Hospital se 'solidariza' com Klara Castanho e vai investigar vazamento
O Hospital Brasil, onde Klara Castanho deu à luz, disse se solidarizar com a atriz e ter aberto uma sindicância para apurar o vazamento do prontuário médico dela. A artista de 21 anos gestou uma criança após ser estuprada e a entregou para a adoção.
"O Hospital Brasil tem como princípio preservar a privacidade de seus pacientes bem como o sigilo das informações do prontuário médico. O hospital se solidariza com a paciente e familiares e informa que abriu uma sindicância interna para a apuração desse fato", afirmou a instituição em nota.
A conduta dos profissionais de saúde envolvidos no atendimento de Klara Castanho será apurada por entidades profissionais e pela própria D'Or São Luiz, rede de saúde à qual pertence a unidade onde a atriz de 21 anos foi atendida.
A enfermeira que a atriz diz tê-la ameaçado de trazer a público a decisão da paciente de doar o bebê, que seria fruto de um estupro, agora é alvo da rede de hospitais. A empresa informa estar apurando internamente os fatos contidos na mensagem divulgada pela atriz em carta aberta nas redes sociais.
Em nota, na tarde deste domingo, o Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) afirmou que já determinou a apuração dos fatos e prestou solidariedade à atriz de 21 anos.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) manifesta profunda solidariedade à atriz Klara Castanho, que, após ser vítima de violência sexual, teve o seu direito à privacidade violado, durante processo de entrega voluntária para adoção, conforme assegura o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O Cofen afirma que "tomará todas as providências que lhe couber para a identificação dos responsáveis pelo vazamento de informações sigilosas pertinentes ao caso."
O princípio basilar da Enfermagem é a confiança. Portanto, o profissional de saúde que viola a privacidade do paciente em qualquer circunstância comete crime e atenta eticamente contra a profissão, conforme prevê o Art. 82 do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Casos assim devem ser rigorosamente punidos, para que não mais se repitam.
O Cofen também criticou a divulgação indevida da imprensa sobre o caso. "Da mesma forma, devem ser execrados comunicadores que deturpam a função social do jornalismo para destruir a vida das pessoas. Vida privada não é assunto público."
"Assim como Klara, milhões de mulheres brasileiras são vítimas de violência sexual todos os anos e não encontram o acolhimento a que têm direito. São julgadas, ultrajadas e abandonadas, com sequelas para a vida toda. Esse caso é reflexo de um problema muito mais profundo, que precisa ser enfrentado pela sociedade brasileira. Como uma força de trabalho majoritariamente feminina, a Enfermagem sente na pele o que é a violência de gênero", diz nota.
Que a revolta provocada pelo caso Klara Castanho sirva realmente para uma mudança verdadeira. As mulheres precisam ter os seus direitos reprodutivos respeitados e atendidos. A sociedade brasileira não pode continuar torturando mulheres como ela. O Cofen e a Enfermagem estão com Klara e com as mulheres vítimas de violência, contra os maus profissionais e contra o machismo. Estamos com todas as mulheres.
Abuso, gravidez e exposição de Klara Castanho
A história teve início após a apresentadora Antonia Fontenelle dizer em uma live que "uma atriz global de 21 anos teria engravidado e doado a criança para adoção". "Ela não quis olhar para o rosto da criança", afirmou Fontenelle.
Embora não tenha citado nominalmente Klara Castanho, os internautas imediatamente associaram a versão contada por Antonia à atriz. Após a declaração de Fontenelle repercutir, dezenas de internautas criticaram Klara Castanho e apontaram "falta de responsabilidade" da artista. Mesmo sem terem certeza do que aconteceu, a atriz foi julgada e atacada.
Procurada por Splash, Antonia Fontenelle questionou apenas: "e o que eu tenho a ver com isso?". Nas redes, ela publicou um relato em que classifica a história de "monstruosa" e disse que a doação de uma criança seria "abandono de incapaz".
Em carta aberta publicada no Instagram, Klara relatou que foi estuprada e engravidou, mesmo tendo tomado pílula do dia seguinte. Classificado por ela como "o relato mais difícil da minha vida", a artista explicou que não queria tornar o assunto público, mas já que a adoção foi exposta, resolveu se pronunciar.
Não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que eu sofri. Eu fui estuprada.
Klara não reportou a violência sexual à polícia por sentir "vergonha e culpa". Acreditou que, ao "fingir" que o episódio não aconteceu, ela "talvez esquecesse".
Ao dar prosseguimento ao relato, a atriz destaca que descobriu a gravidez ao passar mal e procurar um médico. Mas o profissional que a atendeu não se solidarizou com sua dor e a violência sofrida, mesmo após revelar que foi estuprada.
Incapaz de criar um filho fruto de um estupro, Klara Castanho optou pela doação do bebê que gerou e fez todos os procedimentos legais. Entretanto, quando teve a criança, teria sido ameaçada por uma enfermeira, que quis levar o caso a público por meio da imprensa.
Ela diz ainda que não demorou para que jornalistas passassem a procurá-la, ainda no hospital, para questionar sobre a gravidez e a adoção, mas, ao explicar-lhes que o filho foi fruto de uma violência, os repórteres se comprometeram em não publicar matéria a respeito. Até que o assunto ganhou força no Twitter sábado.
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