Demitido do SBT, Leo Lins acumula polêmicas com piadas preconceituosas
Criticado por fazer piada envolvendo o Teleton e uma criança com hidrocefalia, o humorista Leo Lins, de 39 anos, não faz mais parte do SBT. Na filmagem, ele cita o Teleton, que arrecada dinheiro em ações do SBT para ajudar crianças com deficiência, e conta a história de uma garoto do Ceará.
"Eu acho muito legal o Teleton, porque eles ajudam crianças com vários tipos de problema. Vi um vídeo de um garoto no interior do Ceará com hidrocefalia. O lado bom é que o único lugar na cidade onde tem água é a cabeça dele. A família nem mandou tirar, instalou um poço. Agora o pai puxa a água do filho e estão todos felizes", declarou ao público.
Mas essa não é a primeira vez que o humorista, que fazia parte do quadro de integrantes do programa "The Noite com Danilo Gentili", é criticado por fazer piadas preconceituosas.
Piadas gordofóbicas
Leo Lins já expôs a influenciadora Thais Carla ao fazer piada sobre um vídeo em que ela demonstra a dificuldade de pessoas gordas para ter acesso às poltronas de avião. Ele foi condenado a pagar R$ 5 mil por isso.
A juíza Carolina Almeida da Cunha Guedes evidenciou que o comportamento dele foi ofensivo, promoveu discurso de ódio e incitou outras pessoas a atacarem a dançarina nas redes sociais, "exalando inequívoca gordofobia".
Em entrevista a Universa, Thais Carla destacou a importância de a ação ter levado em conta o caráter gordofóbico do conteúdo de Leo Lins. "Que seja exemplo para pessoas gordas, que a gente não se cale. E meu trabalho vai além da 'blogueiragem', disse.
Ele também já usou a imagem da modelo plus size Bia Gremion e de seu namorado, Lorenzo, um homem trans, nas redes sociais. Na foto, o casal aparece de lingerie para abordar autoestima. "Chamei sua atenção? Que bom", escreveu ele, antes de divulgar data e local das apresentações.
Em entrevista a Universa, Bia, de 23 anos, reforçou que além de fazer piada com o corpo dos dois, ele incitou centenas de comentários negativos. "Foi muito gordofóbico, muito transfóbico, os comentários que surgiram foram incitados para ampliar esse tipo de ódio", disse ela, que fez uma denúncia no 52º DP, em São Paulo.
Piada transfóbica
A Justiça de São Paulo, em fevereiro deste ano, condenou o humorista a pagar uma indenização de R$ 15 mil por ter feito piadas com uma mulher transgênero. O fato aconteceu em 2018 quando o humorista gravou um vídeo para divulgar um show na cidade de Jacareí, no interior de São Paulo. No início da gravação, ele compara a história da cidade com a da cabeleireira Whitney Martins de Oliveira.
"O povoamento da região só começou em 1652 com a chegada de Antônio Afonso, fundador de Nossa Senhora da Conceição da Parayba, que cresceu e virou Jacareí", disse. "Assim como Jurandir, que cresceu e virou Babalu", referindo-se ao antigo nome e ao apelido de Whitney.
O então funcionário do SBT usou a imagem de Whitney na divulgação, que fez a denúncia por se sentir exposta. A juíza Mariana Sperb, que condenou o humorista, afirmou que ele fez chacota de Whitney. "O conteúdo do vídeo a tratou com zombaria e deboche", afirmou.
Queda do avião da Chapecoense
Além de fazer piada com a aparência de pessoas, Leo Lins já causou polêmica ao usar a queda do avião do time Chapecoense, tragédia que matou 71 pessoas em 2016, durante um show de stand-up em 2018. Ele comparou o acidente à morte do jogador Daniel, conhecido por ter atuado pelo São Paulo, assassinado em São José dos Pinhais (PR).
"Pelo menos ele morreu depois de comer coisa boa. Não foi como os jogadores da Chapecoense, que era comida de avião", disse no vídeo que foi publicado em seu canal no YouTube e revoltou torcedores e familiares dos jogadores mortos.
No ano seguinte, ele voltou a citar o acidente da Chapecoense em vídeo do canal Castro Brothers. Em trocadilho com a expressão "pão na chapa", ele disse que pão que cai no chão é "pão na Chape".
Tragédia no Japão
Após o Japão passar por uma série de tragédias em 2011, que envolveu um terremoto, tsunami e acidente nuclear, Leo Lins fez piadas envolvendo o país. Um vídeo, que que misturava imagens da tragédia com trechos de um show de humor, viralizou dois anos depois quando ele tentava tirar visto para entrar no país e fazer shows.
Brasileiros que viviam no país fizeram um abaixo-assinado para que ele não fosse autorizado a entrar no país asiático. O documento foi encaminhado ao consulado e, dias depois, ele perdeu o visto que havia conseguido. Na época, as autoridades locais negaram que o veto teve relação com o vídeo.
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