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Rita Batista, do 'É de Casa', sofreu racismo após apresentar campanha do PT

Rita Batista apresentou programas eleitorais do PT em 2018 - Reprodução
Rita Batista apresentou programas eleitorais do PT em 2018 Imagem: Reprodução

De Splash, em São Paulo

16/07/2022 04h00

A apresentadora Rita Batista estreou no último sábado (9) como uma das apresentadoras do "É de Casa", da TV Globo. A jornalista, que acumulou experiência em emissoras na Bahia, ficou conhecida nacionalmente por apresentar o programa da campanha presidencial de Fernando Haddad (PT) na TV em 2018.

Na época que antecedeu a eleição presidencial vencida por Jair Bolsonaro (PL), Rita sofreu ofensas racistas e denunciou os casos à Polícia Civil e ao MP-BA (Ministério Público da Bahia), informou o jornal Correio.

Denúncia

Segundo a publicação, a apresentadora apresentou um "dossiê" em que listou ofensas racistas sofridas nas redes sociais após o início da veiculação das propagandas eleitorais na TV.

Entre os termos utilizados para ofender a jornalista aparecem "negona piranha", "saci pererê" e "imunda", listou o Correio.

"As pessoas estão cegas. Então, para cada leitura, porque tem muito perfil falso, eu via exatamente o estado em que estão as coisas", disse Rita em entrevista ao jornal na época.

Infelizmente, nosso país é, de fato, misógino, porque tem muito de 'puta', 'vadia'. É a misoginia clássica, o machismo. O país é homofóbico, racista e isso só evidencia tudo que a gente fala há 518 anos
Rita Batista ao jornal Correio, da Bahia, em 2018

Rita Batista comandava o programa "TVE Revista", da emissora estatal TV Educativa, na época em que fez as denúncias. Ela deixou o canal em fevereiro de 2020 após quatro anos na empresa, noticiou o Observatório da TV em 2020.

Indenização

Um ano após as eleições, Rita Batista ganhou um processo de danos morais contra um dos autores das ofensas. O valor da indenização definida pela Justiça não foi revelado pela jornalista.

A sentença assinada pela juíza Anna Karla Pereira Vianna de Castro, também divulgada pelo jornal Correio, diz que Rita foi chamada de "criatura horrenda que se prestou a fazer um trabalho sujo".

"A ideia não é ganhar dinheiro com as ações, nem onerar a Justiça, muito menos promover escárnio a imagem de quem quer que seja. O caráter é pedagógico, educativo e encorajador, porque cansa, dá trabalho, é dispendioso sim, mas não 'deixe para lá', não aceite como perda de tempo", pediu a jornalista nas redes sociais após a decisão ser divulgada.

Em 2020, ela afirmou que não se arrepende de ter apresentado a campanha de Fernando Haddad na TV ao responder à mensagem de um seguidor nas redes sociais.

A apresentadora não voltou a se pronunciar sobre punições a outros autores de ofensas racistas. O TJ-BA (Tribunal de Justiça da Bahia) não disponibiliza processos movidos por Rita Batista em 2018.

Estreia no 'É de Casa'

Rita se juntou à Talitha Morete e Thiago Oliveira no time de apresentadores do 'É de Casa' comandado por Maria Beltrão durante o último sábado (9).

A escalação vem depois de 2 anos atuando na reportagem dos matinais de entretenimento da Globo, o "Mais Você", o "Encontro" e o próprio programa dos sábados.

"É uma coroação de êxito, eu trabalhei para isso. Mudei para São Paulo em dezembro de 2020, e a oferta desde o início era para ser repórter dos programas da manhã. Fui entendendo as linguagens, as especificidades de cada produto enquanto fazia. Então, quando veio o convite para o 'É de Casa', aceitei na hora", contou em entrevista a Splash.

Além de atuar na reportagem e na apresentação de telejornais em afiliadas da Band e do SBT, Rita também teve passagens pelos programas "A Liga" e "Muito+", e fez matérias para o "Saia Justa", do canal GNT.