Desfecho de festivais que causaram frustrações em fãs
Apelidada de "Fyre Festival Geek" nas redes sociais, a UcconX pode até ser o exemplo mais recente de um evento de grande porte que ficou marcado por certa frustração. Enquanto ex-funcionários afirmam ter passado alguns meses sem salário e fãs que compraram ingressos para ver Millie Bobby Brown ou George Takei não viram a presença de seus ídolos.
"Quem realmente foi aproveitar o festival, sem estar influenciado pela tentativa de manchar a imagem do evento, vivenciou as inúmeras experiências oferecidas pelo UcconX e teve a oportunidade de encontrar ídolos nacionais e internacionais, assistir aos principais torneios gamers, andar de skate com o "Mineirinho" Sandro Dias, presenciar batalhas de robôs e apresentações de robôs gigantes, entre outras experiências", disse a UcconX sobre o festival da última semana.
Segundo dados da organização, a feira recebeu 50 mil visitantes e todos eles foram informados sobre o cancelamento de Brown e Takei no dia em que souberam que eles não viriam. A empresa ainda informou que todas as providências estão sendo tomadas para ressarcir os clientes que se sentiram lesados.
Mas se por aqui a situação foi contornada, ao redor do mundo, outros festivais tiveram desfechos bem diferentes e piores do que o da UcconX.
De paz e amor a violência e morte
O infame Woodstock 99, festival que celebraria os 30 anos da edição original, ficou marcado por incêndios, estupros, agressões e mortes.
Realizado em um distrito de Nova York, o festival que agora se torna um documentário da Netflix tinha uma estrutura precária que ocasionou desastres sem fim. Não havia banheiros ou bebedouros suficientes, e estes foram rapidamente inutilizados. Água e alimentos eram vendidos a preços altos, e a distância de um palco a outro chegava a 2 km. Além disso, era um final de semana temperaturas próximas aos 40°C, e o local não tinha abrigos com sombra.
O desconforto, o calor, o perigo e a falta de praticidade acabaram sendo pontos de partida para revoltas que fizeram mais de mil pessoas precisarem de atendimento médico e geraram até uma morte.
A confusão teria começado durante um show da banda Limp Bizkit, quando as pessoas começaram a quebrar canos para desviar cursos de água e conseguir se hidratar. Depois, houve relatos de quatro estupros coletivos ocorridos no meio da multidão.
A confusão não parou por aí. Entre focos de incêndio gerados durante o show do Red Hot Chili Peppers e mais uma série de destruições no show do Rage Against the Machine, a outra grande tragédia foi a morte de um rapaz de 24 anos, David DeRosia, durante a apresentação do Metallica. Ele passou mal devido ao calor e foi levado a um hospital, mas acabou morrendo dois dias depois por consequência de hipertermia.
A mãe de David moveu um processo contra o Woodstock 99 e seis médicos que estavam trabalhando no evento. O processo alegava que a organização, do cofundador Michael Lang e do produtor John Scher, foi negligente ao não fornecer água limpa e fresca e atendimento adequado para cerca de 400 mil pessoas que estavam presentes.
Na época, a MTV noticiou que dezenas de atendentes procuraram advogados e moveram uma ação coletiva pedindo à Justiça indenização pelas "falsas promessas e falha ao fornecer um ambiente seguro". Mesmo assim, nunca houve uma resolução do caso.
Mesmo com marca do Woodstock comprometida, houve uma tentativa de revivê-la em 2015, para os 50 anos da primeira edição. No entanto, a comemoração foi cancelada após os fundadores perderem patrocínio, artistas e até o local onde o evento aconteceria.
O fundador do Fyre Festival
Depois de ser exposto por fraude e condenado a seis anos de prisão, em 2018, Billy McFarland, fundador do Fyre Festival, foi liberado da cadeia em condicional em maio deste ano. Segundo informações da revista Billboard, ele passou a viver em uma casa de reintegração social.
A sentença foi dada após duas acusações federais de fraude, em março ainda de 2018.
Cerca de 80 investidores perderam mais de US$ 24 milhões por terem financiado o evento que foi cancelado na véspera e deixou os participantes em uma ilha remota sem condições seguras de abrigo ou com fornecimento adequado de água e comida.
O longo histórico de eventos no Brasil
"Glee", "The Vampire Diaries", "Pretty Little Liars" e a saga "Harry Potter" já foram alvos de eventos no Brasil que nunca aconteceram — ou que aconteceram sem cumprir as muitas promessas feitas — desde 2013.
Na época, a empresa RTA Global anunciou uma série de eventos que reuniriam os fãs das sagas de fantasia mais badaladas do momento, com a promessa de que membros dos elencos estariam presentes e disponíveis para fotos e autógrafos mediante a compra dos pacotes.
Mesmo sem confirmar a vinda de atores ao Brasil, os eventos (Gleek Convention, Hogwarts Convention, World of Series e Bloodlines Convention) anunciaram datas e chegaram a colocar os ingressos e pacotes a venda sob valores que chegavam até a R$ 1500.
Os cancelamentos ocorriam aos poucos. Primeiro, datas começaram a ser alteradas até que, eventualmente, os fãs que haviam comprado ingresso e fotos começaram a entender que as convenções não iriam acontecer.
Ao pedir o reembolso, fãs sofreram para conseguir o dinheiro de volta — e alguns nunca chegaram a receber. Das muitas convenções prometidas, a única que saiu do papel foi a Bloodlines. Mesmo assim, muitas pessoas que haviam comprado fotos não conseguiram encontrar com seus ídolos ou receber a impressão da imagem. Segundo reportagem publicada pela revista Veja em 2014, houve revolta e a polícia foi acionada por aqueles que queriam reembolso.
No site de consultas a informações jurídicas JusBrasil constam 130 processos que envolvem a empresa RTA Global Propaganda e Marketing LTDA. No ReclameAqui, são 78 reclamações jamais respondidas.
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