Autor Salman Rushdie é esfaqueado no pescoço antes de palestra nos EUA
Salman Rushdie, 75, autor anglo-indiano que foi ameaçado de morte no Irã na década de 80 devido a suas publicações, foi atacado hoje quando estava prestes a dar uma palestra no oeste de Nova York. De acordo com a Associated Press, ele levou de 10 a 15 facadas.
Segundo relatos de testemunhas que estavam no local ao New York Times, um homem invadiu o palco da instituição onde Salman palestraria e começar a socá-lo e esfaqueá-lo, no momento em que o autor era apresentado, segundo a BBC.
David Graves, 78, que estava sentado no meio do anfiteatro, disse que Rushdie ainda estava sentado quando o agressor chegou ao palco e se lançou contra ele. "As coisas se desenrolaram em segundos", disse.
Rita Landman, médica que estava presente no local e auxiliou nos primeiros socorros ao escritor, contou ao New York Times que ele tinha várias facadas, "incluindo uma no lado direito do pescoço, e que havia uma piscina de sangue sob seu corpo".
Ela reforçou, contudo, que ele parecia estar vivo e que as pessoas afirmavam que ele ainda "estava com pulso".
Um porta-voz da polícia disse em comunicado que Salman sofreu um pequeno ferimento na cabeça e que ainda não há informações sobre o estado de saúde dele. Ainda de acordo com as autoridades, o suspeito dos ataques ainda esfaqueou o entrevistador do evento.
"Rushdie sofreu uma aparente facada no pescoço e foi transportado de helicóptero para um hospital da região", disse o comunicado da polícia de Nova York à imprensa, divulgado pela Fox News.
"A condição dele ainda não é conhecida. O entrevistador sofreu um pequeno ferimento na cabeça. Um policial estadual designado para o evento imediatamente levou o suspeito sob custódia. O Gabinete do Xerife do Condado de Chautauqua prestou assistência no local", finaliza a nota.
Segundo o agente de Rushdie, ele passou por uma cirurgia na tarde de hoje, mas ainda não há mais informações sobre seu estado de saúde.
Ameaças
Salman participava de uma discussão sobre os Estados Unidos como asilo para escritores e outros artistas no exílio e como um lar para a liberdade de expressão criativa.
O livro "Versos Satânicos" do autor foi proibido no Irã desde 1988, pois muitos muçulmanos o consideram uma blasfêmia.
Um ano depois, o falecido líder do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini pediu a morte de Salman, com uma recompensa sendo oferecida por sua cabeça.
De acordo com a Fox News, o governo do Irã já se distanciou do decreto de Khomeini, mas o sentimento anti-Rushdie permaneceu no país.
Em 2012, a recompensa por sua morte foi aumentada de R$ 10,80 milhões para R$ 16,80 milhões (na conversão atual) por uma fundação religiosa iraniana semi-oficial
O escritor Ayad Akhtar, amigo da vítima, disse ao Times que Rushdie nunca levou segurança aos eventos em que esteve.
Akhtar, o atual presidente da PEN America, organização sem fins lucrativos que defende a liberdade de expressão na literatura nos EUA, disse que ele e Rushdie nunca discutiram as ameaças que o romancista enfrentou por causa de seu livro, mas que ele parecia perfeitamente confortável no mundo.
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