Fortuna: quanto vale quadro de Van Gogh achado após 100 anos?
Vincent Van Gogh (1853-1890) é um dos maiores nomes das artes visuais, mas que não teve o devido reconhecimento em vida. Contudo, deixou um legado que tem grande importância nos dias atuais, e que continua surpreendendo com novas descobertas, como seu autorretrato recém-encontrado atrás de um quadro por uma galeria na Escócia após mais de 100 anos.
A obra foi descoberta graças a um estudo utilizando raio-X da tela "Retrato de Mulher (Cabeça de Camponesa)", feita em 1885 por Van Gogh, antes de uma exposição sobre o Impressionismo no museu escocês.
O retrato foi encontrado atrás da tela, coberto por camadas de cola e papelão, que aparentemente foram colocadas antes de uma exposição no início do século 20.
Um detalhe que chama a atenção nesta 'selfie' perdida — que mostra um homem barbudo sentado usando um chapéu e um lenço no pescoço — é que a orelha esquerda (que o pintor cortou em 1888) pode ser vista perfeitamente.
Agora, os especialistas estudam como as duas pinturas poderiam ser separadas, após a remoção da cola e do papelão, um trabalho muito delicado para que "Retrato de Mulher (Cabeça de Camponesa)" não seja danificado.
Quanto valeria o autorretrato de Van Gogh?
Durante sua vida, Van Gogh não vendeu quase nenhum quadro, embora atualmente as suas obras valham centenas de milhões de reais.
E essa nova obra descoberta, que é algo raro, segundo a curadora principal da Galeria Nacional da Escócia, Lesley Stevenson, certamente ultrapassa valores milionários. Mas para ter uma estimativa, diversos fatores devem ser considerados.
O galerista Nicholas Bublitz, proprietário da Bublitz Galeria de Arte, em Porto Alegre (RS), explica que por se tratar de uma obra inédita e de Van Gogh, um dos artistas mais importantes e conhecidos do mundo, facilmente poderia ser vendida por um valor acima de R$ 150 milhões.
Mas, para isso, inicialmente devem ser feitos estudos para comprovar a veracidade do artista, o tamanho da obra, o contexto histórico e muito mais.
"Em um caso como esse, a primeira coisa a se saber é se de fato foi feita por Van Gogh. Após esse reconhecimento, estudiosos e especialistas fazem o processo de restauração, o que pode convertê-la a um valor extraordinário", disse.
Vale lembrar que em 2021, uma obra do pintor, chamada 'Cena de Rua em Montmartre', datada de 1885 e que nunca havia sido exibida, foi vendida por quase R$ 90 milhões. O óleo sobre tela foi recuperado de uma coleção particular.
E uma curiosidade que Bublitz ressalta é que esta tela foi adquirida por apenas 45 libras esterlinas, o equivalente a cerca de R$ 260. Todavia, a importância histórica quanto à autenticidade definiu o preço maior para o quadro.
"O reconhecimento da autenticidade muda tudo. Se fosse caso de uma cópia, não teria nenhum valor. Mas por se tratar de um legítimo Van Gogh, alcança outro patamar", enfatizou.
As obras mais caras de Van Gogh
As pinturas de Van Gogh vão muito além do comum, mostrando grande profundidade emocional, mental e espiritual - características que o artista adquiriu ao longo de uma vida marcada por instabilidade interna.
Por isso, tornou-se sucesso e suas obras facilmente alcançam valores milionários. O mais caro deles é "Noite Estrelada", de 1889.
É uma tela pequena, com 53 cm de largura e 77 cm de altura, mas muito importante, capaz de atrair milhões de visitantes por ano ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, onde ela fica exposta, como parte da coleção permanente.
Apesar de nunca ter sido vendida ou leiloada, a estimativa é que o quadro mais famoso de Van Gogh tenha valor de aproximadamente US$ 100 milhões, cerca de R$ 513 milhões.
A imagem retrata a vista da janela do quarto da clínica onde o pintor ficou internado no manicômio Saint-Paul-de-Mausole em Saint-Rémy, no sul da França, por ter decepado parte de sua orelha.
A obra "Retrato do Dr. Gachet", de 1890, também carrega um grande momento da vida do artista, quando saiu de Saint-Paul-de-Mausole e foi encaminhado para o Dr. Paul-Ferdinand Gachet, para supervisão contínua.
A tela foi a venda mais valiosa conhecida entre as obras de Van Gogh, em 15 de maio de 1990, em um leilão de Nova York. O comprador foi o industrial japonês Ryoei Saito, que desembolsou US$ 82,5 milhões (cerca de R$ 423 milhões).
Saito pretendia cremar a pintura junto com o seu corpo, quando morresse. Mas uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada em 1999, revelou que isso não aconteceu. O industrial faleceu em 1996 e um porta-voz da empresa confirmou que a obra não foi cremada.
Qual o valor de uma obra de arte?
A pintura mais cara do mundo é a "Salvator Mundi", produzida por Leonardo da Vinci, em 1500. Em novembro de 2017, o quadro foi vendido por US$ 450.312.512, valor superior a 2,6 bilhões de reais.
A obra retrata Jesus Cristo com um vestido renascentista azul, fazendo o sinal da cruz com a mão direita e segurando uma esfera de cristal com a mão esquerda. O que, segundo os especialistas em arte, representa, de algum modo, a esfera celestial dos céus.
Mas o que determina o valor de uma obra? Para leigos no mundo das artes, ver preços tão diferentes pode ser algo bem confuso.
Quem entende do assunto aponta diversos fatores. Augusto Arbizo, diretor da galleria 11R, de Nova York, informou ao site "Histórias das Artes" que "o preço é determinado desde os custos de produção das obras até a sua importância histórica".
"Cada período da história da arte teve os responsáveis por escrever o vocabulário", disse o artista britânico Allen Jones ao site Artnet, em 2016.
Assim, incluir um artista em uma exposição em galeria ou museu ou em coleções geralmente tem um impacto positivo no preço das obras.
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