Fora da Caixa após assédio, Guimarães já expôs Band e irritou Datena
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, renunciou ao posto nesta quarta-feira (29), a pedido, após serem divulgadas uma série de acusações de assédio sexual partindo de funcionárias do banco. Ele foi denunciado por um grupo de cinco mulheres, que afirmam terem sido tocadas sem consentimento no ambiente de trabalho e serem alvos de uma série de abusos verbais, em notícia divulgada inicialmente pelo jornal Metrópoles. Ele nega as acusações.
Mas essa não foi a primeira polêmica na qual o aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) se envolveu.
Em 2020, o colunista do UOL Mauricio Stycer contou que Guimarães provocou a ira de José Luiz Datena ao dizer, na reunião ministerial amplamente divulgada em abril daquele ano, que a Band "queria dinheiro". A frase do ex-presidente da Caixa dava a entender que o banco recusou um pedido de ajuda da emissora.
"Acho que a gente tá com um problema de narrativa. Hoje de manhã, por exemplo, o pessoal da Band queria dinheiro. O ponto é o seguinte: vai ou não vai dar dinheiro pra Bandeirantes? Ah, não vai dar dinheiro pra Bandeirantes? Passei meia hora levando porrada, mas repliquei", afirmou ele.
Datena, um dos poucos jornalistas a terem acesso a Bolsonaro durante seu mandato e que tem pretensões de disputar o Senado por São Paulo justamente no palanque do presidente, já que ensaia sair pelo PSC, esbravejou contra a fala de Guimarães.
"O detalhe é que o cara [Guimarães] falou aí que o pessoal da Band queria dinheiro. Ele vai ter que falar quem da Band queria dinheiro. Vai ter [que falar] e provar isso, o presidente da Caixa. Seria bom marcar com ele, que já falou aqui umas 300 vezes, quem é que queria dinheiro aqui. Eu não queria. Ele vai ter que falar quem da Band queria dinheiro. Vai ter que provar isso ai", disse ele ao exibir o trecho na edição do "Brasil Urgente" daquele dia.
O apresentador, minutos depois, voltou ao tema. "Aí vem o cara [Guimarães] numa reunião ministerial com o presidente da República e diz 'o pessoal da Band quer dinheiro'. Se você deu dinheiro para alguém aqui da Band, Pedro, você indique para quem você deu, que com certeza essa pessoa vai ser demitida, se não foi uma coisa legal, se não foi mídia técnica. E do jeito que você colocou tem dúbia interpretação. Ou você prevaricou e o Bolsonaro devia te mandar embora hoje."
Segundo Datena, o "Brasil Urgente" vinha exibindo uma ação comercial da Caixa sobre o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600. O apresentador criticou seguidamente a fala de Pedro Guimarães, cobrando um esclarecimento sobre o que ele quis dizer na reunião ministerial.
Chateado também com Bolsonaro, o experiente jornalista seguiu o desabafo: "De preferência, eu não quero mais entrevistar o senhor presidente da República. Depois de uma atitude dessa eu gostaria que o presidente da República desse entrevista para quem ele quisesse. Com todo respeito que eu tenho a ele e ao cargo dele, eu me permito nunca mais fazer uma entrevista com ele", afirmou ele, que disse recentemente nunca ter apoiado Jair Bolsonaro.
A Band, na época, divulgou uma nota no "Jornal da Band", classificando a frase como "leviana e irresponsável".
"No vídeo da reunião ministerial, liberado pelo STF, aparece o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, dizendo que a Band 'está me pedindo dinheiro'. Essa frase soa leviana e irresponsável e tem que ser explicada por esse senhor. A Band se orgulha de operar com lisura na sua área comercial e não admite que qualquer de seus funcionários saia da linha técnica e rigorosa. Repudiamos a insinuação caluniosa que essa frase contém."
Também em nota, o presidente da Caixa disse que não teve a intenção de "sugerir a prática de qualquer conduta irregular ou ilícita" ao falar na reunião ministerial. Disse ele:
"Durante a reunião, me encontrava sob forte emoção. Todos sabem o momento que estamos atravessando na CAIXA, em especial para cumprir a hercúlea tarefa de levar o auxílio emergencial há (sic) mais de 50 milhões de brasileiros. Em nenhum momento pretendi desabonar pessoas ou instituições, muito menos sugerir a prática de qualquer conduta irregular ou ilícita."
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