Brad Pitt: como mascote de restaurante se tornou estrela de Hollywood?
Em 1991, quando ganhou destaque através do longa "Thelma & Louise", Brad Pitt concedeu uma entrevista em que foi questionado sobre a "carreira modelo" de jovens atores. O repórter afirmou que, para um iniciante como ele, era imprescindível começar devagar na televisão e, posteriormente, alçar voos nos cinemas. Aos 28 anos, o protagonista de "Trem-Bala" se limitou a dizer: "Imprescindível?" — desde aquela época, ele parecia saber que seu nome entraria para a história de Hollywood por caminhos incomuns.
Mas como, de fato, ele se tornou um astro do cinema?
O início
William Bradley "Brad" Pitt nasceu em 18 de dezembro de 1963, filho de Jane Etta Pitt, orientadora escolar, e William Alvin Pitt, gerente de uma empresa de caminhões. Membro de uma família tradicional, Brad cresceu em Springfield, Missouri, e estudou na Kickapoo High School. Por lá, era conhecido por causar pequenos problemas — embora, na maioria das vezes, conseguisse escapar das encrencas nas quais se metia.
Após concluir o ensino médio, ele ingressou na University of Missouri, na graduação de Jornalismo com ênfase em Publicidade. Em uma entrevista ao In Touch Weekly, Thomas Whelihan, que estudou com Pitt e foi membro da Fraternidade Sigma Chi, da qual o astro também fazia parte, contou histórias curiosas sobre o colega no tempo de faculdade.
Segundo Whelihan, Brad integrou um grupo de strippers chamado The Dancing Bares, composto por ele e outros rapazes. Chamando atenção com seu jeito extrovertido, o estudante divertia muitas garotas com suas performances:
"Quando alguma menina de uma das irmandades parceiras completava 21 anos, os Bares a colocavam em uma cadeira e saíam nus, com fronhas na cabeça, e faziam uma dança para ela. Elas gargalhavam, era ótimo!", contou Whelihan.
Frangos e strippers
Brad Pitt acabou não concluindo os estudos, e deixou a University of Missouri quando apenas um trabalho acadêmico era o suficiente para que ele se formasse. Faltando dois créditos para encerrar a graduação, ele teve uma epifania e resolveu correr atrás do sonho de atuar:
"Chegou a hora da formatura e todo mundo... todos os meus amigos estavam se comprometendo com empregos, e eu percebi que ainda não estava pronto para isso. Arrumei meu carro, não me graduei. Faltavam duas semanas e, então, decidi me mudar para Los Angeles", contou Pitt, durante sua participação no talk show "Fresh Air with Terry Gross".
Decidido a transformar sua vida e recém-chegado em L.A., o aspirante a ator precisava ganhar dinheiro de alguma forma, ao menos para bancar sua parte no aluguel do apartamento que dividia com mais oito pessoas. Para isso, ele exerceu as mais diversas - e inusitadas - funções.
Um artigo do Los Angeles Times de 1995, afirma que o ator já foi motorista de uma limusine que transportava strippers e chegou a vestir-se como uma galinha, mascote da rede de fast-food El Pollo Loco, em troca de alguns poucos dólares. Brad Pitt já comentou sobre o seu passado em diversas entrevistas, e revelou como os seus empregos foram cruciais para que o primeiro passo de sua carreira acontecesse:
"Na última noite que conduzi a limusine, uma das novas strippers me contou sobre uma aula de interpretação a qual seu amigo Charlie Sheen frequentava. Pensei: 'Se é bom o suficiente para Charlie, é bom o suficiente para mim'", disse ele à Paper Magazine.
