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Jô Soares deu um 'sacode' na televisão brasileira, diz Zeca Camargo

Colaboração para o UOL

05/08/2022 09h13Atualizada em 05/08/2022 10h15

O humorista e escritor Jô Soares, que morreu na madrugada de hoje, causou uma revolução na televisão brasileira. A avaliação é do apresentador Zeca Camargo, em entrevista ao UOL News.

"Ele é o cara que, realmente, deu um 'sacode' na televisão com ousadia. Era impensável, ninguém fazia 'talk show'. Quem fez a cabeça do brasileiro se acostumar com talk show foi Jô Soares", disse o jornalista, se referindo ao tradicional formato de entrevistas popular nos Estados Unidos.

Jô Soares estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o dia 28 de julho. A morte foi confirmada por sua ex-mulher Flávia Pedras nas redes sociais.

"Ele [Jô Soares] colocou a 'barra' tão alta, que todo mundo que vem depois tem um pequeno desafio, uma montanha para escalar, para sequer chegar no mesmo patamar dele", acrescentou Camargo.

A jornalista Mara Luquet foi ao "Programa do Jô", na TV Globo, algumas vezes. Ela chegou a participar do quadro "Meninas do Jô". "Passar por aquele sofá, aquele programa, era algo para colocar no currículo. Eu já era jornalista há 'trocentos' anos, mas várias pessoas, depois que eu fui ao programa, me encontraram na rua e falaram: 'você não esteve no Jô?' Era um programa que marcava".

Famosos lamentam morte

Diversos famosos, como a apresentadora Ana Maria Braga, também usaram as redes sociais para prestar um tributo ao amigo. No Instagram ela disse: "Hoje o dia amanheceu mais sem graça. Vá em paz".

Jô Soares quis ser diplomata

José Eugênio Soares nasceu no dia 1 de janeiro de 1938, no Rio de Janeiro. Filho do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e de Mercedes Leal Soares, com apenas 12 anos ele se mudou com a família para a Europa, onde pensou em seguir a carreira diplomática.

Estudou em colégios renomados como o Colégio de São Bento, no Rio, Colégio São José, em Petrópolis, e no Lycée Jaccard, em Lausana, na Suíça, mas seu amor pelo teatro falou mais alto.

No ano de 1956, Jô fez sua estreia na televisão no elenco da "Praça da Alegria", na Record TV, onde ficou por aproximadamente 10 anos. Em 1965 ele protagonizou a única novela da sua carreira, a "Ceará contra 007" (Record TV), a comédia de maior audiência no Brasil na época. Jô também atuou em humorísticos como "Noites Cariocas" e "Família Trapo".

Seu primeiro humorístico da TV Globo aconteceu apenas em 1971, com o "Faça Humor, Não Faça Guerra", que virou um marco com piadas curtas e cortes secos. Jô Soares interpretava, entre outros, o Bêbado, o professor Gengir Khan, o Irmão Thomas, Manchetão e, um dos seus maiores sucessos, a espevitada Norminha, uma jovem cantora hippie.

Humorista, ator, diretor e escritor, Jô começou sua carreira como apresentador no SBT com o programa "Jô Soares Onze e Meia", que foi ao ar entre os anos 1988 e 1999.

Em 2000, ele retornou à Globo como apresentador do icônico "Programa do Jô", que ficou no ar até 2016.