas foi em 2018, no ato convocado para selar a candidatura ao Senado em aliança com Doria. Com o semblante carregado e todo de preto, o jornalista disse que estava lá "a contragosto para caramba", em luto pela perda de um amigo, como registrou a revista Veja.
Em 2021, misturou um tanto o apresentador e o político durante uma entrevista com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que evoluiu para uma discussão. "Não fosse eu, nem prefeito você seria", disse Datena. À época, o jornalista rememorava o fato de que era filiado ao MDB e negociou para ser candidato a vice na chapa de Bruno Covas (PSDB) nas eleições de 2020. Com a negativa de Datena, Covas anunciou Nunes, que herdou o comando da capital paulista após a morte do titular.
Mais recentemente, a situação embaraçosa veio com um entrevistado. Ao questionar um telespectador se deveria concorrer, Datena ouviu que sim, que deveria disputar e teria o voto do homem. O caldo entornou na sequência, quando o entrevistado defendeu a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Rindo, Datena disse que estava "do outro lado, por enquanto".
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