Pai de seis e sem sair da comunidade: Como Manoel Soares assume 'Encontro'
Foram quase dois anos entrando no ar pontualmente às 6h50 todos os sábados, mas, a partir de amanhã, Manoel Soares encara um novo desafio. O jornalista estreia ao lado de Patrícia Poeta como apresentador do "Encontro", que também terá um novo horário: a partir das 9h30, antes do "Mais Você".
Antes conhecido do público por reportagens não apenas no próprio "É De Casa" mas também nos demais programas matutinos da TV Globo, o baiano de 43 anos encara com sobriedade a nova etapa na carreira e o maior destaque que esta lhe traz.
"O espaço que eu conquistei tem muito mais a ver com quem veio antes de mim", destaca, em entrevista a Splash. "Quando olhamos para o trabalho de Glória Maria, do Heraldo [Pereira], Milton Gonçalves e tudo o que as pessoas já fizeram eu acabo ficando em uma posição confortável. Tenho que honrar o que eles já fizeram. A terra está pavimentada, mas teve gente derrubando árvores em uma mata fechada."
Com a saída de Fátima Bernardes do programa que comandou por uma década, o "Encontro" ganha uma nova cara. Será apresentado dos estúdios da Globo em São Paulo, com um cenário modernizado e uma estrutura tecnológica maior. Para Manoel, isso não significa deixar de lado hábitos que ele considera essenciais para o seu entendimento da sociedade.
"Eu sou muito estudioso, sou quase que um sociólogo orgânico. Então, para mim, é lindo o que está acontecendo porque eu estudo as pessoas. Ao mesmo tempo em que estou lendo as pesquisas de audiência, eu vou na feira de Paraisópolis de manhã, vou cortar o cabelo lá em Heliópolis para saber o que as pessoas estão sentindo, se o corte blindado ainda está ou não ativo. Estou muito nesse flow. Então, para mim, é mágico. Não quero, por conta da visibilidade que obviamente ficará cada vez mais intensificada, deixar de ir à [rua] 25 de Março, sentar e conversar com as pessoas, ir até a Praça da Sé entender o que está acontecendo", desabafa.
Para ele, estar em São Paulo traz a possibilidade de viver tudo isso com ainda mais fervor.
"Tenho uma relação com São Paulo que é viver a cidade intensamente. Para mim, é muito legal às vezes estar andando pelo centro de São Paulo às 23h30 e uma pessoa que teoricamente seria considerada pelo estereótipo social como 'mal-encarada' olha para mim e fala: 'Ô, negão, gosto muito do seu trabalho.' E isso para mim é fantástico. Já vivi situações que vocês não imaginam nessa cidade."
Essa vivência pública, para ele, inclui a própria família e seus seis filhos.
"Tem uma coisa sobre a qual eu sempre converso com meus filhos", afirma. "Eles não são mais nem menos por serem meus filhos, e eles têm responsabilidades e deveres independente desse contexto. Conseguimos levar para eles uma educação de comportamento para reduzir a margem de risco, e é esse o grande objetivo: não fazê-los reféns da dor, mas criar um ambiente de comportamento que reduz a margem de risco. Quando você, por conta do cenário social, ensina seu filho a se comportar em uma abordagem policial, conversa sobre isso em casa, reduz."
Mesmo assim, ele conta que o maior desafio com os filhos é outro: um aprendizado que ele mesmo recebe dos menores.
"Meu maior desafio é onde meus filhos estão me ensinando. Eu tenho dois filhos que são autistas, os dois pequenos. E eu nunca parei de estudar os micro movimentos que impactam a vida de uma pessoa no espectro autista, e quem está me ensinando isso são os meus filhos. Muitas vezes, chego em casa com o som do carro bem alto, e isso desorganiza o meu pequenininho. Então, minha filha só olha na janela e manda eu baixar o som, porque ele tem uma hipersensibilidade auditiva. A grande sacada da vida é isso, eu ensinar meus filhos a partir do meu ponto de visão, e eles me devolverem esse processo pedagógico."
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