Poucos apresentadores têm o perfil para um programa como o "É de Casa". Com cinco horas de duração, a atração começou o programa de hoje falando sobre tirar leite de vaca e chegou até a cobertura do incêndio na região central de São Paulo, passando pelas últimas novidades de "Pantanal" e pelo caso do anestesista preso por estupro no Rio de Janeiro.
Dos muitos nomes que já passaram pelo programa, no entanto, nenhum esteve tão à vontade com tudo quanto é assunto como Maria Beltrão. Muito verdadeira e carismática, Beltrão carrega uma qualidade única para uma jornalista, que é a capacidade de ler, ouvir e se interessar genuinamente por qualquer assunto que seja importante para o público de casa.
Totalmente "em casa" no programa dos sábados da Globo, ela relembra histórias da sua infância e carreira com naturalidade de quem realmente gosta de contar algo do que viveu em um café entre amigos.
A apresentadora, é claro, carrega a experiência de GloboNews, tanto da apresentação eventual de jornais quanto do "Estúdio i", que na sua gestão era mais eclético e também passeava por diferentes temas. Do programa, ainda carrega a experiência de maestra, posto que exerce também na divisão do É de Casa com Rita Batista, Talitha Morete e Thiago Oliveira.
A chegada de Maria Beltrão à TV aberta é prova da análise feita pelo colunista de Splash Lucas Pasin: a Globo busca carisma. Mais do que formatos, a emissora quer apresentadores que conquistem o público com a sua simpatia. Viu que deu certo com Marcos Mion, que ressuscitou o "Caldeirão", e agora quer fazer o mesmo com Ivete Sangalo e o seu "Pipoca". Maísa Silva e Sabrina Sato engrossam a lista dos embaixadores de si mesmo na tela da emissora.
O azar da Globo hoje é que Maria Beltrão é uma só. Quem dera a jornalista tivesse pique para apresentar o programa dos sábados e se manter nas tardes da TV paga, onde faz muita falta, ou até estar à frente de uma atração diária da TV Globo, uma vez que ela parecer combinar bem com quase qualquer atração da grade da emissora carioca, dos jornais até uma eventual volta do "Video Show".
Nas redes sociais, o desempenho da apresentadora é muito elogiado. As poucas críticas ficam para ironias ao fato de ela estar tratando de temas mais corriqueiros do que os que ela tratava antes, como "Pantanal" ou o melhor tipo de ar condicionado para a sua casa.
A audiência, no entanto, precisa reagir. Na estreia da nova formação do "É de Casa", na semana passada, o programa registrou 6,2 pontos, menos do que os quase 7 pontos da semana anterior, quando se despediu a antiga equipe liderada por Patrícia Poeta. Sem dúvida, é isso que a Globo e os anunciantes vão olhar em primeiro lugar, mas mais fluido e divertido, o programa tem tudo para reagir.
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