Miriam Leitão sobre ataques bolsonaristas: 'Minha briga não é pessoal'
Miriam Leitão participou hoje da conversa "Ser Jornalista no Brasil" ao lado das colegas Ilze Scamparini e Daniela Arbex na Bienal do Livro de São Paulo. A jornalista e autora do livro "A Democracia na Armadilha: crônicas do desgoverno" já foi atacada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (PL), seus filhos e apoiadores, e explicou a lógica por trás desses ataques.
"A democracia está sob ataque. E quando a democracia está sob ataque, o jornalismo está sob ataque. São completamente ligados. A democracia precisa de um jornalismo independente e plural e o jornalismo precisa da democracia para sobreviver de forma independente", explicou Miriam, que chamou os ataques de "deliberados" e "organizados".
"O Presidente da República faz um ataque pessoal a algum jornalista, preferencialmente uma mulher, que ele gosta mais de atacar. Em seguida vem toda a tropa de robôs organizados por grupos bolsonaristas para atacar aquela pessoa. Eu, que fui atacada pessoalmente, vi que no momento seguinte eu sofri trolagem na rede social."
Segundo Miriam, o objetivo inicial é desestabilizar a pessoa. Para ela, o ideal é não deixar que eles transformassem aquela briga em uma briga pessoal. "Eu não estou brigando com uma pessoa. Eu faço parte de um coletivo que quer manter a democracia no Brasil. Então não adianta me atacar pessoalmente porque eu não vou responder pessoalmente. A minha briga não é pessoal."
Miriam ainda lembrou do caso da jornalista Patrícia Campos Melo, do jornal Folha de S. Paulo, que foi alvo de uma fala sexista do presidente e levou o caso à Justiça, onde Jair Bolsonaro acabou condenado à pagar uma multa de R$ 35 mil.
"Algumas pessoas também mostraram como reagir de forma brilhante, como a Patrícia Campos Mello. Ela foi para a justiça e ganhou. E ganhou em nome de todas nós mulheres."
Para a jornalista da GloboNews, tais ataques não são "por acaso". "Faz parte do pacote. Eles querem enfraquecer as bases da democracia brasileira. E isso o governante nunca escondeu. Ele sempre quis e vai continuar tentando fazer isso."
Com 50 anos de carreira, Miriam Leitão ainda lembrou do início e refletiu sobre as armadilhas e sinais que volta a enxergar no atual governo.
"Eu comecei no jornalismo em plena Ditadura. Era muito perigoso. A notícia era proibida logo. É preciso saber exatamente que é um privilégio estar em um espaço em que você fala, informa, noticia, comenta, traz à luz", diz sobre a importância da imprensa livre.
"O grande risco é achar que aquele que ameaça a democracia está só fazendo bravata, é só uma pessoa esquisita, estúpida. O grande recado que fica é que o maior risco é não perceber o tamanho do risco."
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