'Quero o Instagram de volta': por que famosos protestam contra mudanças?
Criado em 2010, o Instagram tinha originalmente o foco de apresentar fotos de amigos em ordem cronológica no feed. Com o tempo, mudanças foram acontecendo na plataforma que se tornou uma ferramenta de trabalho para uma gama de empresas e profissionais, com destaque para o surgimento dos influenciadores. No entanto, hoje, as fotos perderam espaço para vídeos, após a popularização do rival TikTok. As mudanças desagradaram parte dos usuários da rede social.
Influenciadoras famosas aderiram ao movimento "Make Instagram Instagram Again" — em tradução literal ao português, "Faça o Instagram ser o Instagram novamente". A campanha foi criada pelo perfil Illumitati, que visa o fim da "Tiktokização" da rede social, no início desta semana.
A petição conta com mais de 205 mil assinaturas e adesão de nomes como Kylie Jenner e Kim Kardashian, duas das pessoas mais seguidas do mundo na rede social. Kylie tem 361 milhões de seguidores no Instagram. Kim é acompanhada por 326 milhões de contas na plataforma.
Mas o que leva as famosas a protestarem contra as mudanças na rede social?
Entre anônimos e famosos, as críticas são voltadas a algumas novidades "importadas" do TikTok: o formato de navegação na vertical em tela cheia, o foco na produção de vídeos curtos (Reels) e aumento da recomendação de vídeos produzidos por perfis desconhecidos dos usuários, mas que possuem maior engajamento. Usuários também reclamam da queda do engajamento de fotos estáticas no feed e nos stories, prejudicando influenciadores e negócios, em especial os menores.
Kylie Jenner e Kim Kardashian compartilharam uma imagem da campanha que dizia: "Pare de tentar ser o TikTok. Eu só quero ver fotos fofas dos meus amigos".
Para Ju Fraccaroli, especialista em atendimento e satisfação do cliente, as recentes mudanças do Instagram atrapalham "a relação de confiança que os famosos criam com os fãs". Essa relação é rompida porque a rede social passa a privilegiar conteúdos virais em vídeo e não os conteúdos dos perfis que os usuários seguem organicamente.
Além disso, Fraccaroli relaciona a queda no engajamento dos perfis a busca do Instagram por aumentar o número de anúncios e, consequentemente, de lucro da plataforma.
"O Instagram como empresa quer ganhar dinheiro. O que ele faz? Ele obriga você a fazer anúncios para você chegar cada vez mais em seus seguidores que estão ali de forma orgânica, porque eles querem ver vocês".
Vídeo será o futuro, diz CEO do Instagram
Após as críticas nas redes sociais e apelo dos famosos, Adam Mosseri, CEO do Instagram, publicou um vídeo para esclarecer dúvidas sobre as mudanças na plataforma e confirmar que o futuro da plataforma será a produção de vídeos.
"Eu queria abordar algumas coisas em que estamos trabalhando para tornar o Instagram uma experiência melhor", descreveu ele na legenda.
Na publicação, ele falou dos testes para implementar o feed full screen (navegação em tela cheia), como funciona no TikTok, o qual favorece vídeos gravados na vertical em detrimento das publicações quadradas. Adam também explicou que as fotos vão continuar na rede social, mas os vídeos tendem a ganhar destaque.
"O Instagram vai continuar suportando fotos, faz parte da nossa herança, eu amo fotos e sei que vocês também amam fotos. Dito isso, eu preciso ser honesto, acredito que o Instagram vai se tornar vídeo ao longo do tempo", disse.
Ele também pontuou que o algoritmo da plataforma vai recomendar mais publicações de perfis não seguidos pelo usuário. Isso já acontecia na aba "Explorar", mas também passa a ser comum no feed. "Se você vir algo no seu feed desinteressante, significa que estamos fazendo um trabalho ruim de ranqueamento e precisamos melhorar", afirmou.
Mas... o discurso mudou
Após o vídeo de Mosseri afirmando que as mudanças na plataforma serão contínuas, no entanto, o discurso oficial do Instagram mudou. Essas novidades na rede social podem até ter vindo para ficar, mas não por enquanto.
Com a continuidade das reclamações, a empresa anunciou ontem que está fazendo uma pausa temporária nos testes que incluem o feed em tela cheia e a recomendação de perfis que os usuários não seguem. De acordo com um porta-voz do Meta, essas novas funcionalidades serão interrompidas ou reduzidas. Não há uma previsão de quando esses testes voltam a ser implementados.
"Com base no que descobrimos com as respostas da comunidade, vamos pausar o teste de tela cheia no Instagram, para podermos explorar outras opções, e estamos diminuindo temporariamente o número de recomendações que vemos no feed, para que possamos melhorar a qualidade da experiência", disse o porta-voz ao site The Hollywood Reporter.
"Nós reconhecemos que as mudanças no aplicativo podem ser um ajuste, e enquanto acreditamos que o Instagram precisa evoluir junto ao mundo, queremos ter certeza que estamos fazendo isso da forma correta."
Insatisfação dos usuários pode prejudicar Instagram?
Mesmo assim, a plataforma deve seguir com a tendência de explorar os vídeos, pois é o que está em alta no mercado graças a popularização do TikTok, pensa Ju Fraccaroli. Ela lembra que, no passado, o grupo Meta implementou os stories em suas redes sociais - Facebook, Instagram e WhatsApp - para bater de frente com o Snapchat, aplicativo que fazia sucesso na época.
Apesar da resistência inicial ao uso dos stories, os usuários do Instagram se adaptaram à ferramenta. O mesmo pode acontecer com as novidades que estão sendo implementadas atualmente.
Mas ela destaca que, desta vez, o contrário também pode ocorrer e ressalta que seguir a tendência de mercado pode prejudicar uma empresa que não se atenta aos pedidos dos clientes, ainda que em pequena escala.
"Se uma Kylie Jenner sai do Instagram e vai para o Be Real, por exemplo, que é uma rede social nova, quantos usuários vão atrás dela? Basta uma pessoa grande se movimentar que o Instagram pode se prejudicar", aponta a especialista.
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