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OPINIÃO

'Trem-Bala', com Brad Pitt, é o exato oposto da música de Ana Vilela

Brad Pitt é um dos protagonistas de "Trem-Bala" - Reprodução
Brad Pitt é um dos protagonistas de "Trem-Bala" Imagem: Reprodução

De Splash, em São Paulo

12/08/2022 04h00

Quem for ao cinema esperando assistir à história de alguém que "segura o filho no colo, sorri e abraça seus pais enquanto estão aqui" pode se frustrar se for aos cinemas nos próximos dias. "Trem-Bala", filme com Brad Pitt que chegou aos cinemas na semana passada, não poderia ser mais diferente do que a música homônima da cantora Ana Vilela — e isso é bom.

Enquanto a canção da artista é uma balada lenta e reflexiva sobre o sentido e as coisas boas da vida, o longa de David Leitcher é um filme de ação de ritmo frenético em que as coisas fazerem sentido não é exatamente uma grande preocupação. O diretor é o mesmo do irreverente "Deadpool", o que já dá uma ideia do que pode se esperar.

"Trem-Bala" é um sucesso fonográfico gigantesco, com dezenas e dezenas de milhões de reproduções nas plataformas digitais. Apenas no Spotify, são 60 milhões no original e outras 34 milhões na versão acústica da música. Ou seja, muita gente já ouviu e se emocionou com o alerta de que a "vida é trem-bala parceiro e a gente é só passageiro prestes a partir".

Por isso mesmo, o anúncio do novo filme provocou um pequeno alvoroço nas redes, com fãs marcando a cantora Ana Vilela em publicações de divulgação do filme. Rápida no gatilho, a Sony Pictures Brasil fez uma versão especial do trailer unindo os dois "trem-balas", usando a ironia para brincar com a oposição entre as duas coisas.

Felizmente, o "Trem-Bala" dos cinemas escolhe um tom mais apropriado para um filme de ação, do tipo que vale bastante uma ida ao cinema em uma tarde de domingo. O filme é rápido, divertido e frenético, perfeito para quem está acostumado com a agilidade das redes sociais e não está a fim de esperar muito tempo para que a narrativa tenha alguma novidade.

'Sorria e abraça seus pais enquanto estão aqui'

O lançamento de um filme com o mesmo nome está longe de ser a primeira vez que se brinca com a música "Trem-Bala" nas redes sociais. Para chegar aos números que chegou, a canção foi reproduzida à exaustão, o que a deixou até um tanto saturada. Os remixes para a reprodução em festas, por exemplo, definitivamente não eram necessários.

Não é por isso, no entanto, que não exista muito o que aprender com a faixa cantada por Ana Vilela. Aproveitar as coisas boas da vida, acreditar em uma vida melhor e não viver em função da ambição desenfreada são sempre lições importantes.

Por sinal, aí voltando ao filme com Brad Pitt, são algumas reflexões que os personagens de "Trem-Bala" poderiam certamente aproveitar. Sorte nossa que não aproveitam, uma vez que é o fato de serem tão descompensados que deixa tudo ainda mais interessante.

Trem-Bala, o filme

Dirigido por David Leitcher, "Trem-Bala" conta a história de Joaninha (Brad Pitt), um assassino de aluguel convocado de última hora para uma missão em um trem-bala no Japão.

Lá, deveria roubar uma mala com uma pequena fortuna. O que ele não sabia é que ele era apenas um de cinco profissionais do crime embarcados no veículo, cada um com uma missão diferente.

"Como a ação se passa no Japão, adicione à mistura uma dose nada sutil de honra, tradição e família. É como se Wolverine fosse interpretado por Jackie Chan em um filme dos Trapalhões", adiciona Roberto Sadovski, em coluna para Splash.

"Funciona que é uma beleza, principalmente pela satisfação estampada no rosto de Brad Pitt. Ele não só entende a piada desde o zero como a vende sem fazer esforço", prossegue Sadovski.