As aulas em questão eram ministradas por Roy London, um coach de atuação bastante conhecido em Nova Iorque. A maneira que Roy ensinava seus alunos era inovadora, e se diferenciava do "método" pregado pela Actors Studio, uma das maiores escolas de atores dos Estados Unidos. Ao Backstage, Brad Pitt reconheceu o incentivo do professor, falecido em 1993:
"Dou a ele todo o crédito por me ter guiado nessa direção. Estudei com ele durante três anos, eu acho, e depois comecei a ter algum trabalho. Posteriormente, trabalhei com ele em projetos individuais. Ele adorava cinema e adorava contar histórias. Ele amava as pessoas e olhava para que cada indivíduo, e percebia o potencial de cada um".
Ridley Scott e Geena Davis como 'padrinhos'
Em 1990, Brad Pitt já havia atuado em alguns programas de televisão, como "Dallas" (1987) e "Anjos da Lei" (1988). Seu primeiro papel principal em um longa-metragem aconteceu em "O Príncipe das Sombras" (1988), lançado diretamente nas locadoras.
Porém, mesmo vivendo o protagonista de um filme, sua carreira deslanchou no cinema em "Thelma & Louise". Os testes para o cowboy trapaceiro JD foram bastante concorridos, e nomes como Mark Ruffalo e George Clooney estiveram na disputa. Robert Downey Jr. chegou a ingressar no projeto, porém, ao perceber que o ator era mais baixo que Geena Davis, o diretor Ridley Scott desistiu da escalação.
As filmagens já haviam começado quando Pitt foi finalmente escolhido - e Davis, sua parceira de cena, teve uma participação importante para isso acontecer:
"Ela disse: 'O loiro ali? Olha", contou ele ao jornal Daily Mail, relembrando o incentivo da atriz durante seus testes para o filme.
Brad Pitt teve apenas 15 minutos de tela, e recebeu um cachê baixíssimo para atuar no longa: 6 mil dólares. Ainda assim, JD foi um divisor de águas em sua ascensão em Hollywood.
Premiações e consagração
Desde então, Brad Pitt não parou mais. Seu papel na produção de Ridley Scott abriu portas para grandes oportunidades, como sua participação em "Nada é para Sempre" (1992), que fez com que a indústria passasse a reconhecê-lo não apenas como um galã, mas sim como um ator multifacetado.
Entrevista com o "Vampiro" (1994) e "Lendas da Paixão" (1994) o conduziram aos papéis nos aclamados Seven: "Os Sete Crimes Capitais" (1995) e "Os 12 Macacos" (1995). O último, lhe rendeu um Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante e uma indicação ao Oscar.
Contudo, a estatueta da Academia em uma categoria de atuação veio muitos anos depois, em "Era Uma Vez Em? Hollywood" (2019), que marca sua segunda parceria com o diretor Quentin Tarantino - a primeira, aconteceu em "Bastardos Inglórios" (2009).
Atualmente, além de seguir na carreira de ator, Brad Pitt atua como produtor, e se mantém envolvido com trabalhos incrivelmente bem-sucedidos.
Sua empreitada mais recente é o longa "Trem-Bala", no qual vive o assassino de aluguel Joaninha (Ladybug). Com 58 anos de vida e uma carreira mais do que consolidada, Pitt entrega um de seus trabalhos mais honestos, despretensiosos e leves, além de realizar quase todas as cenas de ação sem o auxílio de dublês.
No filme, apesar de ganhar a vida de maneira condenável, Joaninha é um cara azarado e quase zen, que tenta concluir seus objetivos da forma mais pacífica possível. Contudo, ao ser recrutado para um novo trabalho, ele percebe que as coisas saíram do controle: a última missão de Joaninha o coloca em rota direta de colisão com adversários letais, vindos de todas as partes do globo.
Trem-Bala é dirigido por David Leitch, de "Deadpool 2", e ainda conta com a presença de Joey King, Aaron Taylor-Johnson, Brian Tyree Henry, Andrew Koji, Hiroyuki Sanada, Michael Shannon e Bad Bunny no elenco.
O filme chegou aos cinemas do Brasil na última quinta-feira (4) — garanta o seu ingresso para o longa por meio do nosso site ou app.
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