Gilberto Barros é condenado à prisão por praticar e incentivar homofobia
O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o apresentador Gilberto Barros a dois anos de prisão ontem por ter praticado homofobia e incitado a discriminação por orientação sexual.
Num programa em 2020, Gilberto Barros afirmou que "vomita" ao ver "beijo de língua de dois bigode" e acrescentou: "Hoje em dia se quiser fazer na minha frente faz, apanha dois, mas faz".
"Você lembra a hora que eu acordava para trabalhar na Rádio Globo, quando cheguei a São Paulo, em 1984? Tinha que acordar às 2h30 e ainda presenciar, no lugar onde guardava o carro, beijo de língua de dois bigodes. Porque tinha uma boate gay lá na frente", contou Gilberto Barros durante o programa "Amigos do Leão".
E acrescentou: "Não tenho nada contra, mas também vomito, sou gente. Naquela época ainda, imagina. Chegando do interior... Hoje em dia, se quiser fazer [na minha frente], faz, mas apanha os dois".
A juíza responsável pelo caso decidiu substituir os dois anos de prisão por serviços comunitários e uma multa de R$ 3 mil.
A denúncia foi feita pelo jornalista e ativista LGBTQIA+ William de Lucca, que prestou depoimento como testemunha do caso. No Twitter, ele comemorou a decisão: "Hoje é um dia histórico".
Os advogados de defesa de Gilberto Barros argumentaram que as falas do apresentador não causaram risco social à comunidade LGBTQIA+, e que "pelo seu sangue italiano ele costuma falar muito". O apresentador poderá recorrer da condenação em liberdade.
Splash entrou em contato com o advogado de William de Lucca, que divulgou o seguinte comunicado:
Estamos felizes porque esta decisão fortalece a luta contra as intolerâncias dirigidas contra a população LGBT, que muitas vezes aparece de forma velada, como uma brincadeira. Só que os efeitos de comentários pejorativos, como fez Gilberto Barros, repercutem de forma real e muito cruel na vida destas pessoas, gerando dor e sofrimento. Fortalece também a luta pelos direitos humanos, ao tornar concreta a decisão do Supremo Tribunal Federal que equiparou crimes de homofobia e transfobia aos crimes raciais.
A reportagem também tentou contato com a equipe do apresentador Gilberto Barros. O espaço segue aberto.
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