Klara Castanho: MP apura violação do sigilo profissional de enfermeira
O MPSP (Ministério Público de São Paulo) informou que solicitou apuração sobre a violação do sigilo profissional com a atriz Klara Castanho. A artista de 21 anos gestou uma criança após ser estuprada e a entregou para a adoção.
Klara relatou que, ainda na maca após o parto, uma enfermeira a ameaçou de vazar o ocorrido para a imprensa. Pouco tempo depois, enquanto a atriz ainda estava no hospital, colunistas a contataram com o objetivo de confirmar a história.
Em nota, a Promotoria de Justiça da Infância e de Santo André informou que todo o procedimento de entrega do recém-nascido para adoção seguiu integralmente o trâmite previsto no Estatuto da Criança e Adolescente.
A investigação do MPSP ocorrerá em sigilo.
O Hospital Brasil, onde Klara deu à luz, disse se solidarizar com a atriz e ter aberto uma sindicância para apurar o vazamento do prontuário médico dela.
A conduta dos profissionais de saúde envolvidos no atendimento de Klara Castanho também será apurada por entidades profissionais e pela própria D'Or São Luiz, rede de saúde à qual pertence à unidade onde a atriz de 21 anos foi atendida.
A enfermeira que a atriz diz tê-la ameaçado de trazer a público a decisão da paciente de doar o bebê, que seria fruto de um estupro, agora é alvo da rede de hospitais. A empresa informa estar apurando internamente os fatos contidos na mensagem divulgada pela atriz em carta aberta nas redes sociais.
Em nota, na tarde deste domingo, o Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) afirmou que já determinou a apuração dos fatos e prestou solidariedade à atriz.
Abuso, gravidez e exposição de Klara Castanho
A história teve início após a apresentadora Antonia Fontenelle dizer em uma live que "uma atriz global de 21 anos teria engravidado e entregado a criança para adoção". "Ela não quis olhar para o rosto da criança", afirmou Fontenelle.
Embora não tenha citado nominalmente Klara Castanho, os internautas imediatamente associaram a versão contada por Antonia à atriz. Após a declaração de Fontenelle repercutir, dezenas de internautas criticaram Klara Castanho e apontaram "falta de responsabilidade" da artista. Mesmo sem terem certeza do que aconteceu, a atriz foi julgada e atacada.
Procurada por Splash, Antonia Fontenelle questionou apenas: "e o que eu tenho a ver com isso?". Nas redes, ela publicou um relato em que classifica a história de "monstruosa" e disse que a doação de uma criança seria "abandono de incapaz".
Em carta aberta publicada no Instagram, Klara relatou que foi estuprada e engravidou, mesmo tendo tomado pílula do dia seguinte. Classificado por ela como "o relato mais difícil da minha vida", a artista explicou que não queria tornar o assunto público, mas já que a adoção foi exposta, resolveu se pronunciar.
Não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que eu sofri. Eu fui estuprada.
Klara Castanho
Klara não reportou a violência sexual à polícia por sentir "vergonha e culpa". Acreditou que, ao "fingir" que o episódio não aconteceu, ela "talvez esquecesse".
Ao dar prosseguimento ao relato, a atriz destaca que descobriu a gravidez ao passar mal e procurar um médico. Mas o profissional que a atendeu não se solidarizou com sua dor e a violência sofrida, mesmo após revelar que foi estuprada.
Incapaz de criar um filho fruto de um estupro, Klara Castanho optou pela doação do bebê que gerou e fez todos os procedimentos legais. Entretanto, quando teve a criança, teria sido ameaçada por uma enfermeira, que quis levar o caso a público por meio da imprensa.
Ela diz ainda que não demorou para que jornalistas passassem a procurá-la, ainda no hospital, para questionar sobre a gravidez e a adoção, mas, ao explicar-lhes que o filho foi fruto de uma violência, os repórteres se comprometeram em não publicar matéria a respeito. Até que o assunto ganhou força no Twitter neste último sábado (25), após o colunista do jornal Metrópoles, Leo Dias, detalhar o caso em uma matéria.
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