Como jurado da 'Dança dos Famosos' mudou a vida de Lázaro Ramos
Lázaro Ramos participou ontem da Bienal do Livro de São Paulo e falou sobre as pessoas que o ajudaram a se transformar no escritor e artista que é hoje. Curiosamente, um de seus mestres foi o coreógrafo baiano Zebrinha, que recentemente ficou mais conhecido do grande público como um dos jurados do quadro "Dança dos Famosos", no "Domingão com Huck".
O ator falou como seu conterrâneo teve papel fundamental em sua vida e formação crítica com uma metodologia única e eficaz: botar Lázaro para lavar louça. Para Lázaro, que já tem seis obras publicadas, parte delas dedicada ao público infantil, o coreógrafo é seu segundo pai.
Leia o depoimento de Lázaro Ramos sobre Zebrinha:
O Zebrinha tem um papel fundamental na minha vida. Ele é um grande coreógrafo brasileiro que com 16 anos de idade saiu do nosso país para tentar espaço na dança mundial. Fez uma carreira incrível e voltou para a Bahia fazendo um trabalho muito relevante na dança baiana dentro do balé folclórico da Bahia. Ele se tornou também coreógrafo do Bando de Teatro Olodum.
O Zebrinha falou muito sobre conhecimento e literatura para mim. Ele me mostrou referências que eu não tinha. Como Nina Simone, até o próprio Nelson Mandela é o Zebrinha que me apresenta. Ele tinha um processo lindo de passar conhecimento. Ele era muito disciplinador e fazia algumas coisas que eu só fui entender muito tempo depois.
Ele fazia alguns almoços nos domingos na casa dele e levava jovens artistas e artistas mais velhos. Todas as vezes que eu chegava, depois que a gente almoçava ele falava que era meu dia de lavar o prato. E eu achava que era somente para ele me dar a lição de que eu precisava ser responsável pelos cuidados da casa também.
Anos depois que entendi. O lugar da pia dele era exatamente onde tinha uma janela grande e vários escritores, dançarinos e atores ficavam sentados após o almoço conversando. E ao lavar os pratos naquela janela eu não tinha outra coisa a fazer a não ser escutar esses escritores.
Foi a técnica que ele teve para me parar enquanto adolescente agitado e prestar atenção nesses escritores que falavam sobre suas inspirações. E aí a transformação veio. Porque eu tive essa oportunidade de parar e escutar.
Zebrinha é meu segundo pai.
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