UcconX pagou Millie Bobby Brown e doou 90 mil ingressos, diz organizador
O festival de cultura pop UcconX, realizado entre os dias 27 e 31 de julho em São Paulo, foi alvo de críticas nas redes sociais. Os estandes vazios, o cancelamento da participação da atriz Millie Bobby Brown e as dívidas com ex-funcionários da organização foram temas discutidos pelo público.
Splash esteve no evento ontem e conversou com Leo De Biase, sócio fundador da BBL, organizador e produtor da UcconX. O empresário rebateu as críticas e contou detalhes da realização do evento.
"A BBL comprou a propriedade UcconX: o nome, a marca e o contrato que tinha com o Anhembi. A gente não comprou a empresa, compramos um formato. Tanto é que a parte dos passivos que a empresa tinha a gente descobriu depois e foi uma infelicidade", afirmou.
Ele explica que a ideia inicial era realizar o evento antes da pandemia da covid-19. Porém, os sócios que administravam a empresa anteriormente sofreram com o impacto da quarentena.
"Começamos as negociações com eles no final de 2021, fechamos a parte contratual em novembro. Mas começamos a operar mesmo final de janeiro, início de fevereiro", lembrou Leo.
Segundo o empresário, toda a montagem foi realizada em apenas seis meses. Ele afirma que a organização enfrentou uma "quarta-feira caótica" por conta dos comentários e dos registros mostrando um pequeno público no local.
"Foram 90 mil ingressos distribuídos gratuitamente. É óbvio que a gente sabe que não vem todo mundo, mas demos. Temos que testar para ver como as coisas se encaixam. Muita gente ou pouca gente, tudo é aprendizado."
O festival também faturou com ingressos pagos, negociados por R$ 300 (inteira) e R$ 150 (meia-entrada). Para experiências com os artistas, os fãs também pagaram entradas de R$ 750 a R$ 5 mil.
A pulseira, usada como entrada no Complexo do Anhembi, precisa ser recarregada para que o público possa consumir itens no evento.
Ausência de Millie Bobby Brown
O organizador afirma o cachê da protagonista de "Stranger Things" foi pago com meses de antecedência, assim como foi feito com Rupert Grint, de "Harry Potter". Ele diz que soube do cancelamento da atriz ontem, momentos antes da confirmação ao público.
"O empresário da atriz já estava com o dinheiro. Quando cancelaram, ele falou que ajudaria a gente. Ele já estava negociando antes porque queria trazer outros talentos. A gente deu o total em dinheiro e ele foi organizando. Ele apresentava os nomes para ver se interessava", contou.
Em comunicado, o Ucconx informou na quarta-feira (27) que Millie Bobby Brown e George Takei não participariam após testarem positivo para a covid-19. Horas depois, a organização voltou atrás e deu novas explicações sobre as ausências.
"Foi um problema de comunicação entre as equipes. Chegou primeiro para a gente que tinham sido problemas pessoais, depois profissionais. Ela teria ido fazer um teste. Saiu aquilo. Revertemos, pois queremos ser transparentes com todo mundo."
Ian Somerhalder, astro de "Diários do Vampiro", chegou ao Brasil na manhã de ontem e conversou com fãs durante o segundo dia do festival. Leo afirma que o ator trabalha com o mesmo empresário que Millie.
"Ele (Ian Somerhalder) foi super ágil, pirou com a energia do Brasil. Queria voltar desde 2016. A gente já queria mais talentos, não era só uma questão de substituir a Millie. Queríamos trazer mais gente, mas o tempo foi ficando curto para negociar", destacou.
O ator Dacre Montgomery, também de "Stranger Things", está confirmado no evento para o próximo fim de semana (dias 30 e 31 de julho).
Dívidas de gestão anterior
Splash conversou ontem com seis ex-funcionários do UcconX. Eles alegam atraso de três a seis meses de salário após prestarem serviços para a empresa, além de rompimento de contratos sem acordo prévio.
"A gente se solidariza sempre quando tem algum problema com a gestão antiga. Mas não tem como entrar nessa seara, são empresas diferentes. É uma pena porque isso reflete", analisou Leo De Biase.
"É óbvio que quando veio o assunto Millie, todo mundo começou a buscar coisas de UcconX. E aí tiveram vozes amplificadas. A gente não deseja mal a ninguém, mas é muito duro porque uma voz daquele jeito realmente danifica toda uma estratégia e um trabalho de quem está fazendo algo honesto. Não temos nada a ver com isso", completou.
A assessoria de imprensa do evento informou a Splash que a BBL tentou intermediar acordos financeiros entre ex-colaboradores e os antigos sócios, mas nunca assumiu a responsabilidade pelas dívidas.
'Totalmente diferente do Fyre Festival'
Os ex-funcionários entrevistados por Splash compararam o trabalho na empresa ao caso "Fyre Festival", festival de alto padrão promovido por celebridades nas Bahamas, em 2017. Após venderem pacotes por até US$ 100 mil, os organizadores não entregaram o prometido no evento.
"É totalmente diferente. Lá eles venderam uma ideia, deram um monte de dinheiro para o marketing, e não entregaram. A gente fez o contrário. Eu preferi entregar do que fazer um monte de marketing. Não deu tempo de fazer um ciclo inteiro de divulgação da marca", argumentou.
O organizador conta que o principal objetivo é entregar entretenimento ao público. "A gente quer que as pessoas realmente participem de tudo. É muito mais do que vender estandes, e sim criar essa experiência".
Impacto até o domingo
Leo De Biase aponta que não esperava um grande público para os primeiros dois dias do festival. Segundo ele, o aumento da procura entre sexta-feira, sábado e domingo era previso pelos organizadores.
"Esperamos até quatro vezes mais público do que veio agora na quarta-feira e na quinta. O pavilhão é muito grande e o tempo foi curto de venda, negociação, tudo. Tem alguns espaços vazios, mas faz parte."
O organizador destacou ser apenas a primeira edição do evento, trazendo aprendizados em relação ao planejamento. "Estamos muito felizes com os resultados. Tem muito aprendizado e muita coisa para melhorar".
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