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Giulia Gam deixou TV para tratar depressão: 'Saudade daquela adrenalina'

Giulia Gam diz que está feliz por poder cuidar da saúde mental e por ver a trajetória artística do filho  - Reprodução/Instagram
Giulia Gam diz que está feliz por poder cuidar da saúde mental e por ver a trajetória artística do filho Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, no Rio

09/08/2022 04h00

Heloísa em "Mulheres Apaixonadas" (2003), Diva em "A Favorita" (2008) e Bruna em "Ti Ti Ti" (2010), Giulia Gam passou quase trinta anos acumulando sucessivos papéis em novelas e séries da TV Globo até uma pausa forçada. Após o trabalho em "Boogie Oogie" (2014), a atriz foi diagnosticada com depressão e se afastou para cuidar da saúde mental.

"Eu realmente tive uma depressão. Nessas horas, a gente tem que pedir ajuda médica. Muitas vezes, a gente não percebe que está tendo uma depressão porque ela se manifesta diferentemente para cada pessoa, mas você tem que procurar um terapeuta, um psiquiatra e superar. A cabeça e a alma da gente são muito complexas e sensíveis", diz Giulia Gam, em entrevista a Splash.

Natural de Perúgia, na Itália, Giulia cresceu em São Paulo e começou a atuar ainda na adolescência em uma companhia de teatro. Chegou à TV em 1986 para viver a protagonista de "Mandala" na primeira fase da trama.

Em entrevista a Splash, ela relembra com carinho das personagens que já interpretou. E ainda diz que Heloísa, da novela "Mulheres Apaixonadas", foi a que mais marcou sua carreira. Na trama, dava vida a uma mulher obsessiva e muito ciumenta que precisava frequentar o Mada (Mulheres que Amam Demais Anônimas).

"Muitas personagens foram marcantes. Tive a chance de escolher projetos bacanas para interpretar. Marcante para o público, com certeza, foi a Heloísa de 'Mulheres Apaixonadas', que bateu fundo nas mulheres... Elas viram que aquilo é uma doença tratável. Sempre vieram falar comigo não só admirando a atriz, mas agradecidas por esse tema ter sido tocado."

Ah, eu gostei muito das novelas que fiz e tenho saudades daquela adrenalina. Se um projeto é bacana, seja ele na televisão ou no teatro, não importa a linguagem.

Bem e feliz

Hoje, aos 55, a atriz leva uma vida confortável no Rio de Janeiro, onde mantém os cuidados com a saúde e faz questão de compartilhar bons momentos com amigos, como mostra em seu perfil no Instagram, longe da agitação dos sets das novelas.

"Estou muito feliz porque estou me sentindo bem, estou com o coração em paz e desfrutando desse momento. Poder cuidar da minha saúde, fazer os meus exercícios, encontrar os meus amigos... Tenho recebido propostas de trabalhos, então, logo logo, eu apareço por aí", adianta a atriz sem revelar detalhes.

Outro motivo que deixa Giulia feliz é a trajetória do filho, Theo, fruto do casamento com o ex-marido, Pedro Bial. O jovem de 24 anos lançou recentemente seu primeiro álbum, "Vertigem".

"Ele encontrou a paixão dele na música. E é tão dificil a gente encontrar uma paixão. Ele está sendo muito bem recebido, a música dele está sendo muito bem recebida. Isso é muito prazeroso, é muito gratificante", diz.

Ela conta que sempre estimulou que o filho se interessasse pela arte. "Eu tentei estimulá-lo a ouvir todo tipo de música, assim como ler livros, assistir a filmes, ir a exposições. Ele até entrou em Filosofia porque queria escrever melhor seus textos e músicas. Ele está trilhando o caminho dele e tomara que ele faça uma bela jornada", completa.

Reprise de "A Favorita"

Giulia está no ar graças a reprise de "A Favorita", novela escrita por João Emanuel Carneiro e exibida originalmente em 2008. Sua personagem, Diva, entrou na história como uma detenta que faria apenas uma participação.

"A Diva foi uma surpresa porque ela trocaria de lugar com a Donatela (Claudia Raia) e morreria na prisão. Depois, conversando com o João Emanuel, e o Ricardo Waddington, o autor achou que era interessante manter a personagem. E eu disse: 'bom, ela vai ser o que, então?' E eu me surpreendi quando o João Emanuel inventou que ela era uma traficante de armas", lembra.

O destino da personagem foi uma agradável surpresa para a atriz, que seguiu na trama até o final, e o público, "que a aceitou super bem", recorda Giulia. Hoje, ela se alegra de poder revê-la.

"O legal de rever a novela depois de tanto tempo é que a gente não só lembra do personagem, mas lembra da situação toda no entorno: as conversas, as esperas, as reações que o público tinha ou não. É um pouco estranho, mas é muito bom assistir. Gosto muito", pensa.

Últimos projetos

Apesar de estar longe das novelas desde 2014, não significa que Giulia abandonou a arte. Pelo contrário, nesses oito anos, ela participou de produções teatrais e cinematográficas.

"Eu fiz cinema, (o filme) 'O Auto da Boa Mentira', que a gente filmou no Uruguai. Eu fiz uma remontagem de uma peça que fez muito sucesso com a Monique Gardenberg, que é 'Os Sete Afluentes do Rio Ota', uma peça linda, um marco mesmo. E fiz um filme durante a pandemia, que se chamava "Quarteirão 666" (ainda em pós-produção). E depois da pandemia, não fiz nada. Eu assisti as peças e as lives das pessoas", diz.

Pouco antes do início da pandemia da covid- 19 no Brasil, em março de 2020, Giulia se preparava para gravar uma nova série do Globoplay e retornar à TV, mas a produção foi interrompida pelo avanço da doença no país e, agora, cancelada definitivamente.

"Antes da pandemia, a gente ia gravar uma série muito interessante, mas eu soube agora que ela foi cancelada, o Mal Secreto era o nome dela", detalha.