Provocado na Bienal, Lázaro Ramos diz que queria ser presidente do Brasil
"Já pensou Taís de primeira-dama? Pô, tô benzão", brincou Lázaro Ramos hoje na Bienal do Livro de São Paulo ao ser questionado por uma participante do evento se pensa em se candidatar a algum cargo político. O questionamento veio depois de uma conversa sobre a contribuição da literatura para crianças e jovens na reconstrução do Brasil.
"Será, gente? Convite tem muito, mas... Não sei! Eu queria ser presidente do Brasil. Eu queria", admitiu o ator e escritor que esteve no evento para falar sobre seus livros infantis como "Edith e a Velha Sentada", "O Pulo do Coelho", "O Caderno de Rimas de João" e "O Caderno Sem Rimas da Maria", esses últimos dedicados aos seus filhos com Taís Araújo, Maria Antônia e João Vicente.
Já no início do bate-papo com o público presente, boa parte dele composto por professores e crianças que iniciaram hoje o período de férias escolares e lotaram a arena principal da Bienal, Lázaro Ramos fez uma provocação. "A gente escreve para criança. Para as crianças já irem botando na cabeça o 'fora Bolsonaro'."
Para ele, a literatura infantil é essencial para que as crianças aprendam e convivam com o que o Brasil é. "Um país diverso. Esse é o nosso valor e a gente se perde quando esquece isso."
Lázaro, que hoje se diz à vontade para também se definir como escritor, além de ator, diz que nem sempre foi assim. Ele não teve acesso à literatura na infância e contou que até os 15 anos só lia por obrigação na escola.
Tudo mudou quando ele se interessou por interpretação e ganhou de presente do ator Wilton Cobra o livro "O Ator e o Método", de Eugênio Kusnet.
"Foi a primeira vez que eu li por prazer, para falar de uma paixão que eu tinha que era a atuação. A partir daí a chave virou e eu vi a importância do livro na minha vida. Aí li meu segundo livro por prazer que se chama 'Fernão Capelo Gaivota'", contou o autor de "Na Minha Pele".
Lázaro ainda aproveitou o espaço na Bienal do Livro para falar sobre a importância do exemplo dentro de casa, e contou um pouco mais sobre sua rotina de leitura com os filhos de 7 e 11 anos. "Tem que ser exemplo. Não existe falar para uma criança ler, se você não lê. As crianças estão nos observando o tempo todo."
"Em casa, a gente lê na frente deles, lê com eles, espalha livros pela casa. Nossa casa às vezes parece uma bagunça porque tem livro em todo canto. Mas é justamente para o livro se tornar uma ferramenta de afeto, carinho e naturalidade dentro do ambiente em que as crianças vivem."
"Não existe conhecimento possível quando a gente celebra a ignorância"
Ainda no tema da contribuição da literatura na formação de pessoas, Lázaro mais uma vez provocou sobre como vê a reconstrução do país após uma era de desvalorização da cultura, algo impensável em um evento dedicado totalmente ao livro e lotado até mesmo em uma segunda-feira à tarde.
"Para reconstruir esse país, primeiro, tem que trocar de presidente. Estou falando isso como provocação, mas é porque não tem como a gente nesse espaço tão importante não debater isso", pontuou o ator e escritor.
"A gente está vindo de um período onde tem uma celebração a ignorância, uma desvalorização da educação, da figura dos professores, do poder e da importância dos livros. Inclusive taxando mais os livros e liberando armas. Esse é o momento que a gente está vivendo e é preciso falar."
Aplaudido de pé, Lázaro concluiu seu discurso. "Precisamos voltar a valorizar a educação, a literatura, o acesso ao livro, a cultura. Não tem jeito. O país é feito disso também. Não existe conhecimento possível quando a gente celebra a ignorância, fake news, desinformação."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.